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Circulação do coronavírus é lenta em Americana, apontam especialistas

Especialistas dizem que isolamento e baixa densidade populacional podem ter afetado circulação do vírus na cidade, com 62 casos

Por Marina Zanaki

17 de maio de 2020, às 10h58 • Última atualização em 17 de maio de 2020, às 11h06

A velocidade de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) em Americana está mais lenta do que o esperado. Até este sábado, o número de diagnósticos positivos na cidade somava 62 pacientes, dos quais quatro morreram e ao menos 54 se curaram.

Movimento de pessoas no Calçadão de Americana na véspera do Dia das Mães – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Especialistas ouvidos pelo LIBERAL nesta semana elencaram fatores que podem explicar o comportamento do vírus no município. Dentre eles, densidade populacional baixa, isolamento social e até saneamento básico, já que há indícios de que o vírus circula pelo esgoto. É consenso entre eles que o aumento nas próximas semanas é iminente.

O matemático Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências da Unicamp e autor de um estudo que aponta a obrigatoriedade de lockdown no Estado caso o isolamento não aumente, explicou que a ausência de metrôs e trens, como em São Paulo, e menos prédios do que em cidades como Campinas influenciam a velocidade da disseminação.

“A taxa inicial livre [de expansão do coronavírus] já é menor em Americana. Então, quando você aplica o mesmo isolamento que São Paulo, o efeito em Americana vai ser maior”, afirmou o matemático.

Até este sábado, o número de diagnósticos positivos na cidade somava 62 pacientes – Foto: Editoria de Arte / O Liberal

Na cidade, os índices de isolamento social medidos pelo governo estadual por meio dos celulares têm variado entre 43% e 44% durante os dias úteis, um percentual em queda em relação a semanas anteriores e bem abaixo do mínimo entre 50% e 55% considerado satisfatório pelas autoridades de saúde do Estado.

“Com o isolamento atual, vocês estão em situação até confortável. O problema é que à medida que o número aumenta, pode aumentar a velocidade da expansão da doença”, alertou o matemático da Unicamp.

Professor de microbiologia e imunologia da PUC-Campinas, Thiago Miranda disse que há clara transmissão comunitária em Americana, mas os números estão controlados.

“Faço um alerta pelo fato de a cidade de Campinas estar próxima e os dados indicarem aumento expressivo, começando a ser exponencial. A ocorrência de casos de Americana pode acompanhar com certo atraso Campinas”, afirmou. A metrópole contabilizava ao menos 853 casos confirmados e 36 mortos pela doença neste sábado.

Subnotificação

A Vigilância Epidemiológica de Americana reconhece que o número de casos é uma estimativa, já que são testados só casos graves e profissionais da saúde na cidade.

O número de mortos e de internados pode ajudar a ter uma ideia mais ampla sobre a disseminação no município.

Pedrosa calcula que, para cada morte por coronavírus, existam de 100 a 200 casos positivos. Como a cidade tem quatro mortes, o matemático estima que 500 pessoas tiveram contato com o vírus.

Coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Simone Maciel considera que a mortalidade, até o momento, é baixa na cidade. Ela alerta para uma disparada de internações nas próximas semanas, com o início do frio. “Mais do que nunca, não podemos relaxar as medidas de prevenção. É o que temos hoje para tentar controlar”, defende Simone.

Até a última sexta-feira, quatro pacientes de Americana estavam internados em UTIs, dos quais dois testaram positivo para coronavírus e dois aguardam resultado. Há ainda dois pacientes internados com suspeita – um deles em leito comum.

Arnaldo faz parte do Comitê de Crise criado pela Prefeitura de Americana para enfrentamento à pandemia – Foto: Prefeitura de Americana / Divulgação

O infectologista Arnaldo Gouveia Junior, do comitê de crise criado pelo município, argumenta que há ociosidade de leitos para coronavírus e que isso pode aumentar a mortalidade por outras doenças.

“Estamos com excesso de oferta de leitos pra Covid com baixa ocupação. Para deixar reservado para Covid, deixa-se de operar outras coisas. Hérnia, vesícula, câncer, coração, tudo isso pode virar urgência”, considerou Arnaldo.

O infectologista defende que haja flexibilização parcial, mas ressalva que é difícil saber o nível para que o sistema de saúde consiga suportar. “O pior nem começou, não começamos o surto em Americana”, alertou o médico.

Podcast Além da Capa
Diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), em virtude da determinação de paralisação de atividades econômicas e do isolamento social forçado pela quarentena, o reflexo no mercado de trabalho é um dos principais termômetros para medir os danos. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira conversa com o repórter George Aravanis, que trata do aumento dos pedidos de seguro-desemprego e acompanha os anúncios de suspensões de contrato de trabalho em empresas da RPT (Região do Polo Têxtil).

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