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Americana

Chico Sardelli chega aos 100 dias de governo

Prefeito eleito com 40.014 votos completa marca diante de desafios como a pandemia e a falta d’água

Por André Rossi

10 de abril de 2021, às 09h33 • Última atualização em 10 de abril de 2021, às 15h30

Chico Sardelli completa, neste sábado, 100 dias à frente da prefeitura de Americana - Foto: Ernesto Rodrigues - O Liberal

Eleito como prefeito de Americana com 40.014 votos, Chico Sardelli (PV) completa 100 dias de governo neste sábado (10). Apesar de ter herdado uma administração saudável economicamente do ex-prefeito Omar Najar (MDB), o que não faltam são desafios para o novo chefe do Executivo.

LIBERAL compilou os principais acontecimentos da gestão americanense até então

Área azul

Uma das principais promessas de Chico Sardelli na reta final da campanha eleitoral era retirar a Área Azul do entorno dos hospitais. E foi o que ele fez logo no primeiro dia útil como prefeito.

A reunião com os representantes da Estapar, empresa responsável pelo sistema de estacionamento rotativo da cidade desde janeiro de 2019, integrou a agenda pública do chefe do Executivo. A medida entrou em vigor no dia 12 de janeiro. O objetivo era garantir vaga para os usuários que precisam de atendimento médico nos hospitais. Entretanto, mesmo com a retirada da cobrança, a mudança não surtiu o efeito desejado.

A avaliação é do secretário-adjunto de obras e responsável pela Utransv (Unidade de Transportes e Sistemas Viários) de Americana, Pedro Peol, aliado político de Chico. A constatação veio na mesma semana na qual a alteração entrou em vigor.

Segundo o secretário, as vagas são ocupadas por funcionários dos hospitais e também de comércios vizinhos. Para lidar com a situação, Peol afirmou que está sendo feito um “levantamento” com o objetivo de “regulamentar o estacionamento”. Até agora, nenhuma nova medida foi anunciada.

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Nas redes

Chico Sardelli tem presença diária nas redes sociais. Instagram e Facebook são as plataformas mais usadas, constantemente alimentadas por sua assessoria. Desde que assumiu, foram mais de 90 postagens que, por vezes, mostram o lado mais pessoal do prefeito, como quando ele comemorou o título do Palmeiras na Libertadores ou quando recebeu a visita do neto no gabinete. Nos bastidores, Chico é uma pessoa bem humorada, mas fala sério em entrevistas e não costuma soltar o que ainda não está definido. A postura é oposta à do ex-prefeito Omar Najar, que convocava entrevistas coletivas sobre um tema e acabava revelando detalhes de outros assuntos.

Chico Sardelli tem presença diária nas redes sociais – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

Além das redes sociais de Chico, os perfis oficiais da prefeitura estão investindo mais em conteúdo. Existe um foco na produção de vídeos sobre obras, inaugurações e serviços de utilidade pública. Apesar da presença on-line, o prefeito ainda não se familiarizou com o formato de transmissões ao vivo, recurso que virou “queridinho” de outros prefeitos da região. Nas poucas vezes que fez, foram transmissões curtas para passar alguma informação, sem interação com os munícipes.

Domínio político

Em pouco mais de três meses, Chico não teve nenhuma dificuldade para aprovar projetos na câmara. O presidente da Casa, Thiago Martins (PV), é aliado de longa data. Já o líder de governo, Thiago Brochi (PSDB), tem demonstrado capacidade de preservar o Executivo de desgastes.

Um exemplo foi o indigesto projeto de aumento na contribuição de alíquota patronal dos servidores do Ameriprev. O projeto não foi votado no ano passado e coube a Chico reapresentar. Brochi pediu vista para levar os vereadores até a direção da Ameriprev, onde puderam esclarecer o tema. Depois disso, projeto aprovado por unanimidade.

Na câmara, o único momento de maior polêmica foi na votação do projeto que permitiu o subsídio no transporte público. Chico gravou um vídeo para anunciar que a tarifa ficaria em R$ 4,70 na pandemia, e agradeceu especificamente aos 15 vereadores que votaram favoravelmente. Os quatro vereadores, que não se classificam como “oposição”, cobravam mais clareza da prefeitura sobre o projeto.

Na abertura da sessão, Professora Juliana (PT) disse que se sentiu “desconfortável” por não ter sido chamada para participar de uma reunião entre os vereadores e Chico no dia anterior.

Mais água

Chico conseguiu autorização do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) para captar mais água do Rio Piracicaba. A outorga foi ampliada de 1.050 para 1.300 litros por segundo. O pedido havia sido feito pela administração passada, mas foi reforçado pelo novo prefeito.

O abastecimento de água na cidade é o maior desafio e ainda está longe de ser regularizado. A ampliação da outorga era vista como fundamental para conseguir suprir a demanda municipal. Porém, para fazer uso da maior vazão, era necessário concluir a obra da nova captação de água bruta, iniciada pelo governo Omar. A intervenção foi concluída em março, mas ainda está em fase de testes. No momento, a captação atinge 1.200 litros de água. Porém, outros problemas persistem, como vazamentos.

Para além disso, Chico ainda terá de viabilizar nos próximos anos a troca de quase 500 quilômetros de redes velhas, cerca de 40% de toda a cidade. O problema é fruto de quase 20 anos sem substituição de encanamentos no município.

Somente em 2018, o DAE iniciou um cronograma de troca de tubulações e adutoras. Foram cerca de 30 quilômetros em tubulações novas. Chico manteve o superintendente da autarquia, Carlos Cesar Gimenez Zappia, para dar sequência ao trabalho. As cifras que envolvem o serviço são elevadas, motivo pela qual a autarquia tenta firmar convênios que permitam a realização das obras.

Agiliza obras

Para desafogar uma fila de 2 mil projetos urbanísticos que estavam pendentes de análise na Prefeitura de Americana, o governo de Chico Sardelli criou o “Agiliza Obra”. O programa concede alvará provisório para construções residenciais e de pequenos comércios. Dos 2 mil projetos parados, 400 eram referentes a esses dois segmentos. A lei foi sancionada em março e, pouco mais de um mês depois, 280 projetos já foram liberados.

Outros 120 dependem de correção de detalhes técnicos por parte dos interessados. O alvará é emitido para construções residenciais e também comerciais de até 250 metros quadrados. Dando vazão aos pequenos projetos, a prefeitura espera conseguir atender iniciativas maiores. Já os outros 1,6 mil projetos são da lei de anistia para regularização de imóveis, que teve as análises suspensas em 20 de fevereiro. De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Angelo Marton, a prefeitura prepara edital para contratar uma empresa terceirizada, que será responsável por auxiliar na análise dos projetos.

A medida é necessária por conta da escassez de profissionais. Isso porque uma ação do MP (Ministério Público) resultou na extinção dos cargos de cinco técnicos da secretaria no ano passado. Atualmente, existem apenas quatro técnicos na pasta e quatro fiscais que ajudam em pequenas análises.

Alívio no hospital municipal

O agravamento da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus (Covid-19) levou o sistema de saúde da cidade ao limite. Para lidar com a demanda por atendimento, a prefeitura anunciou em 10 de março que o Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi seria adaptado e teria 60% de seu atendimento dedicado aos pacientes da Covid-19. A ideia era dobrar a quantidade de leitos de UTI, que são aqueles com respiradores, de 15 para 30.

Atualmente, já existem 26 desses leitos, graças ao envio de cinco novos aparelhos pelo Ministério da Saúde no início de abril. A tendência é que o HM supere a meta traçada de 30 respiradores, já que mais 12 novos aparelhos devem chegar nos próximos dias. Eles foram adquiridos com um repasse de R$ 700 mil feito pela câmara, referente ao repasse antecipado do duodécimo.

Fato é que o sistema de UTIs em Americana só não colapsou por conta do HM. Todos os respiradores dos três hospitais particulares estão ocupados desde 17 de março.

A chegada de novos respiradores do Hospital Municipal trouxe alívio ao sistema. Os leitos de enfermaria – sem respiradores – também aumentaram, de 23 para 33. Paralelamente, a prefeitura reforçou o quadro de profissionais por meio de uma empresa terceirizada. A ala Covid conta com nove enfermeiros, 55 técnicos e seis médicos, que atuam em regime de escala nos plantões. O número de profissionais só não é maior por conta da dificuldade de contratação.

Subsídio na tarifa

Até o momento, o valor exato que será pago mensalmente para a empresa em subsídio ainda não foi definido – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Uma das principais lacunas deixadas pela administração passada foi a licitação do transporte público e, por consequência, o valor da passagem de ônibus. O governo Omar Najar bem que tentou, mas não conseguiu concluir a concessão por conta de uma série de percalços judiciais.

Ao assumir, Chico seguiu com o mesmo edital que fora lançado no final de 2020. Sem impedimentos jurídicos, o processo foi concluído no início de março, culminando na vitória da Sancetur, que já operava o transporte de forma emergencial desde novembro de 2018. No entanto, o prefeito se recusou a assinar contrato. O motivo foi o preço ofertado pela empresa para a passagem: R$ 5,40. O edital estipulava R$ 5,65 como teto.

Foram iniciadas negociações na tentativa de achar um meio termo para reduzir o preço. A solução encontrada pelo governo foi reativar o pagamento dos subsídios para a empresa, algo que havia sido extinto no governo Omar. Sem dificuldades, Chico conseguiu aprovar na câmara um projeto de lei que permite aporte financeiro de até R$ 150 mil ao mês.

Até o momento, o valor exato que será pago mensalmente para a empresa em subsídio ainda não foi definido via decreto. Concomitantemente, Chico anunciou o congelamento da tarifa nos atuais R$ 4,70 até o fim da pandemia. Quando a situação sanitária for controlada, o preço deve aumentar. O líder de governo, Thiago Brochi (PSDB), chegou a declarar que a tarifa ficaria em R$ 5, mas o valor nunca foi confirmado pela prefeitura.

Vaivém da vacinação

O dia mais complicado foi em 1º de março – Foto: Ernesto Rodrigues/O Liberal

A forma como o governo de Chico decidiu estruturar a vacinação contra a Covid-19 foi alvo de críticas. Diversas mudanças foram realizadas desde que a imunização para o público idoso começou, em 8 de fevereiro. Inicialmente, não havia necessidade de agendamento e as doses eram oferecidas em todas as UBSs. Depois, a prefeitura passou a vacinar em nove unidades. No entanto, as principais críticas foram as constantes mudanças nos públicos que podiam se vacinar no drive-thru na UBS da Avenida Cillos.

Conforme determinada faixa etária atingia números elevados de cobertura vacinal, a Secretaria de Saúde alterava o público atendido no local. O dia mais complicado foi em 1º de março. Parte da população não se atentou ao fato de que o atendimento seria somente das 17h às 20h, formando fila no local desde às 6 horas. Os moradores acabaram se dispersando, mas a prefeitura decidiu antecipar para as 13 horas. Porém, sem iluminação no local, o atendimento foi interrompido mais cedo, às 19 horas.

A partir de 8 de março, a prefeitura decidiu agendar a vacinação. Posteriormente, em 25 de março, foi aberto um novo drive-thru no portal da cidade. No entanto, os horários e públicos atendidos em cada um dos drives continuaram mudando, o que gerou reclamações. Somente nesta sexta-feira a prefeitura decidiu padronizar o atendimento. Agora, o drive-thru da Cillos aplica apenas a segunda dose, enquanto o do portal é exclusivo para a primeira. O agendamento segue disponível para ambas as doses.

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