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Americana

Casal de médicos cria projeto social após pedido de filhos

Casal americanense idealizou um lindo projeto que, com ajuda de vários voluntários, auxilia pessoas em situação de rua com alimento para o corpo e alma

Por Jucimara Lima

06 de dezembro de 2021, às 08h33

A parábola do beija-flor narra a história de um incêndio na floresta em que o pássaro ia persistentemente até o rio, pegava algumas gotas de água em seu biquinho minúsculo, voava de volta para o foco e derramava o líquido sobre o fogo. Espantados com a atitude, os demais animais lhe questionaram: “Você acha que vai conseguir acabar com o incêndio fazendo só isso?”. Humilde, o beija-flor respondeu: “Não, mas eu estou fazendo a minha parte”.

Exatamente com essa essência nasceu o projeto do Grupo Voluntários Beija-Flores, que auxilia pessoas em situação de rua. Idealizado pelo casal de médicos Patrícia da Cunha Soares Arouca e Carlos Henrique Nunes de Siqueira Arouca, ambos de 50 anos, juntamente com seus três filhos, ele tem feito a diferença no mundo. “Nós não vamos acabar com a fome nas ruas, com o abandono ou desespero, mas nós estamos fazendo nossa parte”, justifica Patrícia.

Henrique e Patrícia: juntos no amor e no voluntariado – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Tudo começou em 2017, quando os dois filhos mais velhos, estudantes de medicina, participaram de uma entrega de sopa para moradores de rua em Americana. Impactados, os jovens Luis Henrique, de 21 anos, e Ana Flávia, de 19, voltaram para casa com o desejo de fazer algo parecido. Nascia assim o projeto, que em pouco tempo de atuação transformaria a vida de muita gente, inclusive a da própria família.

“A gente sempre planta as sementes, mas foi muito bom saber que meus filhos têm esse olhar. Nossa ideia sempre foi mostrar-lhes que só somos eternos quando plantamos o amor, afinal, é o que fica”, diz Patrícia.

Contando com a ajuda importantíssima e essencial de mais de 25 voluntários, o grupo se reúne todo domingo, a partir das 17h30, na Praça XV de Novembro, na região central da cidade próxima ao Mercado Municipal.

Ali, eles buscam suprir as necessidades momentâneas das pessoas em situação de rua. Além disso, levam a palavra de Deus, algo que Patrícia faz questão de explicar que tem a ver com o evangelizar, independentemente de qualquer religião. “Eu sou católica, tem gente espírita e evangélica que participa. Nossa proposta é conversar, sentar, olhar no olho e falar de Jesus”.

Com a experiência adquirida ao longo da trajetória do projeto, a médica acredita ser possível devolver a dignidade para essas pessoas, contudo, sabe que parte de cada uma delas a vontade de ter a vida restaurada.

“A dependência química é muito presente nas ruas, por essa razão, acreditamos que cada um tem o seu momento, quem sentir o desejo de ter a vida restaurada, nós seguramos nas mãos e ajudamos a dar os primeiros passos”.

Esses primeiros passos aos quais a cardiologista se refere vão desde promover internações voluntárias em clínicas de acolhimento (até aqui foram 31 internações), até mesmo arrumar temporariamente um lugar para morar, auxiliar no retorno para suas cidades de origem e até a reinserção no mercado de trabalho.

Outros braços

O projeto Kintsugi faz parte de um braço do grupo e tem a coordenação da voluntária Denise Zerbetto. O nome é inspirado na arte japonesa milenar de restaurar as peças de uma cerâmica quebrada com o pó de ouro, destacando dessa maneira as cicatrizes como algo a ser valorizado.

Sendo assim, contando com a parceria de empresas acolhedoras, algumas pessoas que passaram pelo projeto já conquistaram o tão sonhado emprego.

“É um trabalho dificultoso, pois muitas vezes eles não possuem documentos, essas pessoas são invisíveis para a sociedade, mas a gente vai atrás. E algumas delas, que passaram pelo projeto, hoje fazem questão de ajudar, pois, afirmam que renasceram, e que a partir dali, também passaram a ser Beija-Flores”.

Médicos dizem que assim como a Medicina, o voluntariado é um sacerdócio – Foto: Divulgação

Além disso, durante a pandemia, com o aumento de pessoas passando dificuldades, o movimento sentiu a necessidade de atender algumas famílias, auxiliando com a doação de alimentos e outras demandas. “São várias carências. Graças a Deus, nunca precisamos dizer não, porque ele sempre provê”, pontua a médica.

Feliz com os resultados conquistados até aqui, Patrícia finaliza falando sobre a base do voluntariado. “Na verdade, nós queremos nos tornar desnecessários para eles. Esse é o objetivo. Nossa meta é que eles não dependam de nossas ações, isso é algo pontual”.

Quem desejar colaborar com a iniciativa, procure-os por meio do Instagram @beijafloresgrupo ou Facebook @beijafloresvoluntarios.

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