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BOAS HISTÓRIAS

Casal de idosos transforma rotatória em jardim em Americana

Local que era ponto de descarte de lixo no Jardim São Pedro agora tem flores plantadas por Daniel, de 89 anos, e Neuza, de 84

Por André Rossi

11 de dezembro de 2019, às 08h00 • Última atualização em 12 de dezembro de 2019, às 09h12

O balão da rotatória no cruzamento entre as ruas dos Salgueiros e dos Miosótis, no Jardim São Pedro, em Americana, era usado pelos moradores da região no final da década de 1980 como ponto de descarte de sacos de lixo. Essa realidade começou a mudar em 1989, quando o casal Daniel de Luca, de 89 anos, e Neuza Baptista de Luca, de 84, decidiu “adotar” esse espaço.

A solução foi transformar o balão em um verdadeiro jardim no meio da rua. O local deixa de ser ponto de coleta para os lixeiros e se transforma em atração, com direito a pedidos de pose para fotos e doações de mudas da comunidade. Entretanto, a mudança de cenário não foi logo bem recebida por todos.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Daniel e Neuza se tornaram cuidadores diários do jardim

“Tinha gente que vinha jogar lixo ali. Eu até dei ‘pega’ em algumas pessoas. Falei assim: ‘o lixeiro vem só à noite, vocês jogam lixo ali e fica o dia inteiro na frente da casa da gente cheirando’. Algumas pessoas ficaram até meio chateadas, mas depois elas compreenderam que era verdade, pegou o lixo e levou de volta. Então entrou na cabeça”, lembra Neuza.

Cuidar do pequeno jardim se tornou um dos principais hobbies de Daniel. Diariamente, o aposentado rega as flores, planta novas mudas, tira o mato e recolhe o lixo que, eventualmente, tenha sido jogado no local durante a madrugada ou noite anterior.

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“O pouquinho de grama que tinha eu tirei tudo e depois plantei as flores. Só que tem uma ‘porcaria’ de um matinho que fica crescendo. Vou lá com a tesoura e acerto tudo por baixo. Quase não saio muito no sol porque não é bom, né? Mas faço isso e já tomo um ar”, diz Daniel.

A escolha por pequenas flores se deu pelas dificuldades impostas pelo próprio terreno. “Embaixo é tudo asfalto. Cada planta que você vai colocar tem que tirar um monte de pedra para conseguir plantar. Então tem que ser umas flores pequenas”, explica Neuza.

A prática é incentivada pelos familiares. Para a escriturária Silvania de Luca Garcia, de 61 anos, filha do casal, o hábito é motivo de admiração, além de ser uma forma deles se manterem ativos.

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“Tenho muito orgulho dos meus pais porque, na simplicidade deles, conseguem proteger o meio ambiente, se exercitar e dar exemplo de que, se cada um cuidasse do espaço ao seu redor, muitas coisas seriam diferentes”, afirma Silvania.

Doações e fotos

Se no começo o jardim gerou desconfiança, hoje o espaço já é abraçado pela comunidade. É comum que o casal receba doações de sementes para serem plantadas no pequeno espaço, que atrai até mesmo curiosos com pedidos inusitados.

“Uma mulher parou na esquina e eu fiquei pensando o que essa mulher queria. Ela olha o jardim e me disse ‘faz de conta que a senhora está plantando a flor, não levanta, não’. Tirou a foto e foi embora. Só isso. Queria tirar uma foto natural”, conta Neuza aos risos.

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