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Isolamento

Benaiah tem três funcionários no residencial desde o começo da quarentena

Equipe de cuidadores completa nesta semana quatro meses de confinamento no residencial para idosos em Americana

Por Isabella Holouka

19 de julho de 2020, às 08h14 • Última atualização em 23 de março de 2021, às 11h42

Quando decidiu se confinar no residencial evangélico para idosos Benaiah, em Americana, a partir do dia 23 de março, a equipe de cuidadores não imaginava que passaria quatro meses isolada – a marca será atingida esta semana.

Depois desse período, eles apontam aprendizados com a convivência e alertam sobre a necessidade de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19). Três integrantes da equipe não voltaram para casa em nenhum momento desde o início do confinamento.

Junio, Marta e Ronilda atravessam a quarentena no residencial – Foto: Divulgação

“A gente esperava que em um ou dois meses acabaria o confinamento. Mas foi quando a situação ficou mais difícil e nós decidimos continuar”, relata Junio de Souza Carvalho, de 29 anos, cuidador de idosos natural de Condeúba (BA), que diz preferir o isolamento no Benaiah.

A segurança dos funcionários é uma vantagem apontada também pela faxineira Marta de Jesus Grigoleti, de 60 anos, que é diabética.

“A gente se sente mais segura, corremos menos riscos e estamos com uma equipe muito boa”, acrescenta a faxineira Ronilda Cirino Tomaz, de 42 anos. Junio, Marta e Ronilda são os únicos funcionários que não voltaram para casa desde o início do isolamento.

REVEZAMENTO
Segundo a coordenadora Enara Crepaldi de Campos Seco, os 31 funcionários foram divididos em grupos e a maioria tem se revezado entre a própria casa e o residencial.

“Eu fico cerca de 40 dias, depois uma semana em casa e retorno. Estamos com um grupo de funcionários que tem se dividido, todos têm se ajudado em todos os setores e com as atividades com os idosos”, explica Enara, que ressalta que a maior dificuldade é a distância dos familiares.

“O primeiro dia foi difícil, eu precisei montar uma estratégia e deixar minha família, esposo, mãe, irmãos, avós. É uma renúncia muito grande, mas tem valido a pena”, considera.

Entre as vantagens da experiência de confinamento, Marta aponta os aprendizados que são possíveis com a convivência. “Somos vários funcionários diferentes, convivendo muito tempo juntos, nas refeições, orações, no nosso lazer, e acabamos nos sentindo como se fossemos uma família só”, afirma.

“Querendo ou não, sem visitas por um longo tempo, os idosos também ficam incomodados, então precisamos lidar com isso. Precisamos dar um carinho a mais, e conseguimos aprender a conviver com vários tipos de personalidades”, complementa Junio.

A necessidade de isolamento agregou mais valorização ao trabalho realizado pelos cuidadores, segundo Junio, que lembra a importância das mensagens recebidas neste período pelos familiares e amigos.

“Nós vemos que não estamos sozinhos. Eu sou um técnico de enfermagem e estou trabalhando como cuidador, e nesse tempo eu entendi que o meu papel não é menor. Não importa a profissão em que você trabalha, mas sim se você está fazendo por amor e com amor”, defende.

“É um aprendizado para as pessoas ficarem mais unidas, em casa. E que as pessoas não saiam de casa, somente o necessário. Não é uma brincadeira, é realidade. Às vezes eu nem acredito que morreu tanta gente”, completa Marta.

Podcast Além da Capa
Nem mesmo a regressão de Americana e região para a fase vermelha do Plano São Paulo é capaz de resolver o problema da lotação de ônibus do transporte público em horários de pico. A teoria de que menos gente estaria em circulação não se confirma na prática. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira conversa com o repórter Leonardo Oliveira e apresenta reflexos regionais desse assunto.

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