Composta por 19 cadeiras, a Câmara de Americana terá 11 novos vereadores para a legislatura 2021-2024, já que apenas oito parlamentares se reelegeram. Dentre os “novatos”, cinco estão diretamente ligados a igrejas de diferentes vertentes na cidade.

A “bancada religiosa” traz os seguintes vereadores: Lucas Leoncine (PSDB), Cantor Marcos Caetano (PL), Silvio Dourado (PL), Pastor Miguel Pires (Republicanos) e Nathália Camargo (Avante).

Católico, Lucas Leoncine integra há 10 anos a diretoria da Diaconia São Judas Tadeu e participa das missas e atividades da Paróquia do Senhor Bom Jesus. Apesar de não ter feito parte de sua campanha, ele acredita que a questão religiosa influenciará na hora do voto.

“Não tem jeito. A gente não vai abrir mão dos princípios, do que a gente pensa para poder votar, como se fizesse de conta que não tem religião”, comentou Leoncine, que prega o debate na câmara para ouvir “todos os lados” antes de tomar uma decisão.

Independentemente dos assuntos que esbaram em religião, o recém-eleito entende que o município tem outras prioridades. “A cidade tem bastante coisa para resolver, que ainda está pendente. Agora é o momento de pensar na cidade”, afirmou.

Eleito em sua primeira tentativa, Cantor Marcos Caetano é presbítero na Igreja Assembleia de Deus – Ministério de Belém há 20 anos, auxiliando o pastor durante os cultos. Além disso, como o seu nome de urna sugere, ele é cantor gospel e se apresenta pelo Brasil e até no exterior.

“No ano passado eu estive em seis cidades da Flórida [nos EUA], em duas do Chile e vários estados no Brasil”, contou Caetano.

Questionado sobre o peso da religião na hora do voto, ele diz que dependerá do tipo de projeto. “Como a gente é cristão, a gente defende muito o lado da família. Vamos governar para o povo de Americana”, resumiu.

Sílvio Dourado é pregador e ministro de louvor na Renovação Carismática Católica há pouco mais de 12 anos. Um de seus objetivos é levar para a câmara discussões sobre a “família” e o combate às drogas, com o objetivo de fomentar “valores”, independentemente do credo religioso.

“A própria Constituição vai dizer para nós que a família, de fato, é base. A gente tem isso em mente, como trabalho de prioridade. Criando mecanismos, trazendo pessoas que podem falar com propriedade com a gente em eventos que a gente pode até mesmo desenvolver na câmara”, disse Sílvio.

Pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular desde 2011 e presidente do projeto Uma Nova História – que é uma casa de recuperação- , Miguel Pires quer desenvolver projetos para os “menos favorecidos”, em especial aos que são dependentes de álcool e drogas.

“Vou continuar como pastor da igreja, então tudo isso vai estar caminhando junto comigo. Não tem como separar”, pontuou Miguel.

Mesmo assim, o novo vereador diz que sabe que não poderá falar “como pastor” na câmara.

“Mas eu sou pastor. Eu sou evangélico. Isso aí está na minha história. Hoje eu sou um vereador da comunidade. A pessoa que me procurar, independentemente da religião que ela é, nós vamos estar ali para servir”, garantiu Miguel.

Já Nathália Camargo é casada com o pastor da igreja Reverso Church em Campinas. Além disso, seu sogro e sua sogra também são pastores na mesma igreja, de vertente batista.

Apesar de não ser pastora, a futura vereadora lidera os jovens na Igreja Batista do Caminho de Americana, ao lado do esposo.

“Eu estou lá [na câmara] para representar o reino também, fazer parte disso. Todo o meu trabalho vai ser de princípios cristãos. Além de tudo isso, não só o cristão, não só o reino, mas toda a população de Americana”, disse Nathália.

Entre os oito vereadores reeleitos, apenas Vagner Malheiros (PSDB) tem atuação direta no campo religioso. Ele é diácono da igreja Assembleia de Deus Belém, de Americana, e faz estudos bíblicos há anos em igrejas, além de desenvolver trabalhos sociais.