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INVESTIGAÇÃO

Auxiliar de farmácia presa no Hospital Municipal de Americana vendia medicamentos desviados para fins recreativos

Funcionária de administradora do HM disse à polícia que tinha facilidade no acesso aos medicamentos

Por João Colosalle e Paula Nacasaki

05 de setembro de 2024, às 11h11 • Última atualização em 05 de setembro de 2024, às 11h13

Medicamentos que teriam sido desviados por funcionária no HM foram apreendidos pela DIG - Foto: DIG/Divulgação

A auxiliar de farmácia que foi presa pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana por desviar medicamentos controlados do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, nesta quarta-feira (4), disse à polícia que vendia os remédios para “fins recreativos”. A mulher é funcionária da OS (Organização Social) Santa Casa de Chavantes, contratada pela prefeitura para gerir a unidade de saúde.

Segundo informações da Polícia Civil, foram apreendidos mais de 700 medicamentos, entre eles, drogas como o citrato de fentanila, também conhecido pelo nome da marca Fentanil, usado como anestésico em hospitais, mas que tem sido responsável por uma onda de overdoses nos Estados Unidos que tem preocupado autoridades de segurança e de saúde.

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No Brasil, a substância usada na produção da fentanila foi inclusa em uma lista restrita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no ano passado, que permite a apreensão de remessas ilícitas.

Também foram encontrados com a funcionária doses de ketamina (ou cetamina), anestésico comumente aplicado em cavalos, mas que também é usado com fim recreativo. No total, a DIG estima que os medicamentos desviados valham cerca de R$ 500 mil.

A ação da delegacia especializada ocorreu na noite desta quarta-feira. Agentes foram até o hospital depois que receberam informação de que a funcionária da OS desviava medicamentos como morfina e fentanil e os revendia para usuários.

A polícia, então, investigou a mulher e chegou a ter acessos a prints de conversas dela com terceiros em que realizava a negociação de diversos medicamentos. Os agentes conseguiram identificar uma das pessoas que fez a compra. Eles foram até a casa desta compradora e encontraram 100 ampolas de citrato de fentanila. Também foram achadas ampolas consumidas de sulfato de morfina.

Nesta quarta-feira, a auxiliar de farmácia foi abordada fora do hospital municipal, nas proximidades do estacionamento da unidade. Segundo o boletim de ocorrência do caso, inicialmente, ela negou ter praticado algo ilícito. Depois, no entanto, admitiu que desviava os medicamentos porque tinha acesso facilitado.

Além das diligências na farmácia do HM, a polícia também vasculhou o apartamento onde a auxiliar de farmácia mora, no Parque Residencial do Lago, em Santa Bárbara d’Oeste. No local, a polícia relatou ter encontrado “enorme quantidade de medicamentos desviados”.

A mulher de 38 anos foi indiciada por dois crimes, segundo o boletim de ocorrência do caso. Um deles é peculato, crime praticado por funcionário público que se apropria ou desvia bens, valores ou recursos públicos, que prevê pena de 2 a 12 anos de prisão. Ainda que ela tenha sido contratada pela OS, e não por concurso público, a polícia diz ver uma equiparação no caso.

O outro crime é o previsto no artigo 273 do Código Penal – falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. O artigo inclui também a venda de medicamentos e prevê pena de 10 a 15 anos de prisão.

O LIBERAL não conseguiu contato com advogados que representem a auxiliar de farmácia.

Divergência

Em nota distribuída por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura de Americana, ainda na noite desta quarta, a Santa Casa de Chavantes, administradora do hospital, havia informado que apurava internamente o desvio de medicamento, o que “culminou com denúncia e desfecho no início desta noite [quarta]”. A DIG, entretanto, informou que não houve denúncia por parte da OS à delegacia.

A administração da Santa Casa Chavantes acrescentou que está colaborando com a investigação e implementou um processo de controle habitual e preventivo da dispensa de medicação.

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