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Entrevista

‘As pessoas estão confiando na gente’, diz diretor da Unicentro

Um ano após incorporação da Unimais Bandeirante e prejuízo de R$ 114 mi, diretor-presidente da Unicentro, Raimundo Nonato Leite Pinto, detalha ações

Por Marina Zanaki

01 de dezembro de 2019, às 08h19

A Sicoob Unicentro Brasileira completa, em dezembro, um ano da incorporação da Sicoob Unimais Bandeirante. A cooperativa anterior foi extinta após deixar um prejuízo de R$ 114 milhões aos associados.

Diretor-presidente da Unicentro Brasileira, Raimundo Nonato Leite Pinto conversou com o LIBERAL sobre as ações adotadas para tranquilizar os cooperados, e adiantou que já há resultados positivos no Estado de São Paulo. Foram incorporadas 15 agências, com cerca de 11 mil associados.

Foto: Divulgação
“Fizemos várias ações no sentido de esclarecer o máximo possível”, diz Raimundo Nonato Leite Pinto

Em maio, O LIBERAL publicou que a Sicoob Unicentro Brasileira encontrou indícios de crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha na gestão da Sicoob Unimais Bandeirante após assumir a cooperativa. As afirmações foram feitas em um processo judicial.

Questionado sobre o assunto, o diretor disse que recebeu orientação do Banco Central de não abordá-lo por trata-se de processo em andamento. Ao LIBERAL, o Banco Central disse que não comenta sobre instituições financeiras específicas e não divulga relatórios de auditorias.

Quais medidas foram adotadas para tranquilizar os cooperados pela Sicoob Unicentro Brasileira quando vocês assumiram a cooperativa?

RAIMUNDO 

Temos implementado várias ações no sentido de resolver os problemas que até então a Unimais Bandeirante tinha e que levou ao processo de incorporação. Fizemos várias ações no sentido de esclarecer o máximo possível, encontros com entidades de classe, de maneira especial a área medica, que é área de origem da nossa cooperativa, mas também com outros segmentos empresariais e colaboradores. Fizemos esclarecimentos do que é a Unicentro Brasileira, o que foi o processo de incorporação e como vai ser, para que as pessoas não ficassem com dúvidas.

Outra coisa que considero marcante é que fizemos um curso de formação cooperativista específica para São Paulo. É um curso que fazemos para futuros gestores das cooperativas, onde cooperados têm toda a condição de saber o que está se passando com a cooperativa e o que está sendo planejado para o futuro.

Qual o número de cooperados hoje e quantos eram quando vocês assumiram? O prejuízo deixado pela Sicoob Unimais Bandeirante influenciou o número de cooperados?

RAIMUNDO 

Até aumentamos o número de associados. Uma boa parte das pessoas saíram da cooperativa porque estavam lá por obrigação; tiramos essa obrigação, eles saíram sem problema nenhum, mas o número de pessoas que tem entrado na cooperativa é de aproximadamente mil novos associados. É um número muito significativo. É muito bacana porque demonstra que as pessoas estão confiando na gente e entrando novos associados na cooperativa.

Em dezembro, quando assumimos, eram 11.701 na regional (que abrange 15 municípios, como Americana, Piracicaba e Ribeirão Preto) e hoje, 11.557. Saíram mais do que os mil que entraram, mas quem saiu eram pessoas que estavam numa condição obrigatória. No cooperativismo a gente trabalha com livre admissão, fica se quiser. As pessoas ligadas ao segmento da saúde, empresarial, poucos saíram, praticamente nenhum. Por outro lado aumentou o número de médicos e empresários que ingressaram.

O que era essa obrigação?

RAIMUNDO 

Tinham umas empresas que obrigavam colaboradores delas a se associarem à cooperativa, e muitos não queriam. Foi dada a possibilidade a essas pessoas de não ficar na cooperativa, então muitas deixaram. Claro que teve médicos e empresários que eventualmente saíram da cooperativa, mas em número muito menor e que não teve impacto nenhum relacionado com incorporação.

A Unicentro como um todo começou esse ano com 33 mil e estamos hoje com 36 mil. Aumentamos 2,5 mil nesse período a cooperativa como um todo. São Paulo tem contribuído com número significativo de novos associados, embora seja o local que mais saiu gente em consequência disso que falei.

Em relação à carteira de produtos e serviços, houve mudança?

RAIMUNDO 

Algo muito importante foi que a Unimais Bandeirante não tinha portfólio de produtos que as instituições financeiras normalmente oferecem em sua plenitude. A cooperativa tinha o patrimônio de referência baixo, e a quantidade de recursos que uma pessoa poderia pegar era pequena. A cooperativa não pode emprestar para uma única pessoa mais do que 15% do patrimônio de referência. Como nosso patrimônio é alto, podemos emprestar para um único associado até R$ 70 milhões. Isso é estrutura de um banco grande, que pode oferecer isso para uma única pessoa.

Como tivemos crescimento de R$ 325 milhões em ativos esse ano, a cooperativa tem R$ 2 bilhões e 700 milhões em ativos, realmente a pessoa tem capacidade de empréstimo muito maior. Podemos oferecer consórcios, seguros, uma série de produtos que anteriormente não era possível, e isso fazia as pessoas terem a cooperativa como instituição financeira limitada, que estava limitando ações delas.

Agora a capacidade de empreendedorismo das pessoas pode ser toda explorada porque tem uma cooperativa, uma instituição financeira que dá lastro para isso.

Quais os planos para a cooperativa em Americana?

RAIMUNDO

Dedicamos grande parte da nossa energia para São Paulo para garantir crescimento sustentável desses resultados. Prevemos investimentos futuros na padronização e abertura de novas agências, e reestruturação física das agências mantidas em funcionamento. Haverá a reformulação total do prédio em Americana e praticamente em todas as cidades. Tem um processo muito arrojado para São Paulo em termos de investimentos porque os resultados são garantidos.

Deve durar entre três e quatro meses a reforma e ser feita ao longo de 2020. Além disso, o portfólio de produtos que é muito importante, e temos planejamento estratégico que definimos para 2020 a 2023, com projeto interessante para o Estado de São Paulo em termos de expansão e aprimoramento dos negócios na região. Temos uma energia muito dirigida para São Paulo e uma expectativa excepcional, já que de todas as regiões que a Unicentro está, essa é a de maior potencial de crescimento econômico e financeiro, porque São Paulo é o centro financeiro do país.

Qual mensagem deixa para os cooperados em relação à gestão da Sicoob Unicentro Brasileira?

RAIMUNDO 

Uma incorporação quando há perdas é sempre traumática, isso em qualquer lugar. Nas agências de São Paulo ao longo desse ano já tem resultados positivos, capacidade de gestão que estão vendo de forma mais efetiva, portfólio de serviços mais completos, novas agências. As perspectivas são muito positivas e estamos à disposição. Temos ouvido os associados.

Claro que tem queixa, a gente acolhe e atende a questão do associado. Mas de forma geral já deu para ver como a Unicentro trabalha, de forma muito segura, muito cuidadosa, somos zelosos nas normas que regem a instituição financeira, as normas do Banco Central, as normas da Confederação Sicoob, atuamos de forma muito prudente.

Acho que isso já está sendo percebido pelos associados, e com certeza terá mais consolidado ano que vem, no máximo até 2021. Não haverá nenhuma dúvida de que foi positivo fazer a incorporação.

O associado ganhou porque teve oportunidade de estar em instituição financeira que vai evitar que ele coloque mão no bolso para pagar esse rateio, e ao mesmo tempo a Unicentro Brasileira ganhou demais, passamos a fazer parte de uma praça extremamente importante e qualquer instituição financeira queria a oportunidade que estamos tendo.

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