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Americana

Após viver anos de ‘boom’, Americana tem apenas uma igreja aberta em 2019

Dados são da Secretaria Municipal da Fazenda, que contabiliza 270 centros religiosos funcionando no município

Por André Rossi

20 de outubro de 2019, às 07h38 • Última atualização em 21 de outubro de 2019, às 08h26

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Vinde e Adorai foi criada após divergências depois da morte de pastor

A cada 34 dias uma nova igreja foi inaugurada em Americana entre 2017 e 2018, a maior média registrada na última década na cidade. Entretanto, após esse “boom”, apenas um novo centro religioso abriu as portas no município até agora este ano.

O levantamento é da Unidade de Arrecadação da Secretaria de Fazenda da Prefeitura de Americana e foi feito a pedido do LIBERAL. No total, a cidade conta com 270 casas religiosas em funcionamento, 62 delas abertas na última década.

Entre 2017 a 2018, 21 igrejas foram abertas no município, 19 delas de vertente evangélica e duas católicas. Oito dessas unidades pertencem ao mesmo grupo, a Congregação Cristã no Brasil. Quatro foram abertas em 2017 e mais quatro no ano seguinte.

De acordo com o presidente da administração dessas igrejas em Americana, Irineu Margutti, todas as unidades da Congregação Cristã no Brasil da cidade são administradas por uma mesma diretoria.

“Em Americana são 16 igrejas, ou 16 salas de orações que a gente chama. Essas 16 são administradas por uma mesma administração, formada por presidente, tesoureiro, contador. Pessoas que desempenham trabalho voluntário para administrar as igrejas”, explicou Irineu.

Dentre as oito novas unidades está a do Jardim América II. Já a igreja aberta no Jardim Paulista funcionava anteriormente na Vila Frezzarin e foi transferida de bairro no ano passado devido à frequência dos fiéis. A presença do “público” é um fator fundamental para a manutenção do espaço, segundo o presidente.

“Tudo depende da frequência do povo na igreja daquele bairro. Vai havendo necessidade e aí abre a igreja. Daí vemos de comprar o terreno, de fazer a igreja mesmo”, explica Irineu.

Foto: Divulgação
Inauguração da Casa de Oração Vinde e Adorai, em julho

DESACELERAÇÃO. Neste ano, a única igreja inaugurada em Americana foi a Casa de Oração Vinde e Adorai, no bairro Nova Americana, em 11 de julho.

Segundo o vice-presidente da Vinde e Adorai, Wilson Barbosa de Oliveira, a igreja foi criada quando um grupo de fiéis deixou de frequentar outro ministério por divergências com a liderança que assumiu após a morte do antigo pastor.

“Faz três meses que a gente abriu. Viemos de outro ministério porque a pessoa que assumiu… a gente não conseguiu trabalhar junto, não batia. Cresceu além do que a gente esperava”, disse Oliveira.

Os cultos acontecem duas vezes por semana e têm em média 40 fiéis. Apesar da falta de experiência com questões administrativas, o vice-presidente contou que os entraves burocráticos para implantar a igreja se desenrolaram de forma rápida.

“O laudo dos bombeiros, que geralmente é uma coisa que demora, a pessoa que locou (o imóvel) pra gente já conseguiu rápido. Foi Deus, né. Documentação que demora da prefeitura? Pra gente foi rápido. Enfim, as coisas foram rápidas demais, mas sempre com orientação. A gente paga escritório pra isso, pra fazer as coisas corretamente”, afirmou Oliveira.

Abertura é ‘natural e aleatória’, diz teólogo

De acordo com o teólogo pós-graduado em psicologia clínica e institucional Maike Mokaibe, a abertura de novas igrejas é um fenômeno progressista e segue uma tendência nacional iniciada em 1910 com a vinda dos pentecostais para o Brasil. A presença na mídia, com celebrações transmitidas pela televisão, contribuiu para a consolidação e expansão.

“Foi concomitante com a Assembleia de Deus e posteriormente veio o neopentecostalismo com o Edir Macedo, que é a Igreja Universal. Eles usam a mídia e têm esse controle de massa, digamos assim, e adquiriram uma marca histórica hoje na sociedade. Esse avanço não tem parada, é progressista”, afirmou Mokaibe.

Em relação à desaceleração em Americana, o teólogo acredita que não é possível precisar um único motivo, já que se trata de algo “fenomenológico”. Entretanto, o “boom” registrado nos últimos dois anos é reflexo da tendência nacional de crescimento e de algumas peculiaridades do setor.

“Abertura de igreja é muito natural e aleatória. Você pode ter certeza que o povo que abriu uma igreja é porque saiu de outra. Pode ser que não concorde com a doutrina que é posta ali, pode ter havido uma discussão entre membros com o líder e decidiu sair, carregou algumas pessoas com ele e decidiu abrir um novo espaço religioso”, comentou.

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