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Flávio Donizete

Após vício em cocaína, ex-São Paulo encontra novo caminho em Americana

Campeão mundial com o Tricolor Paulista em 2005, Flávio Donizete trabalha como jardineiro enquanto espera nova chance no futebol

Por Rodrigo Alonso

31 de maio de 2020, às 09h22

Recuperado do vício em cocaína, o zagueiro Flávio Donizete, campeão mundial pelo São Paulo em 2005, busca um recomeço em Americana. Ele vive há quase quatro meses na cidade, onde trabalha como jardineiro ao mesmo tempo em espera por uma nova oportunidade no futebol.

O jogador de 36 anos se mudou para o município a convite do ex-volante da seleção brasileira Mineiro, que era seu companheiro no Tricolor.

Flávio Donizete faz treinos personalizados no campo do Jardim América, em Americana – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Em Americana, Flávio é funcionário do sogro de Mineiro e se prepara fisicamente com a ajuda de André Mineiro, presidente da LAF (Liga Americanense de Futebol) e irmão de seu ex-companheiro de time. Ele faz treinos personalizados no campo do Jardim América.

“Por enquanto, estou aqui treinando, na possibilidade de arrumar alguma coisa futuramente”, disse o atleta em entrevista ao LIBERAL.

No mesmo campo, o zagueiro também auxilia André no Projeto Alpha Brasil, uma ação social que visa tirar crianças da rua por meio do futebol. As atividades do projeto, no entanto, se encontram suspensas por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

A taça do Mundial de Clubes de 2005, uma façanha com a presença de Flávio Donizete no elenco – Foto: Arquivo Pessoal

Flávio mora no bairro Campo Limpo, com a esposa e as três filhas. Nascido em Itapecerica da Serra, o defensor se distanciou de seus outros familiares ao se mudar para Americana, mas se aproximou de pessoas que, hoje, o ajudam.

“Aqui, está sendo muito bom para mim, principalmente para a minha recuperação, porque todo mundo sabe que eu tive problema com droga, cocaína. Então, apesar de estar um pouco longe da minha família, estou perto de pessoas que me acolheram”, afirmou.

Ele teve uma passagem pela Portuguesa no primeiro semestre de 2019 e, desde então, está sem clube. Contudo, antes de se aposentar, o jogador ainda quer atuar por, no mínimo, mais uma temporada. “Eu quero terminar, pelo menos, um ano jogando”.

RECUPERAÇÃO
Flávio começou a usar cocaína em 2010, durante suas férias, e se recuperou em dezembro de 2018, quando foi liberado por uma clínica de reabilitação localizada em Artur Nogueira.

Durante o vício, o zagueiro perdeu todo seu dinheiro e chegou a vender por R$ 3 mil a medalha que ele conquistou no Mundial de 2005. O comprador, no entanto, decidiu devolvê-la para o jogador. Flávio recebeu o objeto das mãos do pentacampeão mundial Cafu, no momento em que deixou a clínica.

“Hoje, eu sei o valor que ela [a medalha] tem, o valor que ela representa para todos os são-paulinos. Até hoje eu recebo mensagem das pessoas me parabenizando, pedindo para eu tirar foto com a medalha. E ela está aqui. Você pode ter certeza de que vou cuidar dela como se fosse
um filho”, declarou.

Revelado pelas categorias de base do São Paulo, o zagueiro ficou no banco naquele Mundial de 2005, no Japão. Depois, passou por América de Rio Preto, Atlético de Alagoinhas (BA), Nacional (AM) e Taboão da Serra. As
drogas, porém, comprometeram sua carreira.

“O vício é complicado. A pessoa que tem vício hoje tem de se cuidar, porque tem três possibilidades: ou você fica limpo, ou você morre, ou você vai para a cadeia”, comentou Flávio, que atualmente costuma contar sua experiência em palestras.

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