PRESERVAÇÃO
Após mortandade de peixes no Rio Piracicaba, expedição fará monitoramento a partir de Americana
Iniciativa foi motivada por um derramamento de resíduos da cana-de-açúcar, supostamente de origem da Usina São José S/A, de Rio das Pedras
Por Gabriel Pitor
03 de agosto de 2024, às 08h15 • Última atualização em 03 de agosto de 2024, às 08h16
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/apos-mortandade-de-peixes-no-rio-piracicaba-expedicao-fara-monitoramento-a-partir-de-americana-2225141/
Um grupo formado por técnicos e integrantes da sociedade civil vai realizar, a partir de novembro deste ano, uma expedição para monitorar o Rio Piracicaba, do trecho de Americana até a foz junto ao Rio Tietê.
A iniciativa foi motivada por um derramamento de resíduos da cana-de-açúcar, supostamente de origem da Usina São José S/A, de Rio das Pedras (SP), que teria provocado a morte de mais de 235 mil peixes, em julho.
Segundo laudo da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), emitido em julho deste ano, o despejo foi encontrado no Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Rio Piracicaba. O mesmo resíduo detectado no ribeirão foi encontrado em uma das vistorias na usina.
“O PH do ribeirão, entre 7 e 8 de julho, ficou ácido (passando de 7,4 pH para 5,4 pH), comportamento característico de quando há presença de resíduos de açúcar em água. Essa alta carga orgânica foi levada para o Rio Piracicaba, reduzindo o nível de oxigenação da água, chegando a zero, e inviabilizando a vida aquática”, apontou a companhia.
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Com a mortandade dos peixes, foi aplicada uma multa de R$ 18 milhões à empresa sucroalcooleira. Além disso, foi solicitado plano de melhorias e de mitigação dos impactos.
Leito e afluentes
Por sua vez, um grupo formado por quatro técnicos decidiu iniciar um monitoramento no Rio Piracicaba, em trecho de 125 km, a partir de Americana. De 4 em 4 meses, esses profissionais vão avaliar o leito e seus afluentes, coletando água em 20 pontos.
“A gente já faz a análise no momento da coleta, porque vamos estar com uma sonda. Esse equipamento nos dá informações sobre pH, temperatura de água, oxigênio diluído. Também vamos mandar amostras aos laboratórios para analisar se a água tem metais pesados, agrotóxicos, bactérias”, explicou o gestor de projetos socioambientais da BluestOne, Alexandre Resende.
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Ainda de acordo com Alexandre, serão analisados os materiais genéticos encontrados nas amostras para mapear a fauna do rio. Outro projeto que está sendo desenvolvido é um aplicativo para denúncia de despejos, que enviará notificações à Agência PCJ (Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí).
Ao LIBERAL, a Cetesb informou que a última mortandade de peixes foi detectada em 22 de julho. Quanto à multa, a usina tem um prazo de 20 dias corridos, após o recebimento, para apresentar sua defesa ou fazer o pagamento.
Resposta
Após questionamento da reportagem, a Usina São José disse que irá recorrer até 9 de agosto, já que “não reconhece nexo causal entre suas operações e a mortandade de peixes.”
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A sucroalcooleira apontou que o problema de poluição do Riberão Tijuco Preto é histórico, com pelo menos 17 ocorrências desde 2014, sem envolvimento da companhia. Além disso, ela afirmou que colabora com as investigações e que sempre foi comprometida com a agenda ambiental e a sustentabilidade.
“Como exemplo, podemos citar políticas para o controle dos processos industriais, uso de energia sustentável e renovável, geração de créditos de carbono e reaproveitamento de materiais sempre que possível, além da opção por fornecedores e parceiros locais que também tenham valores sustentáveis”, concluiu.