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Americana

Após 15 horas de julgamento, três são condenados por tortura e tentativa de homicídio

Os três ainda foram condenados por ligação com o PCC; penas variam de 21 a 25 anos de prisão; réus ainda podem recorrer

Por Leonardo Oliveira/João Colosalle

23 de setembro de 2020, às 11h37 • Última atualização em 24 de setembro de 2020, às 08h54

Polícia reforçou a segurança do local durante o julgamento - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG

Três homens foram condenados a penas que variam entre 21 e 25 anos de prisão por promoverem um “tribunal do crime” em Americana. Somadas, as penas impostas ultrapassam os 68 anos de prisão. Um quarto acusado na mesma ação será julgado em novembro.

O júri popular realizado no Fórum de Americana teve mais de 15 horas de duração e foi encerrado na madrugada desta quarta-feira (23). Os trabalhos haviam começado por volta das 9 horas de terça (22), sob forte esquema de segurança.

Gilmar Satochi Junior foi condenado a 25 anos e quatro meses de prisão, Jonathan Baptista, a 22 anos e dois meses, e Marco Antonio Bortolotti, a 21 anos e quatro meses de prisão. Eles podem recorrer.

A condenação foi pelos crimes de homicídio qualificado, tráfico de drogas, tortura e organização criminosa. Os três, que foram condenados por pertencerem ao PCC (Primeiro Comando da Capital), devem aguardar o recurso presos.

A vítima e uma testemunha se encontram atualmente em programa de proteção, e o processo tramita em segredo de Justiça.

O caso que gerou a condenação do trio se refere a uma tentativa de assassinato de um suspeito de estupro, que, segundo a acusação, foi arrebatado no Jardim Europa, em Santa Bárbara d’Oeste, e torturado em um barraco no Jardim dos Lírios, em outubro de 2018.

O episódio é descrito pela polícia como o chamado “tabuleiro”, espécie de julgamento próprio que o PCC promove em regiões em que atua.

Na ocasião, a vítima, contra a qual não se comprovou a acusação de estupro, foi amarrada, amordaçada, ameaçada, agredida e interrogada entre os dias 5 e 6 de outubro. Ela chegou a tentar fugir, mas não conseguiu.

A execução só não se consumou porque uma equipe da PM (Polícia Militar) chegou ao local e impediu o crime.

A arma que seria usada para matar o suspeito de estupro seria uma marreta, segundo informações da denúncia do Ministério Público.

Operação

A partir da prisão em outubro de 2018, teve início uma das maiores investigações da Polícia Civil de Americana contra suspeitos de pertencerem ao PCC (Primeiro Comando da Capital) na cidade e em Santa Bárbara.

Em junho do ano passado, a operação Jus Puniendi, deflagrada pela Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes), identificou e processou 15 pessoas suspeitas de integrarem a facção ou estarem ligadas a membros dela na região, e crimes como homicídio e tráfico de drogas.

A ação da polícia resultou em dois processos que tramitam na Vara do Júri de Americana. Um deles é justamente o caso do “tribunal do crime”, da tentativa de homicídio do homem suspeito de estupro, julgado entre esta terça e quarta-feira.

Operação Jus Puniendi, em junho deste 2019, foi uma das maiores e mais complexas investigações contra o PCC em Americana – Foto: Polícia Civil

Neste caso, de outubro de 2018, eram quatro acusados pela tentativa de homicídio, mas o processo foi dividido após o recurso de um dos réus.

A outra ação envolve as descobertas da investigação posterior, que ensejaram a operação Jus Puniendi. Neste processo, são rés outras 11 pessoas.

No dia 2 deste mês, o Fórum de Americana realizou uma audiência deste caso. Sob forte esquema de segurança, foram ouvidas testemunhas, policiais e também réus.

Recursos

A defesa de Gilmar adiantou ao LIBERAL que já entrou com o recurso pedindo um novo júri por entender que não houve provas para condenação de seu cliente.

Já o advogado Claudinei Cabral, que atua na defesa de Marcos Antonio, disse que também vai pedir a realização de um novo júri. Ele critica, principalmente, a inclusão do tráfico de drogas e da tortura como dois dos quatro crimes julgados.

“Não foram demonstradas as provas, eles estavam no local usando drogas, não estavam vendendo. Vou pedir um novo júri por insuficiência de provas”, disse à reportagem.

O advogado de Jonathan, José Silva da Rocha, também afirmou que já entrou com um recurso contra a decisão, mas afirmou que prefere não comentar a sentença.

O júri desta terça-feira estava marcado, inicialmente, para abril, mas foi adiado em três ocasiões por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

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