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Covid-19

Após 10 meses de pandemia, infectologista avalia que há mais perguntas que respostas

Avaliação é do infectologista Arnaldo Gouveia Junior, integrante do comitê que acompanha e debate as diretrizes de combate ao coronavírus em Americana

Por Marina Zanaki

10 de janeiro de 2021, às 08h25

Já são 10 meses desde que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) foi decretada pela OMS (Organização Mundial as Saúde). Nesse período, os olhos da ciência se voltaram a estudar a doença.

Quase 150 mil artigos haviam sido recebidos pela OMS até o dia 20 de dezembro, e muito se aprendeu sobre o manejo dos pacientes. Mesmo assim, as dúvidas sobre a Covid-19 ainda são maiores do que as descobertas feitas sobre ela.

Essa é a avaliação do infectologista Arnaldo Gouveia Junior, médico há mais de 30 anos, membro do Comitê de Crise de Americana, na linha de frente no combate ao coronavírus na região.

Ele afirma que o tratamento realizado hoje deixa muito a desejar e que os profissionais levam “rasteira atrás de rasteira”.

A ausência de um medicamento que seja eficaz contra o coronavírus é uma das principais dificuldades relacionadas à doença. Sem isso, o tratamento fica restrito a oferecer suporte ao paciente.

“Houve um grande desapontamento com todas as medicações antivirais propostas. Realmente, o tratamento dos pacientes – trato basicamente de pacientes hospitalizados – é suporte mesmo”, disse o médico.

“Corticoide, que tinha medo de usar no início pois tinha contraindicação da época da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), é importante. Anticoagulante. Oxigênio. E o manejo do paciente, colocar ele de bruços. Que é uma coisa tão boba, mas no dia a dia você vê que tem um efeito muito bom na oxigenação”, contou o infectologista ao LIBERAL.

O médico também cita como uma das características da doença o agravamento rápido do quadro do paciente.

“É uma doença que tem que tomar muito cuidado, que passa rasteira em você. O paciente está bem de manhã. De tarde, não está. A enfermagem tem que estar em cima o tempo todo”, disse o médico.

Mesmo lidando diariamente com pacientes e estudando sobre a Covid-19, Gouveia sente que ainda não há informações suficientes sobre a doença que assolou o mundo em 2020.

“A verdade é que tenho lido muito sobre isso, mas a impressão é que muito mais eu não sei do que eu sei. Muito mais a gente não sabe do que sabe”, definiu.

O médico se infectou com o coronavírus em julho. Na ocasião, ele disse ter ficado em casa e não precisou de internação. Gouveia torce pela manutenção da imunidade.

“Dizem que é uma vez na vida. Eu já peguei, espero que pelo menos tenha história para contar para os netos”.

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