28 de março de 2024 Atualizado 20:58

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Americana

Inaugurado, novo pronto-socorro do HM terá transição gradual

Prédio entregue nesta sexta-feira praticamente dobra a estrutura do pronto-socorro; transição para nova área será gradual e terá início neste sábado

Por Marina Zanaki

07 de fevereiro de 2020, às 12h44 • Última atualização em 07 de fevereiro de 2020, às 18h43

O novo pronto-socorro do Hospital Municipal de Americana foi inaugurado na manhã desta sexta-feira (7). O espaço foi batizado de Luiza da Motta Tebaldi, esposa do ex-prefeito Waldemar Tebaldi. A transição para o novo prédio será gradual e terá início já neste sábado (8). A expectativa é que até semana que vem todos os pacientes já estejam sendo atendidos no novo pronto-socorro.

O prédio conta com 1769 metros quadrados, quase o dobro dos 941 metros quadrados onde funciona o antigo pronto-socorro. O número de leitos aumenta de 20 para 37. Além disso, o pronto-socorro está equipado com novos equipamentos adquiridos nos últimos meses pela prefeitura.

“O pronto-socorro (antigo) está acanhando. Hoje estamos proporcionando conforto que a população merece, temos ar-condicionado se pessoa precisar esperar, consultório ao lado. Sem esquecer que é fruto do imposto que cada americanense pagou”, afirmou o prefeito Omar Najar (MDB).

A obra teve custo de R$ 3,5 milhões, e cerca de R$ 2,9 milhões foram levantados por meio de convênio com o governo estadual. Os equipamentos custaram R$ 5 milhões, financiados por meio de verba federal. Os recursos foram intermediados pelo deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), deputado estadual e presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), Cauê Macris, e o ex-deputado Chico Sardelli.

“Não é a entrega de um prédio, representa para a população de Americana a sensação que a gestão está olhando para a população. De que é possível fazer saúde pública com dignidade e respeito ao dinheiro público”, declarou o secretário de Saúde, Gleberson Miano.

A SAGA DO HM

Uma novela. Elefante branco. Uma obra megalomaníaca, superfaturada e sem transparência. A longa história do projeto de reforma e ampliação do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, já foi chamada de diversas formas desde seu anúncio, na década retrasada.

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal
Nesta quinta-feira aconteceram os últimos preparos para inauguração estrutura é duas vezes maior

As irregularidades do projeto apontadas por meio de uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) renderam um processo que determinou o bloqueio de R$ 33 milhões do ex-prefeito Diego De Nadai e da Construtora Teto, em 2018. O processo corre em segredo de Justiça.

Foto:
Nova fachada da unidade de saúde, à disposição da população de Americana após década de espera

A obra teve início por meio de um convênio firmado com o governo estadual, comandado então por José Serra (PSDB) – o ano era 2009. Desde que o primeiro tijolo foi assentado, em 2010, a construção viu três governadores passarem pelo Estado de São Paulo.

O projeto, orçado em R$ 26,8 milhões, previa a reforma do atual hospital e construção de um anexo com pronto-socorro, hospital infantil e centro de especialidades. Seriam R$ 10,9 milhões para reforma e R$ 15,8 milhões para o anexo.

O primeiro prazo para a entrega da obra foi setembro de 2011, mas a Construtora Teto alertou que o projeto estava incompleto; com isso, a obra saltou para R$ 33,7 milhões.

2012 foi marcado por paralisações de funcionários de subcontratadas da Teto por falta de pagamento. Mesmo assim, o ex-prefeito chegou a declarar que 70% das obras estavam concluídas.

Foto: Arquivo - O Liberal
Estrutura inacabada ainda em 2015, enquanto CEI já apurava irregularidades na aplicação do dinheiro para obra

Diego fez uso do projeto em sua campanha eleitoral, prometendo que entregaria a obra em dezembro daquele ano. Ele foi reeleito, mas a obra parecia cada vez mais longe de ser concluída – em 2013, o contrato com a Construtora Teto foi rompido e a prefeitura a assumiu.

O então vereador Moacir Romero fez uma busca por documentos relacionados à reforma e ampliação do HM. Requerimentos na câmara, pedidos pela Lei de Acesso à Informação e, por fim, a Justiça. “Foi um parto”, definiu Romero.

Essa documentação foi solicitada para compor as investigações da CEI das Receitas, que entre 2014 e 2016 apurou diversas irregularidades na gestão de Diego.

Relator da CEI, Celso Zoppi recorda de episódios bizarros relacionados à obra do HM, como um andar do prédio que não tinha altura suficiente para uma pessoa ficar em pé; e também a suposta retirada de um volume absurdo de terra do terreno, equivalente a 500 caminhões. “É muito tempo para uma cidade ter destinado recurso e não ter aproveitamento”, afirmou Zoppi.

Em 2016, a gestão Omar Najar (MDB) firmou novo convênio com o governo estadual, no valor de R$ 3 milhões, e a obra foi retomada no final de 2017.

A construção sofreu com atrasos na liberação do dinheiro pelo Estado. O convênio venceu no final de 2018, o que resultou em um imbróglio entre prefeitura e governo do Estado de São Paulo que só foi solucionado em abril do ano passado.

O deputado federal Vanderlei Macris (PSDB) lembra que muita articulação política foi necessária ao longo do tempo para conseguir entregar, ao menos, parte do projeto. Mesmo definindo a obra como um “elefante branco”, o deputado acredita que o pronto-socorro será importante para melhorar o atendimento à população.

RESPOSTA. Questionado por que não entregou a obra do anexo do HM em nenhum dos prazos prometidos, Diego De Nadai não explicou. “Idealizei o projeto do novo hospital para atender Americana para os próximos 30 anos! Não era só uma obra, mas sim todo um plano para o sistema de saúde! Meus acordos com os governadores (Serra, Alckmin) envolviam o financiamento total do novo hospital no pós obra”, declarou.

A Teto Construções foi procurada no final da tarde desta quinta-feira, mas as ligações não foram atendidas.

Cronologia em dez anos

Confira os principais fatos que marcaram a história da conturbada obra do novo pronto-socorro

  • 13.8.2009
    É anunciado O complexo hospitalar para dobrar atendimento no PS do Hospital Municipal. Assinatura do convênio de R$ 4 milhões acontece com a presença do então governador paulista, José Serra (PSDB). Valor estimado do projeto era de R$ 26,8 milhões, R$ 15,8 mi só para ampliação.
  • 16.3.2010
    Assinatura da ordem de serviço, pelo então prefeito Diego De Nadai, para o início das obras. Entrega do complexo hospitalar era prevista para um ano e meio depois. Empresa vencedora do processo licitatório foi a Teto Construções Comércios e Empreendimentos Ltda.
  • 23.4.2012
    Diego De Nadai dá novo prazo para conclusão do projeto: julho do mesmo ano. Durante a campanha eleitoral, o então candidato tucano deu ainda outra data para finalização, em dezembro. O assunto foi destacado em uma revista distribuída nas residências dos americanenses.
  • 2.4.2013
    TCE (Tribunal de Contas do Estado) encontra irregularidades no contrato. Teto Construções e prefeitura rompem. Sem crédito junto aos governos estadual e federal, pela falta de CND (Certidão Negativa de Débito), administração municipal assume oficialmente as obras no hospital.
  • 14.10.2014
    TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeita recurso de Diego De Nadai e mantém cassação do prefeito, ocorrida em maio, por irregularidades na prestação de contas da campanha. Governo interino de Paulo Chocolate, até então presidente da câmara, promete concluir PS em 60 dias.
  • 17.3.2015
    Já na gestão Omar Najar (MDB), Diretoria Regional de Saúde de Campinas promete elaborar plano para definir o valor do repasse que seria enviado pelo governo estadual à prefeitura para conclusão das obras. Expectativa era retomar serviço apenas no piso térreo da unidade.
  • 10.6.2016
    O então governador Geraldo Alckmin (PSDB) assina novo repasse de R$ 3 milhões para o encerramento dos serviços. No mesmo mês, vereadores de Americana aprovam relatório final da CEI das Receitas, que também apurava supostas irregularidades na aplicação do dinheiro nos trabalhos no HM.
  • 19.10.2017
    Prefeitura define, após processo licitatório, que a Construtora Interiorana, de Barra Bonita, assumiria os serviços no PS, tanto na parte de mão de obra, como disponibilização de materiais. Administração municipal falava em terminar a Ala 1 em novembro, mas trabalhos só foram retomados em dezembro.
  • 9.5.2018
    Atrasos nos pagamentos fazem construtora reduzir ritmo das obras. No mesmo mês, Justiça bloqueia bens do ex-prefeito Diego De Nadai e da Construtora Teto, no valor de R$ 33,7 milhões, por conta de irregularidades no serviço. Convênio assinado em 2016 vence em dezembro.
  • 28.3.2019
    Com serviços sem término e prazo, Prefeitura de Americana pede aditamento ao governo do Estado para liberação de mais recursos. Divergências sobre o pedido atrasam trabalhos na unidade de saúde. Convênio é prorrogado em abril e previsão de entrega fica para julho.

Publicidade