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Retomada da indústria

Apesar da falta de insumos, indústria têxtil já ‘costura’ retomada

A consolidação da retomada depende da normalização do fornecimento de matéria-prima, o que deve ocorrer só no ano que vem

Por Marina Zanaki

13 de dezembro de 2020, às 08h07 • Última atualização em 13 de dezembro de 2020, às 08h08

O setor têxtil tem buscado a recuperação econômica, costurando nos últimos meses estratégias como a venda online e aproveitando um reaquecimento da demanda após a reabertura do comércio. Contudo, a consolidação da retomada depende da normalização do fornecimento de matéria-prima, o que deve ocorrer só no ano que vem, e, principalmente, do controle da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Proprietário da All Boy Confeccções, em Americana, que trabalha com peças para motovelocidade e uniformes, Leandro Pereira do Amaral conta que as vendas online alavancaram na pandemia.

“Mas, do nada, começou mudar o rumo, a melhorar em vez de piorar”, diz Leandro Amaral – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

“Ficamos um mês e meio parados, só metade do horário. Mas, do nada, começou mudar o rumo, a melhorar em vez de piorar. Foi uma reviravolta rápida. Acho que isso aconteceu devido a essa injeção do governo [auxílio emergencial], pessoas em casa com dinheiro, começaram a gastar mais e começamos a atacar na internet”, considera o empresário.

Ele observou aumento no valor dos insumos e a falta de muitos deles. Itens como papelão e malha aumentaram 35%, e o plástico encareceu 50%. Em função disso, os preços das roupas já precisaram ser reajustadas em cerca de 20%.

A falta de matéria-prima fez com que a Pavin Confecções paralisasse a produção por cerca de um mês. A empresa de roupas infantis, para adultos e pijamas também encontrou aumentos em insumos que variaram de 35% a 50%, e uma parte desse encarecimento deve ser repassado aos produtos.

Uma das sócias da empresa, Tathiane Pavin Rodrigues relata que está começando a receber insumos que aguardava desde julho, e que a confecção está retomando a produção. Por outro lado, alguns itens para embalagem e conclusão dos produtos seguem em falta.

Apesar de todas as dificuldades, Tathiane define 2020 como um ano de aprendizado. “A experiência que a gente vivenciou esse ano foi única e deixou consequências para o resto das nossas vidas. Espero que possamos tirar disso o que há de melhor, o aprendizado, e levar o que tem de melhor nesse aprendizado para as pessoas”, diz a empresária.

Análise
Presidente do Sinditec, sindicato das indústrias têxteis de Americana e região, Leonardo José de Sant’Ana avalia que há uma tendência de forte demanda para o setor em 2021. Contudo, a consolidação vai depender de como a pandemia vai afetar a economia daqui para frente.

“Se a coisa voltar ao normal, com a vacinação, comércio se mantiver aberto, vamos ter acréscimo de produção muito grande em relação a 2020, e em relação a 2019 também”, comenta Leonardo.

Área de produção e estoque da All Boy, em Americana – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

“As pessoas deixam de comprar roupa por um tempo, mas depois, quando voltam, obrigatoriamente têm que comprar aquilo que deixaram de comprar, o consumo vai acontecer. Portanto, existe tendência de aumento de produção em 2021, mas a gente não sabe o que vai acontecer. É um dia atrás do outro”, analisa o empresário.

Leonardo entende que o gráfico econômico se comportou em formato de V, com um reaquecimento intenso após a reabertura do comércio. As empresas que haviam parado a produção não conseguiram retomar na velocidade necessária para fornecimento de matéria-prima.

Empregos
Uma das principais empregadoras de Americana e região, a indústria têxtil ainda tem saldo negativo de empregos no ano. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram 1.627 contratações contra 2.073 desligamentos em 2020, com um saldo de 446 postos fechados.

No setor, uma particularidade observada pelo presidente da entidade foi a falta de mão de obra. Leonardo lidou com a falta de profissionais no mercado entre julho e setembro, algo sentido tanto com profissionais especializados, caso de tecelões, como para vagas de nível básico, como auxiliares de produção.

Ele acredita que muitos trabalhadores foram demitidos e estavam recebendo seguro-desemprego, portanto não estavam em busca de recolocação.

Segundo o presidente do Sinditec, houve fechamento de empresas no setor em função da pandemia, mas as medidas do governo federal ajudaram a reduzir os custos, possibilitando que muitas seguissem abertas. Ele destaca a flexibilização dos contratos de trabalho e financiamento da folha de pagamento.

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