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Americana

Amor produzido com as próprias mãos

Aposentadas, mãe e filha fazem peças de tricô para doar a entidades assistenciais da cidade nas épocas mais frias do ano

Por Jucimara Lima

02 de janeiro de 2022, às 08h13 • Última atualização em 03 de janeiro de 2022, às 13h40

Dona Leonilda de Carlos Leal, de 92 anos, é uma mineira de coração americanense. Nascida no dia 13 de agosto de 1929, ainda muito menina perdeu a mãe e se viu sendo criada por tias, apesar de ter o pai. “Ganhei várias mães”, recorda ela, que por opção logo depois foi morar com uma dessas tias em São José do Rio Preto.

Dona Leonilda passa o dia e muitas vezes até a noite fazendo peças de tricô para doação – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

Casada há 70 anos, mas juntos há 77 (entre namoro, noivado e casamento) com o aposentado do Banco do Brasil Rubens Leal, ela é a matriarca de uma família composta por dois filhos, seis netos e cinco bisnetos, e deseja mais.

“Eu peço para minha bisneta de 24 anos: casa logo que quero ser tataravó!”, brinca.

Ainda muito jovem, ela conheceu o marido, se casou e apenas alguns anos depois se mudou para Americana devido a uma transferência que o próprio marido pediu por ter se encantado pela cidade. “Achei um bom lugar para criar os filhos”, revela ele, que já foi colaborador do LIBERAL.

De uma época em que as mulheres “casadouras” precisavam se mostrar prendadas, logo dona Leonilda se interessou por artesanato manual, sendo uma exímia costureira, crocheteira e principalmente tricoteira, arte para a qual ela se dedica até hoje, desafiando o tempo e até as limitações físicas, considerando que ela tem degeneração macular, problema que lhe roubou praticamente toda a visão.

Mesmo com a pouca visão, somada ao Mal de Parkinson, dona Leonilda é um exemplo de força de vontade e determinação. Diariamente, ela se dedica praticamente o dia todo à confecção de peças feitas em tricô, todas destinadas a doações para entidades assistenciais como o Lar dos Velhinhos, Benaiah, Grupo Voluntários Beija-Flores, Boldrini e muitas outras que solicitam.

A aposentada Silvia Helena Leal Padulla, de 69 anos, uma das filhas de dona Leonilda, explica que essa é uma das maneiras de ela se manter ativa.

“Muitas pessoas têm um cortinho no dedo e já acham que estão impossibilitadas de fazer qualquer trabalho. Minha mãe é um exemplo de que sempre é possível fazer algo, mesmo com algumas limitações”, relata.

Leonilda e Silvia fazem peças de tricô para doar a entidades assistenciais – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

Super dedicada à mãe, Silvia é a sua parceira de artesanato. “Às vezes, ela não consegue ver direito os pontos, e como sempre teve um trabalho impecável, fica chateada por não conseguir fazer como antes, mas sempre falo para ela que fazer algo é melhor do que não fazer nada”.

Seguindo essa proposta, ela chega a fazer mais de três gorrinhos ao dia, isto quando não acorda de madrugada e vai tricotar em algum outro lugar da casa para não atrapalhar o sono do marido. Segundo elas, nessa época do ano, elas produzem peças para distribuir no próximo inverno.

O exemplo dado por dona Leonilda, inspira e contagia. Além da filha, uma neta também costuma fazer esse tipo de trabalho. “Meus pais sempre fizeram trabalhos filantrópicos, doações, participaram do Lions, então sempre tiveram envolvimento com essas causas, passando esse costume de geração para geração”, recorda Silvia.

Para seu Rubens, que as duas chamam de “paitrocínio”, por ser ele o responsável por financiar a compra dos novelos de lã, isso é missão de vida. “Eu acho lindo o que minha esposa faz, apoio plenamente porque acredito que ajudar as pessoas é uma das funções que a gente tem na terra”.

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