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Relato

Americanense tenta voltar para a China há 4 meses

Cantora veio para Americana em fevereiro, mas não consegue retornar para casa por conta das limitações a voos estrangeiros

Por Leonardo Oliveira

21 de junho de 2020, às 07h35 • Última atualização em 21 de junho de 2020, às 07h48

O reencontro com a família após quatro anos se tornou pesadelo para a cantora americanense Thaísa Barbosa, de 35 anos.

Ela, que vive na China há dez anos, retornou ao Brasil em fevereiro para matar a saudade de parentes e amigos.

Thaísa e a família vivem desde 2010 em cidade chinesa; agora, tenta retornar ao país para retomar a rotina – Foto: Arquivo Pessoal

Agora, não consegue mais voltar para o exterior diante da limitação que o país asiático impôs aos voos estrangeiros.

A vida dela, do marido e do filho, de oito anos, está toda concentrada em Dongguan, cidade de 8,3 milhões de habitantes a cerca de 2 mil quilômetros da capital Pequim.

Desde 2010 o casal vive no município. Thaísa dá aulas de inglês em uma escola, enquanto o companheiro é músico em um bar local com raízes brasileiras.

Esses quatro meses longe de casa fizeram com que a família fosse obrigada e pedir que um amigo desocupasse a residência que eles moravam na China. Não havia como pagar o aluguel sem estar usando o imóvel.

A vida no país asiático aos poucos está voltando ao normal e a família, sem poder embarcar, perde os primeiros passos desse movimento.

“Nós ficamos no Brasil sem o reembolso da passagem, gastando muito mais do que o planejado para as férias. Eu estava pagando aluguel da minha casa na China, não estava recebendo o salário porque estou de férias e ainda correndo o risco de perder o emprego lá”, disse ao LIBERAL.

Thaísa está morando na casa de parentes em Americana e dando aulas online para alguns de seus alunos chineses.

Vivendo com a reserva financeira guardada durante os últimos anos, ela não pensa em ficar definitivamente no Brasil.

“As opções de educação para meu filho na China são muito melhores, oportunidade de trabalho e qualidade de vida também. A falta do Brasil é apenas da família. Agora, com essa pandemia, a crise aqui e muito mais desemprego, não é nossa primeira opção a não ser que não tenha nenhuma forma de voltar”, relata.

Quando Thaísa embarcou para o Brasil em fevereiro, a China vivia as primeiras semanas da pandemia. Já instalada em Americana, a cantora também viu de perto os primeiros casos serem confirmados no país e na cidade. O modo como os dois países encararam a Covid-19 é completamente diferente, segundo ela.

Embora o governo chinês tenha demorado para admitir a existência do vírus, assim que as medidas de combate começaram a ser anunciadas, a população as cumpriu.

“Com poucos dias de anúncio já foi tudo parado, tudo bloqueado, e ninguém viajava para lugar nenhum. Logo no início foi orientado a se usar máscara”, disse.

A família americanense quase não conseguiu pegar o voo para o Brasil diante do surgimento dos primeiros casos na China.

No aeroporto chinês, era medida a temperatura dos passageiros e perguntas sobre a cidade de origem deles eram feitas antes do embarque. Na chegada ao Brasil, esses procedimentos não foram adotados.

A China conseguiu controlar o avanço do vírus e até retomou muitos setores de sua economia. Até as aulas voltaram. Além disso, o país tem realizado testes em massa em sua população.

“As pessoas estão sendo obrigadas a fazerem o teste e o resultado fica registrado no celular, através de um aplicativo, onde é possível você mostrar se foi infectado ou não. Em todos os locais públicos é exigido você mostrar uma espécie de QR Code, que mostra se você está negativo para a Covid-19”, disse Thaísa.

Podcast Além da Capa
O mais festejado dos cinco títulos mundiais da seleção brasileira? A resposta é subjetiva, depende da percepção de cada um. Independentemente disso, a conquista da Copa do Mundo de 1970, no México, completa 50 anos sem ter ameaçado seu lugar no Olimpo do futebol. O ambiente de Americana naqueles dias de junho pauta essa edição do Além da Capa. O editor Bruno Moreira conversa com o repórter Rodrigo Alonso, além de contar com a contribuição de convidados.

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