20 de abril de 2024 Atualizado 11:07

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Americana

Americana tem década com calor acima de média histórica

Temperaturas máximas estão cada vez mais altas, segundo dados climáticos analisados por especialistas

Por Marina Zanaki

19 de janeiro de 2020, às 08h16 • Última atualização em 19 de janeiro de 2020, às 09h36

Foto: Fernando Giordano - Divulgação
Centro comparou as temperaturas máximas da última década com as médias máximas observadas nos períodos 1961 a 1990 e 1981 a 2010

As temperaturas máximas registradas em Americana entre os anos 2010 e 2019 estiveram acima das médias climatológicas. Para especialistas ouvidos pela reportagem, esse é um indício que a cidade está mais quente e, assim como já acontece com a região Sudeste, vem sofrendo os efeitos do aquecimento global.

O Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) fez um levantamento a pedido do LIBERAL sobre as temperaturas máximas observadas em Americana.

O Centro comparou as temperaturas máximas da última década com as médias máximas observadas nos períodos 1961 a 1990 e 1981 a 2010 (essas médias são chamadas de climatologias). Ao longo de toda a década, a tendência foi de temperaturas acima da climatologia.

Meteorologista e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, Luiz Felippe Gozzo analisou os gráficos a pedido do LIBERAL. Ele observou que o aumento nas temperaturas máximas pôde ser observado já entre as duas climatologias.

“A gente vê que realmente existe um sinal de temperatura mais alta [entre 2010 e 2019]. Se olhar para 10 anos e ver o mesmo comportamento, pode ver indício de relação disso com o aquecimento global. A gente está observando essa tendência em muitos lugares”, comenta Luiz Felippe.

“Qualitativamente você observa que existe uma mudança. Quantitativamente é complicado, não dá para apontar quantos graus, por exemplo”, pontua. Os gráficos ao que o LIBERAL teve acesso mostram temperaturas máximas médias na casa dos 33°C.

Meteorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Bruno Kabke Bainy analisou que os picos de temperaturas máximas ao longo da década estão relacionados ao comportamento da precipitação.

“A falta de chuva contribui para extremos, para as anomalias de temperaturas, tanto positivo quanto negativo. Mas não dá para explicar [o aumento nas temperaturas] só com a falta de chuva. É um agravante, mas há outras questões, como a urbanização”, apontou o especialista.

Em 2019, Americana alcançou as maiores temperaturas máximas da década. O Cptec analisou que as máximas estiveram acima da climatologia ao longo de todos os meses do ano, com destaque para outubro, que ficou 5 graus acima da climatologia.

O Centro apontou alguns fatores que podem explicar essa tendência. Um deles foi a menor ocorrência de episódios de ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) durante o verão. Esse fenômeno ocorre frequentemente nessa estação do ano e acaba influenciando na formação de nebulosidade e chuvas. Com menos ZCAS, a precipitação ficou abaixo do esperado e as temperaturas, mais altas.

{{1}}

Publicidade