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RENDA AUMENTOU

Americana tem a frota de veículos mais nova da Região do Polo Têxtil

Aumento da renda na cidade, parcela rica da população e procura de motoristas de aplicativo são citados como possíveis fatores para perfil único na região

Por Pedro Heiderich

03 de maio de 2021, às 07h16

Um levantamento do LIBERAL em dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) mostra que quatro em cada dez veículos registrados em Americana foram fabricados nos últimos dez anos.

A cidade é a única da RPT (Região do Polo Têxtil) em que a quantidade de automóveis produzidos entre 2011 e 2020 predomina em relação a outras décadas. Nos municípios vizinhos, a década entre 2001 e 2010 tem o maior número de veículos registrados.

Americana tem 74,4 mil veículos produzidos a partir de 2011, aponta o Departamento Nacional de Trânsito; na foto, o fluxo na Avenida Cillos – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

O economista Cândido Ferreira Filho aponta possíveis fatores que podem explicar o perfil dos automóveis no município. “O primeiro é a renda. Uma renda maior possibilita essa escolha, de poder substituir um antigo por um mais novo. Há também uma faixa da população de renda mais alta e a frota reflete essa riqueza acumulada”.

A maior frequência na compra de carros novos de parcela mais rica da população de Americana mantém o fluxo de veículos sendo adquiridos.

“Um carro é um bem de consumo supérfluo como regra geral. Mas há pessoas que trocam de carro todo ano e mantêm uma frota mais nova”.

Outro fator é a alta atividade econômica. “Não é só emprego. É o fato de haver empreendedores, que criam o próprio negócio. Comerciantes, empresários. Americana tem grande tradição industrial têxtil e de outras áreas que surgiram, que têm poder de compra”.

O economista encerra com um terceiro motivo. “As cidades vizinhas têm uma renda menor que Americana, portanto a chance de a frota de veículos ser mais nova aqui é maior. Americana é a cidade mais rica desta região, comparada a Santa Bárbara, Sumaré, Hortolândia e Nova Odessa”.

Professor de economia da Fatec em Americana, Marcos Dias aponta números da Fundação Seade que são significativos para demonstrar o crescimento da renda no município nos últimos anos.

“Em Americana, tivemos um aumento da renda média do trabalhador de 78% de 2011 a 2019. De 2011 a 2015, na metade dessa década, aumentou em 68%. O fator renda vai incidir diretamente sobre a compra de automóveis. Pode explicar e muito o aumento na demanda por carro zero na cidade”.

Marcos completa. “E se comparar com as outras cidades da região, o aumento da renda teve um percentual maior em Americana”.

Lojistas citam busca por conforto e motoristas de aplicativos

Um funcionário de uma loja de veículos na Avenida da Saudade, em Americana, que não quis ser identificado, disse que de cada 50 a 60 carros que o estabelecimento disponibiliza para venda, são apenas cinco veículos com data de fabricação anterior a 2010. Ele relata o que os clientes tem buscado em Americana. “A procura é por conforto”.

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Guilherme Spevanelli de Sousa, consultor de vendas da Alpini Veículos, loja na Avenida Nossa Senhora de Fátima, também relata que nos últimos anos a procura tem sido pelos veículos mais novos. “A maioria dos veículos é de 2010 para frente. Quando querem trocar de carro querem que seja mais novo”.

O consultor também vê o boom da Uber em Americana como outro fator. “De dez clientes na loja recentemente, oito estão procurando carro para Uber, que não pode ter muitos anos de uso”, avalia.

Motoristas de aplicativos, que pedem carros com no máximo dez anos de uso, também influenciam na idade da frota de veículos de Americana – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Paulo Henrique Souza, vendedor da F Motors, concessionária também na Nossa Senhora de Fátima, credita a busca por veículos mais modernos. “Aqui 80% dos veículos são de 2011 para cima. As pessoas querem um carro mais completo, não querem mais um carro básico. Antes não era tão essencial um carro com ar condicionado, por exemplo”, aponta.

“Acredito que possa ter relação com o alto poder aquisitivo de Americana e também dos motoristas de aplicativo que tem procurado carros novos e completos”, continuou.

Já Fabio Menegon, motorista de aplicativo em Americana, confirma: a Uber não aceita carros com mais de dez anos de uso. “A procura por carros mais novos na cidade pode ser em parte também devido a isso”. Ele estima que são de 2 a 4 mil motoristas de Americana cadastrados em aplicativos.

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