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Meio Ambiente

Americana precisaria de 23 milhões de árvores para neutralizar poluição

Volume equivale a 14.212,23 hectares, área que é maior até mesmo que a do próprio município

Por Ana Carolina Leal

26 de junho de 2022, às 08h28 • Última atualização em 26 de junho de 2022, às 08h29

Americana precisaria de 23.691.784 novas árvores, o equivalente a 14.212,23 hectares, para conseguir neutralizar a emissão de gases do efeito estufa emitidos, principalmente, pelo setor de transportes em uma década. Para se ter uma ideia, o município teria que reflorestar uma área maior que a dele, que é de 133,90 quilômetros quadrados, o que corresponde a 13.390 hectares.

Entre 2010 e 2019, foram lançados, no ar da cidade, 5.542.769 toneladas de CO2e (dióxido de carbono equivalente). Os números foram compilados pela Iniciativa Verde a pedido do LIBERAL, com base em dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases) Municípios do Observatório do Clima.

Gruta Dainese é um dos quatro locais com unidades de conservação – Foto: Claudeci Junior / Liberal

Analista de projetos do IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente), Felipe Barcellos e Silva explica que o CO2 é o principal gás de efeito estufa e tem impacto no clima global. De acordo com ele, o aumento de sua concentração na atmosfera intensifica o efeito estufa, que age como uma espécie de cobertor regulador da temperatura média da Terra.

“Cientistas avaliam que essa variação positiva da temperatura do planeta tem causado as mudanças climáticas e os eventos extremos, como chuvas torrenciais por um lado e secas, por outro”, diz.

Somente em um ano, em 2019, foram emitidas 544.970 toneladas de gases de efeito estufa no ar de Americana. Para neutralizar essa emissão seria necessário o crescimento de mais de oito milhões de árvores por um período de 10 anos. O cálculo foi feito por uma ferramenta do EPA, órgão ambiental dos Estados Unidos, que compara emissões de gases de efeito estufa com atividades equivalentes.

Números relacionados foram compilados pela Iniciativa Verde – Foto: Editoria de Arte / Liberal

Segundo Silva, o lançamento de dióxido de carbono também está relacionado com a emissão de poluentes atmosféricos, como é o caso do material particulado – assim como emite CO2, os escapamentos de automóveis, por exemplo, emitem poluentes locais.

“Esses poluentes têm efeitos negativos diretos na saúde humana. Assim, reduzir as emissões de CO2 também é uma forma de reduzir as emissões de poluentes locais, melhorando a qualidade do ar das cidades”, explica.

O que fazer
Como forma de mitigar os efeitos da emissão do dióxido de carbono e da poluição do ar, pesquisadores defendem a compensação verde e o uso de transportes mais sustentáveis.

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“Há uma grande diferença entre o uso do transporte público em relação ao carro, isso porque, por pessoa transportada, o transporte público emite bem menos carbono do que o transporte individual motorizado”, afirma Silva. Dessa maneira, diz, o transporte coletivo deve ser encarado como uma solução que reduz emissões de CO2, além de promover outros benefícios urbanos, como a democratização das cidades.

Gestor ambiental da Iniciativa Verde, Fernando Paraiso afirma que o plantio de árvores é importante porque vai além de tirar e “guardar” carbono da atmosfera. Contribui para diminuir a quantidade de gases do efeito estufa que já estão circulando no ar, como também traz outros benefícios sociais e ambientais.

“Protege o solo contra deslizamentos, a melhora na oferta e na qualidade da água, enriquece a fauna e a proteção da biodiversidade. É o que chamamos de uma SBN [Solução Baseada na Natureza]”.

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Entre outras formas de reduzir a emissão global dos gases, Paraiso cita a troca de fontes de energia fóssil por fontes de energia limpa, assim como a contenção do desmatamento, que são no geral as principais fontes de emissão desses gases e consequentemente de contribuição à crise climática.

Especialista defende plano de ação climática

A consciencialização da população é um bom primeiro passo para diminuir o lançamento de CO2 (dióxido de carbono) no ar, mas Kaccnny Carvalho, analista de Baixo Carbono e Resiliência na ONG (Organização Não Governamental) Iclei – Governos Locais pela Sustentabilidade – acredita que nesse ponto todos já tenham entendido como as mudanças climáticas afetam no dia a dia, desde a sensação térmica até na economia.

A saída, então, é pensar em estratégias para reduzir as emissões. Para Kaccnny, é importante ter um inventário de GEE (Gases do Efeito Estufa). Dessa maneira, afirma, é possível ter um retrato de como são as emissões locais, quais atividades mais emitem e pensar em um PAC (Plano de Ação Climática) para reduzir os lançamentos.

“Acredito que a população tem um papel importante de cobrar de órgãos públicos a mensuração e fiscalização das emissões, e as ONGs podem auxiliar mapeando e averiguando”.

Em Americana, visando aumentar o índice de área verde, o município implantou quatro unidades de conservação em locais estratégicos: Parque Hércules Giordano, na região do Antônio Zanaga; Parque Balneário Ribeira, na Praia Azul; Gruta Dainese, na região do Parque Gramado; e Parque dos Ipês, na região da Cidade Jardim.

Outras medidas
A administração municipal também instituiu a Apama (Área de Proteção Ambiental de Americana), na região do Pós-Represa, território que compreende um terço da cidade, com ampliação das APPs (Área de Preservação Permanente) de córregos e nascentes.

A cidade possui ainda um projeto de requalificação e revegetação das áreas verdes do município com introdução de espécies arbóreas nativas dos biomas Mata Atlântica e Cerrado. E também instituiu, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, uma comissão multidisciplinar visando a revisão do Plano de Arborização Urbana para ampliar a cobertura arbórea nos calçamentos das vias públicas. 

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