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Imunização

Americana não atinge meta em cinco de oito vacinas para bebês

Falta de doses, horários pouco flexíveis das salas de vacinas e circulação de notícias falsas podem explicar queda na cobertura no município em 2018

Por Marina Zanaki

25 de julho de 2019, às 07h57 • Última atualização em 25 de julho de 2019, às 11h40

Americana não conseguiu atingir em 2018 as metas de cobertura em cinco das oito principais vacinas que são aplicadas em bebês. A vacinação melhorou em 2018 em relação a 2017, mas ainda não alcança os índices estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Não atingiram a meta as vacinas de hepatite B, tetra e pentavalente, tríplice viral, meningo C e poliomielite. As coberturas preconizadas são de 90 a 95% da população. Os números da vacinação estão publicados no informativo socioeconômico, divulgado no site da prefeitura.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Renata Gimenez Bosso precisou buscar vacinas para sua filha em diversos postos da cidade

A Prefeitura de Americana diz que, em julho de 2018, houve uma mudança do programa de registro de informações sobre a vacinação, o que teria prejudicado dados e, por consequência, a cobertura vacinal.

Contudo, há indícios de que a queda na vacinação não ficou restrita a problemas no registro de dados. Segundo a prefeitura, as vacinas de pólio oral e meningo C estiveram em falta – ambas não atingiram a meta e esta última teve a pior cobertura no ano passado, apenas 79%. Atualmente, a rede está sem vacinas pentavalente e BCG.

A biomédica Renata Gimenez Bosso, de 32 anos, precisou fazer uma busca em diversos postos da cidade por vacinas para proteger a filha Liz, hoje com um ano e 11 meses.

Ela afirmou que teve dificuldade em encontrar as doses de pentavalente, rotavírus e meningo C. “A rotavírus, quando estava na semana que ia dar a data limite, comecei a ligar todo o dia em todos os postos da saúde”, disse ao LIBERAL.

A pediatra Mirian da Silva Nunes, de Americana, alertou que os pais devem ficar atentos ao calendário vacinal. “Se passar pouco tempo não tem problema, mas se for um atraso de três, quatro meses, a gente tem medo que aquela dose não seja suficiente para cobrir aquela doença”, orientou.

Renata contou que conhece mães que acabaram indo em outras cidades para vacinar os filhos porque não encontravam as doses. “Acredito que pessoas que não se preocupam tanto com a vacinação, se encontram uma dificuldade dessas como eu encontrei para vacinar minha filha, acabam deixando passar”, declarou.

ESPECIALISTAS

Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfour acredita que a falta de doses seja um dos fatores que prejudicam a cobertura vacinal.

Ele elencou ainda outros motivos, como os horários reduzidos das salas de vacina, falsa sensação de segurança movida pela falta de casos de doenças e a própria complexidade do calendário vacinal frente a rotina corrida dos pais.

Como solução, ele defende a realização de diagnósticos que apontem os problemas locais que acabaram levando à queda na cobertura. “Mas algumas coisas são básicas, como flexibilização do horário das salas de vacinas, comunicação com a população sobre a importância, capacitação do profissional, e não faltar vacinas”, indicou.

Professor de microbiologia e imunologia pela PUC-Campinas, Thiago Miranda da Silva relacionou a queda na cobertura à circulação de notícias falsas sobre efeitos adversos de vacinas. “É importante deixar claro que vacinação é eficaz, eficiente e fez com que tivéssemos uma queda no número de doenças”, reforçou.

O Ministério da Saúde lançou o Movimento Vacina Brasil com o objetivo de reverter o quadro registrado nos últimos anos. Questionada, a pasta não respondeu sobre a falta de vacinas em Americana.

“Queda das coberturas vacinais é um problema mundial. No Brasil, todas as vacinas destinadas a crianças menores de dois anos de idade vem registrando queda desde 2011, com maior redução a partir de 2016”, segundo o ministério.

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