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AMERICANA, 145 ANOS

Americana e o desafio do abastecimento

Obras tentam reduzir problema histórico na cidade e garantir segurança hídrica até em situações extremas

Por André Rossi

27 de agosto de 2020, às 08h54 • Última atualização em 09 de dezembro de 2020, às 16h54

Americana enfrenta há décadas um problema crônico de falta d’água. Setores fundamentais para o sistema estavam comprometidos ou defasados, desde a captação no Rio Piracicaba, passando pela falta de estrutura para armazenamento, até as redes que levam o líquido para a casa dos moradores.

Com base nesse diagnóstico e com aval do prefeito Omar Najar (MDB), o DAE (Departamento de Água e Esgoto) traçou em 2018 um plano de reestruturação de seus alicerces. Agora, em 2020, um ciclo de recuperação se fecha e coloca a cidade em outro patamar.

De acordo com o superintendente da autarquia, Carlos Cesar Gimenes Zappia, a primeira coisa a ser feita era deixar a ETA (Estação de Tratamento de Esgoto) em melhores condições de operação.

Os decantadores do DAE de Americana, remodelados – Foto: Prefeitura de Americana / Divulgação

Foi necessário reformar os quatro decantadores da unidade. O mais novo deles era da década de 70. Por causa do estado de conservação, era preciso interromper o fornecimento com muita frequência, o que aumentava os riscos de colapso da rede.

Antes da remodelação, 4,5 milhões de litros de água eram usados diariamente para lavar os filtros dos decantadores. O volume equivale a 5,2% de toda água que é consumida na cidade por dia. Agora, a lavagem diária dos filtros consome 1,5 milhões de litros.

A obra foi iniciada em 2018 e concluída em julho de 2019, ao custo de R$ 2,8 milhões. O processo foi complexo e reduzia em 20% a produção de água durante a execução.

“É uma obra que era esperada pelo grupo de técnicos há mais de 20 anos. Nós corríamos um risco iminente, na época, de perder todos os decantadores. Sem decantadores não tem tratamento de água. E era algo que poderia acontecer a qualquer momento”, comenta Zappia.

Com a ETA reestruturada, a autarquia pôde mirar o próximo objetivo, que era garantir o abastecimento de água até mesmo durante a estiagem. Para isso, em julho deste ano, foi entregue o novo barramento de alçamento de nível do Rio Piracicaba.

A estrutura teve investimento de R$ 2,3 milhões e vai garantir a cota mínima necessária para o funcionamento das bombas no ponto de captação, com elevação mínima de um metro em época de estiagem. No ponto da barragem, a elevação em vazão média será de 44 centímetros acima das condições atuais.

“É um barramento, mas tem toda a estrutura e foi calculado como barragem, inclusive prevendo as fortes chuvas, as piores que tivemos nos últimos 30 anos. E garantindo a piracema também”, diz o superintendente.

Barramento no Rio Piracicaba foi construído abaixo da unidade de captação de Americana, no limite com Limeira, no Nova Carioba – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Essa obra se conecta diretamente com outra que deve ser entregue até outubro: a nova captação de água bruta do Rio Piracicaba. Atualmente, a cidade possui uma unidade de tomada de água com capacidade para receber, no máximo, 1.050 litros por segundo, mas a maior parte do tempo trabalha abaixo dessa vazão.

“Americana nunca teve uma captação de água, tem uma tomada de água. Os novos equipamentos utilizados foram lançados ano passado na Europa. Vão permitir o controle todo do sistema por telemetria. É de primeiro mundo, vamos ter mais segurança e ainda economizar energia”, explica Zappia.

Capacidade

Americana produz e consome diariamente 80 milhões de litros d’água. Porém, a capacidade de armazenamento era de apenas 30 milhões.

Diante deste cenário, o DAE investiu na reforma de cinco reservatórios e na construção de quatro novos, que tornarão possível guardar até 40 milhões de litros. Todas as estruturas serão entregues até setembro.

“Aí nós fechamos um ciclo de água, ou seja, melhoramos as condições de captação de água bruta, melhoramos a ETA e mandamos água para outros reservatórios”, explica o superintendente da autarquia.

Com maior capacidade de captação e armazenamento, o próximo passo era garantir que a água chegasse até a casa dos moradores. Novamente priorizando áreas de maior risco e desgaste, o DAE iniciou a troca de tubulações e adutoras.

Uma das situações mais graves acontecia na Avenida Campo Sales. A subadutora da via rompeu pelo menos 14 vezes somente neste ano.

O departamento investiu R$ 1,1 milhão para substituir 1,1 mil metros da tubulação da avenida. Apesar de não ser considerada uma rede “antiga”, com 22 anos, o material apresentava fadiga e era suscetível a rupturas. A substituição foi concluída em julho.

Também está em construção a SA 12, que é uma nova subadutora de água tratada. Com três mil metros de rede, ela beneficia os bairros do Pós-Anhaguera, São Vito e futuramente atenderá a região do São Luiz.

Com investimento de R$ 6,2 milhões em recurso próprio, a obra foi iniciada em setembro do ano passado e deve ser concluída até outubro. O processo é considerado complexo porque se trata de uma tubulação com muito movimento, e não plana como era o caso da Campo Sales.

“É uma rede muito velha, da década de 70. Pelo material utilizado, de fibra de vidro, deveria durar uns 20 anos. Ou seja, ela deveria ter sido substituída na década de 90. Ela já estava pedindo ‘pelo amor de Deus’ para a gente trocar”, contou Zappia.

O superintendente do DAE de Americana, Carlos Cesar Gimenes Zappia – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Futuro

Um dos próximos objetivos do DAE é a criação de um novo reservatório “pulmão” na ETA, com capacidade para 10 milhões de litros d’água.

Tudo que é produzido pela estação é enviado para essa unidade, que manda para os outros 14 reservatórios espalhados pela cidade. O atual pulmão foi criado na década de 70, comporta 3 milhões de litros e apresenta problemas estruturais, inclusive com vazamento.

“O projeto já está pronto. Estamos acertando com a prefeitura uma área e estamos fazendo o processo de como serão as interligações, estudos, para partir para processo de licitação. Não deve ocorrer esse ano”, ressaltou Zappia. 

A autarquia também trabalha para viabilizar a substituição de redes antigas da cidade. A estimativa é de que 40% dos mil quilômetros de encanamento terão de ser trocados nos próximos anos.

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