Americana
Americana deve perder cinco médicos de programa federal
Contratos de profissionais do Mais Médicos acabam em agosto e Ministério da Saúde informou que está priorizando cidades “mais vulneráveis"
Por George Aravanis
08 de junho de 2019, às 09h41
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/americana-deve-perder-cinco-medicos-de-programa-federal-1023849/
Americana deve perder cinco médicos do programa Mais Médicos até o final de agosto. Moradores do Mário Covas fizeram um abaixo-assinado para que um deles não deixe o posto de saúde do bairro. A ameaça de cortes ocorre num cenário de sobrecarga na rede de atenção básica. Há deficit de profissionais e uma licitação para contratação de médicos de atenção básica foi anulada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) na semana passada.
A prefeitura informou que tenta reverter a situação com o governo federal, responsável pelo programa. De acordo com a assessoria de imprensa da administração, os contratos destes cinco médicos vencem no final de agosto. Segundo a prefeitura, o governo considera que Americana não se enquadra mais no formato do programa para renovar os contratos com os profissionais.
“A secretaria já preparou para protocolar no Ministério da Saúde um documento solicitando uma reconsideração com relação ao município, para manter os profissionais aqui, além de solicitar uma possível ampliação do número de médicos contratados por meio do Mais Médicos para o município”. O vereador Rafael Macris (PSDB) fez um requerimento questionando a prefeitura sobre o assunto nesta semana.
No Mário Covas, preocupados com as consequências, moradores se mobilizaram e colheram assinaturas pedindo a permanência de Leandro Morales, médico de saúde da família da unidade. Três pessoas do bairro ouvidos pelo LIBERAL elogiaram a atuação do profissional. “Ele salvou a vida da minha filha, ele não fez um trabalho de um médico, fez um trabalho de um anjo”, afirmou a auxiliar de cozinha Maris Arlette Salvador, 57, que afirma que o profissional ajudou a filha, de 27 anos, a superar uma depressão.
O aposentado José Francisco Ferreira, 58, um dos que organizaram o abaixo-assinado, disse que o documento já foi entregue. Ele não sabe o número exato de assinaturas coletadas.
Morales, que é brasileiro e estudou medicina na Espanha, trabalha no posto há seis anos. Inscreveu-se para trabalhar no Mais Médicos pelo desafio de atuar em seu país. Além do atendimento no posto, faz visitas a pessoas acamadas e com dificuldade de locomoção. “Não vemos ali a questão só de um sintoma de uma doença, a gente tenta entender o processo de adoecimento.”
O Ministério da Saúde informou que vem mantendo a renovação apenas em cidades “mais vulneráveis [socialmente], em geral pequenas, além dos distritos sanitários indígenas.”
Na lista de 1.130 municípios que devem receber médicos na próxima fase do programa, não há nenhum da RPT. O ministério informou que, para atender municípios que se encontram sem médicos, publicou uma portaria no início de abril estendendo para seis meses o prazo de pagamento da verba de custeio repassada às unidades de saúde da família que perderam profissionais do Mais Médicos.
O governo federal também informou que trabalha na elaboração de um novo programa para ampliar a assistência primária, que deve ser lançado em breve.