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Boas Histórias

Aequotam quer triplicar atendimento até 2021

Entidade aposta em nova legislação que reconhece atividade da equoterapia para ampliar parcerias, tanto com poder público quanto privado

Por Marina Zanaki

03 de julho de 2019, às 14h23 • Última atualização em 03 de julho de 2019, às 14h50

A Aequotam pretende, em um ano e meio, triplicar o atendimento realizado em Americana. A entidade oferece o tratamento de equoterapia a 40 pessoas da região e pretende ampliar para, pelo menos, 150 atendimentos.

A aposta é que uma nova legislação sancionada pela presidência em maio, que confere reconhecimento à atividade como um tratamento para recuperação de pessoas com deficiência, auxilie a associação sem fins lucrativos a alcançar parcerias, tanto no setor público quanto privado.

Foto: Divulgação
Aequotam quer triplicar atendimento até 2021

Além disso, a Aequotam deve se mudar, até o fim do ano, para uma nova sede que vai contar com um espaço maior para atender o público – para isso, a entidade busca parcerias para a construção da estrutura mínima, estimada em R$ 1 milhão.

Atualmente, há 15 pessoas aguardando uma vaga, mas existe um potencial de demanda ainda maior. A indicação é da fisioterapeuta e coordenadora da entidade, Daniela de Rizzo Bordignon.

Ela explicou que a equoterapia é eficaz para pessoas com deficiências físicas e intelectuais, promovendo reabilitação motora e ressocialização, mas existe também um potencial de melhora para pessoas que tenham apenas atraso no desenvolvimento.

A especialista indicou que a equoterapia possibilita um exercício chamado dissociação pélvico escapular e que a marcha do cavalo é 95% similar ao caminhar humano.

“Toda vez que coloca uma criança, adolescente ou adulto em cima do cavalo, o cérebro vai entender o movimento dessa dissociação numa marcha. O animal faz o movimento tridimensional, esse balançar, você vai ter essa jogada pra frente, para trás, de um lado, outro, para cima e para baixo”, explicou.

Além da reabilitação motora, os participantes também melhoram o equilíbrio e resgatam a auto-estima. “A criança que sempre teve hábito de olhar pra cima porque estava na cadeira, na cama, a partir do momento que está no animal olha para baixo, e ocorre um empoderamento”, indicou.

Atualmente, a entidade funciona na Fazenda São Jerônimo. Contudo, a área privada será utilizada pelo proprietário e a Aequotam vai precisar mudar de endereço até o final do ano. A Prefeitura de Americana concedeu por 20 anos uma área para ser usada pela entidade, com a contrapartida de reconstituição da APP (Área de Preservação Ambiental) e o plantio de 1943 árvores.

Contudo, a Aequotam enfrenta dois desafios para conseguir fazer a mudança. O primeiro é o valor de quase R$ 70 mil em as taxas ambientais para conseguir o licenciamento e alvarás. O segundo é a construção da sede – o projeto mínimo prevê um gasto de R$ 1 milhão, mas existem melhorias que a tornariam um centro de referência e que custam R$ 7 milhões.

Das 40 pessoas atualmente atendidas, 9 obtiveram na Justiça o direito ao tratamento, custeado por convênios ou pelo SUS. Contudo, a entidade ainda tem um custo operacional de R$ 15 mil por mês.

As contas são pagas por meio de parcerias, doações e eventos. No dia 13 de julho, por exemplo, será realizada uma festa julina cuja arrecadação será totalmente revertida à Aequotam. O preço do convite antecipado é R$ 3, e a festa será realizada na Chácara Luz do Campo, em Nova Odessa.

Os convites do evento e outras informações sobre como ajudar a entidade podem feitos na sede da Aequotam, que fica na Rua Serra do Japi, número 109, no Parque da Liberdade. O telefone é 3406-4945.

Mesmo com lei, advogado prevê dificuldades

A lei 13830/2019 foi sancionada em maio, regulamentando e reconhecendo o tratamento da equoterapia. O advogado Elton Fernandes, especializado em direito da saúde, indicou que a dificuldade das famílias em ter o tratamento custeado, seja pelo SUS ou por convênios, não se dá pela falta do reconhecimento formal.

Foto: Divulgação
As contas da entidade são pagas por meio de parcerias, doações e eventos

Ele prevê que, mesmo com a lei, ainda seja necessário buscar na Justiça o acesso. “Toda doença listada no código CID tem cobertura obrigatória pelo plano de saúde, e se cobre a doença não pode excluir o tratamento. O SUS também tem obrigação, o paciente vai precisar demonstrar que procurou o serviço, não há atendimento no município e aí pode judicializar contra o SUS”, indicou.

A Aequotam reclama que já enviou três projetos à Secretaria de Saúde para propor parceria e atendimentos a moradores da cidade, já que por diversas vezes recebeu solicitações por parte de equipes da própria saúde pública. Contudo, os três foram rejeitados.

Questionada, a prefeitura apontou que a legislação que reconhece o tratamento vai entrar em vigor apenas em novembro. “Portanto, qualquer parceria baseada nela apenas poderá ser tratada após esse período.

A Secretaria de Saúde está à disposição para conversar com a entidade, no entanto, parcerias deste tipo precisam estar previstas no orçamento do município, que é definido um ano antes. Assim sendo, a viabilidade financeira de uma possível parceria precisaria ser analisada”, afirmou.

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