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Americana

Advogada que assumiu autoria de dossiê foi motivada por ataques de padre

Segundo a advogada Talitha Camargo da Fonseca, a defesa do padre estava adotando a tática de processar e acusar as vítimas para calá-los

Por George Aravanis

13 de julho de 2019, às 16h28 • Última atualização em 08 de junho de 2021, às 10h21

Foto: Arquivo / O Liberal
Segundo a advogada, a defesa do padre estava adotando a tática de acusar as vítimas

Advogada de seis pessoas que acusam o padre americanense Pedro Leandro Ricardo de abuso sexual e co-autora do dossiê anônimo que deu origem às investigações, Talitha Camargo da Fonseca, 32, afirma que assumir a autoria do documento foi necessário para puxar a responsabilidade após ataques às vítimas.

Talitha e José Eduardo Milani, 37, montaram o dossiê enviado em setembro de 2018 à deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), o que deu origem à apuração policial. Em janeiro, eles e mais um grupo de paroquianos providenciaram o envio do documento ao Vaticano. Leandro é investigado pela polícia e pela igreja por suspeita de abuso sexual. Está afastado das funções de sacerdote desde janeiro. Três homens, duas mulheres transexuais e uma mulher denunciaram o padre à polícia de Araras (onde Leandro atuou antes de assumir a Basílica de Americana). Talitha e Milani dizem ter agido por indignação.

Segundo a advogada, a defesa do padre estava adotando a tática de acusar as vítimas. “Quando a pessoa dele de forma não processual começou a atacar-nos como organização criminosa, como estado de prostituição, vítimas escolhidas a dedo e coisas assim, é que eu e o Zé [José Eduardo Milani] tivemos que puxar pra nós”.

Realmente, a defesa do padre já afirmou à imprensa, inclusive ao LIBERAL, que as denúncias eram fruto de um grupo criminoso e que pessoas que se prostituíam estavam sendo contratadas para se apresentar como vítimas. As acusações foram divulgadas em nota encaminhada pelo advogado do padre, Paulo Sarmento, em março.

Segundo Talitha, as vítimas de abuso são tradicionalmente fragilizadas. Já foi difícil, explica a advogada, convencê-los a depor. Alguns já tinham tentado se matar.

O primeiro contato dela com o caso foi a defesa de uma moradora de Araras que, em 2012, escreveu uma carta relatando uma denúncia que havia levado à Diocese em 2008. Naquela ocasião, relatou que o padre tinha um relacionamento com um garoto da cidade, frequentador da igreja e hoje padre – ela diz ter sido procurada pela própria mãe do rapaz. À igreja a família do rapaz negou.

Em 2014, Leandro apresentou queixa crime contra a mulher. Talitha, que tinha um amigo em comum com ela, então observou que o padre movia processos contra outras pessoas. Em sua opinião, era uma prática comum para calá-los. “Vieram casos de assédio moral, pessoas sendo processadas pra que não falassem o que sabiam, processadas por motivos descabidos”, afirmou.

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