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IR 2020

Adelino Ferreira Campos, contador: há 58 anos trabalhando à moda antiga

Adelino Ferreira Campos, 80, não usa computador, somente a máquina de escrever, mas faz questão de se manter atualizado

Por George Aravanis

03 de março de 2020, às 11h38

Há 58 anos na ativa como contador, Adelino Ferreira Campos, 80, não se adaptou à tecnologia. Quando precisa digitar algo, usa a máquina de escrever que o acompanha há 30 anos. Celular, não tem. “Tira a liberdade”, afirma Adelino, apontado pela Aescon (Associação dos Contabilistas de Americana) como um dos mais antigos contadores em atividade em Americana.

Não que seja um profissional à moda antiga por orgulho. Não ter aprendido a usar os computadores foi “um de seus erros”, afirma. Até tentou, mas ele e a máquina não se deram bem.

Os avanços tecnológicos são, inclusive, a principal mudança que ele testemunhou desde que se formou em contabilidade, em 1962. “Era tudo na caneta, na mão, hoje é tudo no computador. Hoje, se não souber usar o computador, não adianta ser formado.”

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Como um dos mais antigo contador de Americana, Adelino, o importante é se manter informado e saber aplicar a legislação

E é justamente por causa da tecnologia que ele entende que houve uma mudança de comportamento por parte de uma parcela dos clientes, que acha que tudo é fácil demais. “Parte desse pessoal acha que porque você tem um computador, você sabe fazer tudo; se não tem, está cobrando muito caro”, explica Adelino, um dos sócios do Escritório Atlas, na rua Padre Manoel da Nóbrega. Antigamente, acredita, havia mais respeito. “Se estou cobrando é porque uma mão de obra está sendo feita”.

Mas Adelino aponta que um dos principais desafios da profissão não tem necessariamente a ver com avanços tecnológicos. Manter-se atualizado sobre a legislação referente à contabilidade é o que faz um bom contador, já que as regras não param de surgir, na visão do veterano. “Não adianta usar o computador e não saber aplicar a legislação”, afirma o profissional.

Conhecimento

A declaração, por exemplo, é uma das tarefas que muita gente acha fácil, conta Adelino. Mas alerta que, sem o conhecimento, é possível enfiar os pés pelas mãos quando uma pessoa tenta fazer a documentação sozinha.

O próprio Adelino diz que chega a ficar de dois a três dias envolvido com uma declaração mais complicada, de algum cliente com muitos bens. Após quase seis décadas na mesma profissão, o profissional ainda trabalha todos os dias.

O médico já o aconselhou a parar – o contador se recupera de alguns problemas de saúde, como um câncer -, mas Adelino ainda não bateu o martelo. Por enquanto, segue a rotina e deixa os serviços no computador para os funcionários.

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