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Americana

Acusado de liderar tráfico no Zanaga pega 9 anos de prisão

Sentença vem após operação da Dise e ameaças de resgate de suspeito de integrar o PCC; outros três também foram condenados

Por João Colosalle

04 de outubro de 2019, às 09h02 • Última atualização em 04 de outubro de 2019, às 15h44

A 2ª Vara Criminal de Americana condenou a nove anos de prisão Agripino José Alves Júnior, o Pinóquio, acusado de liderar o tráfico de drogas na região do bairro Antonio Zanaga e suspeito de pertencer à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Outros três homens também foram condenados. Todos podem recorrer.

Pinóquio foi preso em junho do ano passado após investigação da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Americana. Na ocasião, foram apreendidas porções de droga, dinheiro e dois carros considerados de alto padrão, um GM Camaro e um Hyundai Veloster, que chamaram a atenção da polícia.

Na Justiça, Pinóquio acusa policiais de forjarem sua prisão em represália por querer reduzir o pagamento de propina para a operação de máquinas caça-níqueis. A denúncia está em apuração sigilosa na corregedoria.

Foto: Dise / Divulgação
Na operação, em junho do ano passado, Dise encontrou um GM Camaro

De acordo com relatórios da Dise, Pinóquio já aparecia em apurações locais sobre tráfico e crime organizado há anos. Em 2015, foi investigada a relação dele com uma organização criminosa que distribuía droga vinda do Mato Grosso do Sul e do Paraguai em Americana, mas tal conexão não foi comprovada.

Pouco antes, uma investigação do Gaeco, braço do Ministério Público que apura o crime organizado, acusou Pinóquio e mais 16 pessoas de integrarem o PCC na região.

Segundo planilhas apreendidas na cidade de Conchal, em 2014, ele teria sido “batizado” na facção em dezembro de 2012.

A ação do Gaeco, entretanto, não prosperou. Em junho de 2016, Agripino e todos os outros réus foram absolvidos pela 2ª Vara Criminal de Americana por falta de provas.

No ano passado, a Polícia Civil voltou a colocar Pinóquio no alvo de investigações sobre tráfico de drogas. A partir da apuração de 2015 e com base em denúncias anônimas sobre o comércio de drogas na região do Pós-Anhanguera, novas apurações, campanas e acompanhamentos velados foram feitos por investigadores.

O aprofundamento da apuração levou a uma nova conexão de Pinóquio com o PCC. Na hierarquia da facção, Agripino Júnior teria outro apelido: Irmão Cauã.

Uma prisão feita em janeiro de 2017 pela Dise serviu para reforçar a suposta ligação. Na época, anotações apreendidas com um membro do PCC que traficava no Jd. dos Lírios traziam o nome “Kauan” como participante de ações da facção.

Apesar da conexão apontada pela polícia, Pinóquio não foi formalmente acusado de integrar a facção criminosa.

O LIBERAL não conseguiu contato com o advogado que representa Pinóquio na ação da Dise. Além de suposta retaliação, a defesa diz que a investigação foi clandestina e tem inconsistências, como a falta de relatórios detalhando as campanas ou imagens que mostrem acusados em situação de tráfico. Na sentença, proferida na segunda-feira (30), a alegação foi desconsiderada.

Polícia relatou ameaças de resgate

Pinóquio foi preso na manhã do dia 12 de junho em uma casa de alto padrão, no bairro Nossa Senhora de Fátima. A prisão dele provocou episódios de tensão na segurança local, segundo relatórios da polícia.

Na data da operação, Pinóquio foi levado para a sede da Dise, que recebeu uma ligação anônima de um possível resgate do traficante. O mesmo ocorreu com a Gama (Guarda Municipal de Americana). A situação fez com que a polícia reforçasse a segurança no prédio da delegacia.

No dia seguinte, durante audiência de custódia, nova ameaça. Desta vez, a tentativa de resgate ocorreria nas dependências do Fórum, na Avenida Brasil, onde a segurança é de responsabilidade da Polícia Militar. O conteúdo narrado em nova denúncia anônima, porém, não se concretizou.

Os episódios fizeram com que a SAP (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária) optasse, por motivos de segurança, pela transferência de Pinóquio do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Americana.

De acordo com documentos da polícia, o pedido era para que Pinóquio fosse levado à Penitenciária de Presidente Venceslau, onde até fevereiro deste ano permaneciam recolhidos presos acusados de integrar a cúpula do PCC no País. Atualmente, ele está preso no CDP de Capela do Alto.

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