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Americana

Accell diz não ter condições de manter funcionários e planeja recurso

Decisão judicial foi cumprida na manhã desta quarta-feira, reintegrando 54 dos 109 trabalhadores que haviam sido demitidos de empresa em Americana

Por Marina Zanaki

25 de novembro de 2020, às 20h49 • Última atualização em 26 de novembro de 2020, às 09h25

Após ser obrigada por decisão judicial a reintegrar cerca de 50 trabalhadores, entre 109 que foram demitidos em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Accell, em Americana, disse que não tem condições de manter esse quadro de funcionários.

A empresa afirmou que estuda alternativas para realizar a reintegração, determinada em uma ação judicial movida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, mas que planeja recurso para tentar revertê-la.

Accell teve fila para readmissão de funcionários – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

“Eu não consigo dentro de uma gestão responsável assumir todas essas pessoas. O fato é que se eu tiver que reintegrar as 109, vou ter que mandar pessoas embora. Não posso ter 30% de pessoas a mais, da noite para o dia, sem fazer um remanejamento”, disse o presidente da empresa, Henrique Gustavo da Costa. “É fácil falar: está reintegrado, agora o empregador tem que resolver o problema. Mas como eu aloco?”, questionou.

Ele estima que uma parte das reintegrações seja possível manter, mas não a totalidade. A previsão é ligar para os reintegrados nos próximos dias para informar sobre a realização dos exames médicos.

As demissões ocorreram entre julho e agosto. Segundo o sindicato e os funcionários, a empresa firmou um acordo com a entidade para suspender os contratos de quem fazia parte do grupo de risco e para reduzir até 15% na jornada de trabalho, mas, ao invés disso, demitiu 109 trabalhadores sem negociação coletiva.

“Foram tentados todos os subterfúgios que o governo nos dava, mas a pandemia foi mais longa que o fôlego financeiro e empresarial para não estar rescindindo contratos”, explicou Costa.

A Accell, que trabalha com soluções para o setor de gás, energia e água, revelou que a crise provocou a paralisação de 95% da produção em estoque. Entre um e dois meses após as demissões, a empresa observou um reaquecimento do mercado e contratou 65 pessoas.

Segundo Costa, foi buscado junto ao sindicato um acordo para readmitir parte dos trabalhadores desligados, mas a medida esbarrou em impedimentos legais.

MANDADO
Um mandado de reintegração foi cumprido com a presença de um oficial de Justiça nesta quarta-feira (25). De acordo com o sindicato, para evitar aglomerações, o restante dos trabalhadores irá até a empresa na próxima terça-feira (1º).

A empresa argumenta que nem todos os 109 funcionários demitidos têm interesse em retornar. A Accell afirma que as verbas rescisórias recebidas no período, como Fundo de Garantia, terão de ser devolvidos pelos trabalhadores reintegrados ao governo.

ALÍVIO
O que se viu na manhã desta quarta foi o alívio de funcionários. “Foi meio complicado porque, infelizmente, coincidiu de eu e meu esposo ficarmos desempregados ao mesmo tempo. O que ajudou bastante foi o seguro desemprego, mas acaba agora em dezembro”, disse a montadora Cleonice Ferreira.

“É uma vitória da classe trabalhadora. Nós não imaginávamos que conseguiríamos. Eu consegui fazer alguns freelancers nesse período, mas sem alguma perspectiva”, disse a também montadora Raquel Prates.

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