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Novos negócios

Abertura de empresas em Americana volta a patamar anterior à pandemia

Para representante de empresas, números mostram mudança nas relações de trabalho reforçadas pelo contexto econômico

Por George Aravanis

02 de agosto de 2020, às 07h43 • Última atualização em 02 de agosto de 2020, às 08h14

O número de empresas abertas em Americana em junho voltou ao patamar observado antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Segundo dados do Mapa de Empresas do governo federal, 443 firmas foram formalizadas na cidade no mês, enquanto 138 acabaram fechadas – saldo positivo de 305.

O movimento acontece após uma brusca queda observada enquanto o vírus se disseminou no Brasil e sufocou a economia. Em abril e maio, por exemplo, foram abertas 270 e 299 empresas, respectivamente. A situação é semelhante em Hortolândia, Sumaré e no Estado – veja quadro nesta página.

Abertura de MEIs para atividades com motos colaborou no resultado – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Para o presidente da Acia (Associação Comercial e Industrial de Americana), Wagner Armbruster, há um aquecimento na economia e a perspectiva é positiva. Ele diz que tem havido uma migração de empresas para outros ramos, pessoas demitidas têm investido em negócio próprio e, principalmente, se observa atualmente uma mudança nas relações de trabalho.

Armbruster cita como exemplo o caso de empresas que antes tinham o próprio serviço de entrega e que, com a situação provocada pela quarentena, passaram a terceirizar o trabalho, talvez até para ex-funcionários.

“Ele [empresário] deixou de ter o funcionário para ter um parceiro”, afirma. “De repente gastava com o funcionário R$ 2,5 mil, aí o funcionário monta uma empresa, não trabalha só para mim, faz por R$ 1,5 mil para mim e para outros, então para ele [funcionário] é bom, passou a ganhar R$ 3 mil. E eu, de R$ 2,5 mil caiu pra 1,5 mil.”

Os números mostram que 85,1% das firmas abertas em junho são de empresários individuais – antes da pandemia, a porção de microempreendedores individuais era semelhante.

ENTREGAS. Um dos exemplos que podem ajudar a explicar o acréscimo é o setor de entregas.

Quem trabalha no ramo de motofrete diz que a procura pelo serviço aumentou muito durante a quarentena – já que bares e restaurantes estão fechados e o comércio em geral também ficou de portas abaixadas durante parte do período.

Eduardo Benites Lourenço, de 30 anos, aproveitou a onda de crescimento no ramo para se formalizar como MEI (Microempreendedor Individual) em junho. Antes disso, ele trabalhava com polimento de automóveis e fazia bico como motoboy aos fins de semana.

Como a procura pelo primeiro serviço caiu em meio à pandemia e a busca pelo segundo cresceu, Lourenço se tornou um dos novos 443 empresários da cidade em junho, após conseguir se tornar prestador de serviço fixo para uma empresa. “Começou a aparecer bastante serviço de motoboy, então eu foquei no ramo.”

A formalização da empresa foi uma necessidade, conta Lourenço. “Precisava emitir nota [fiscal] para eu trabalhar todos os dias para ela [empresa], foi aí que tive de correr atrás de abrir a MEI.”

Allan Victor Rodrigues da Silva, de 22 anos, perdeu o emprego formal em março, em meio ao avanço do novo coronavírus. Não preenchia os requisitos para ter acesso ao seguro-desemprego e se tornou MEI para também trabalhar como motoboy.

O diretor de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Americana, Marcelo Fernandes, afirma que o movimento mostra que muita gente tem tirado do papel o desejo de empreender e, às vezes, de ganhar mais do que recebia como funcionário.

Em Americana, o mês com maior número de abertura de empresas no ano foi março (450). Em fevereiro, também foram formalizadas 443 firmas, assim como em junho. Em janeiro, foram 431.

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