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Vila Galo

Abaixo-assinado de moradores da Vila Galo tenta impedir abrigo

Cerca de 300 assinaturas tenta impedir a instalação de um abrigo para homens em situação de rua

Por Valéria Barreira

25 de setembro de 2019, às 08h50 • Última atualização em 25 de setembro de 2019, às 12h08

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal
Nesta terça-feira cartazes com frases contrárias à iniciativa foram afixados no alambrado do imóvel, na Rua Paissandu

Moradores da Vila Galo, em Americana, estão protestando contra a instalação de um abrigo masculino para moradores em situação de rua no bairro. Um abaixo-assinado com cerca de 300 assinaturas foi entregue na última sexta-feira, na prefeitura. Ontem, cartazes com frases contrárias à iniciativa foram afixados no alambrado do imóvel, mas no final do dia foram retirados do local pelo secretário de Ação Social e Desenvolvimento Humano, Ailton Gonçalves.

O prédio é do município. Ele está localizado na Rua Paissandu e será usado pela OSC (Organização da Sociedade Civil) Vinde à Luz para instalar um abrigo para homens em situação de rua. A entidade foi contratada pela Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Ação Social e Desenvolvimento Humano, para o serviço de abordagem social.

“Pastor Ailton Gonçalves instale seu abrigo para homens em frente à sua casa ou na sua Igreja Presbiteriana. Fora este abrigo. Aqui sempre foi bom”, dizia um dos cartazes, citando o nome do secretário de Ação Social. “Este local público nunca foi hotel, SPA, clínica, casa e muito menos será ‘abrigo’ para homens sem famílias e sem emprego. O que o nosso bairro ganha com este projeto?”, continha outro.

A jornalista Silvia Basque encabeça o abaixo-assinado e lidera o movimento contra o abrigo. Ela reside há 50 anos na Rua Paissandu. “Consegui quase trezentas assinaturas só aqui por perto. Nenhum morador aprova isso. A gente sabe qual é o comportamento desses homens. São dependentes químicos e ex-presidiários. Aqui tem mulheres, crianças. Vão tirar nossa liberdade e nossa segurança”.

A moradora também questiona os critérios para escolha do imóvel e ressalta que um projeto com mulheres da terceira idade que funcionava há 20 anos no local, foi desalojado para dar espaço ao abrigo masculino. “Desalojaram oitenta senhoras para substituí-las por homens que vivem nas ruas. Qual critério?”, questiona.

CRITÉRIOS. O secretário de Ação Social confirmou ontem o funcionamento do abrigo no local, mas argumentou que os homens a serem abrigados ali não terão o perfil citado pela moradora. “Ela fala em ex-presidiários e dependentes químicos. Isso é um equívoco. A escolha dos abrigados será feita com critérios”.

Americana não possui abrigo desde a desativação do CAM (Centro de Atendimento ao Migrante), há dois anos. Segundo Ailton, o imóvel da Rua Paissandu abrigará quatro remanescentes do local, que hoje vivem numa casa na Rua Paraná, na Colina. “São pessoas sem nenhum vínculo familiar e que não causam problemas para ninguém. É só ir lá perguntar para os vizinhos”.

O secretário diz que a capacidade total do novo abrigo será de até dez pessoas e informa que no lugar funcionará também a sede administrativa do projeto de abordagem social. Ele diz que não há ameaça à segurança dos vizinhos. “Jamais colocaríamos um equipamento público num bairro para ameaçar a segurança dos moradores”.

Sobre as mulheres da terceira idade que usavam o espaço, ele informa que eram dois grupos e diz que não ficaram desalojados. Segundo o secretário, um está se reunindo na Igreja Santa Catarina e outro no salão paroquial da Igreja Presbiteriana da Rua Tuiuti, na Vila Galo.

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