Com a chegada da pandemia da Covid-19, e percebendo a importância da presença digital, a empreendedora americanense Camila Siriani, de 28 anos, proprietária há 7 anos da academia Salutem Fitness & Wellness, investiu em um aplicativo para conectar o centro de treinamentos aos alunos.

Ela faz parte de uma nova geração de empreendedores que está sempre em busca de oportunidades para inovar em seus serviços e crescer, principalmente através das plataformas digitais. “Criamos um ‘app’ pela inovação. A pandemia mostrou muito isso, quem não inovou, não pensou em coisas diferentes, ‘se lascou’. O aplicativo foi uma forma, não só de ir para o on-line, o que todo mundo estava fazendo, mas também da gente se movimentar e aguentar passar por esse momento”, contou ela.

Lá no início, para que o negócio fluísse, a Camila percebeu que a formação em educação física não seria suficiente para o sucesso de seu negócio. Ela buscou conhecimento em finanças, liderança, marketing, e parcerias para gerenciar as áreas que não dominava. Em 2022, planeja a abertura da segunda unidade da academia.

Aos 27 anos, Luís Felipe Gonçalves dos Santos é outro exemplo de jovem empreendedor que aposta no digital como ferramenta de trabalho. Ele conta fazer sucesso pelo Instagram com seu negócio, o Tio Vegg, focado em comida vegana. Ele iniciou, em novembro do ano passado, postagens na rede social anunciando coxinhas feitas com carne de jaca, impulsionando as publicações com hashtags.

O sucesso foi tanto, que ele vendeu tudo o que havia cozinhado logo na primeira semana. Com o tempo inovou na cozinha e desenvolveu novas receitas veganas, como diferentes tipos de salgados fritos, feijoada e bolos. Ele recebe encomendas durante a semana e faz as entregas aos sábados.

“Eu sempre gostei de cozinhar e sentia que não me encaixava no mercado de trabalho, mesmo já tendo trabalhado em empresas multinacionais. Tinha esse desejo de ter o próprio negócio. Agora estou fazendo parcerias com outros empreendedores locais, para venderem os salgados congelados”, conta o rapaz, que planeja regularizar a situação da empresa e abrir uma lanchonete nos próximos anos.

Já Guilherme Reia, proprietário dos restaurantes Laggio Massas, de 29 anos, destaca a importância de se adaptar às novas tendências de mercado. O negócio iniciou há 9 anos, com delivery de massas, tendo como diferencial a possibilidade de personalizar completamente os pratos.

Depois de dois anos unicamente com o delivery, ele iniciou o atendimento presencial no restaurante, mas sentiu dificuldade em manter as duas categorias de atendimento ao cliente.

“Chegou um ponto em que paramos com o delivery, porque não estava valendo a pena. Em 2019 voltamos para ganhar mercado e, logo depois, no início de 2020, veio a pandemia.

Ainda bem que já estávamos firmes no delivery, o que voltou a ser o foco”, contou ele. Formado em administração, Guilherme conta ter dois restaurantes atualmente, e planeja uma expansão através da criação de uma franquia. Presidente da Acia (Associação Comercial e Industrial de Americana), Wagner Armbruster relata um aumento na procura dos jovens pelo empreendedorismo e uma revolução na maneira como que eles lidam com os negócios, bastante pautados pelos meios digitais.

“Vemos uma grande procura dos jovens, até porque existe uma mitologia de que o empresário é uma figura de sucesso, ganha dinheiro e fica muito bem, mas sabemos que, na prática, não é bem assim”, comentou.

Segundo ele, a pandemia da Covid-19, adicionada à própria evolução tecnológica, fazem com que os jovens procurem maneiras de trabalhar que não envolvam uma rotina fixa em um local de trabalho. Apesar de empreenderem em diferentes áreas, eles têm as redes sociais e o conteúdo multimídia como a principal maneira de chegar aos clientes. Também buscam a associação comercial, cursos e networking para ampliar horizontes.

“Temos muitos jovens atuando nas vendas, cursos, informação, e se envolvendo com o mundo do comércio, não tanto com lojas físicas, mas com lojas virtuais.

A porta aberta, o modelo tradicional de empresa, isso não é o que vem surgindo”, conclui.

Inovação ajuda a impulsionar projetos

O empresário Henrique Costa, CEO da Accell Solutions, destaca o poder da inovação para impulsionar os negócios e ainda proporcionar alternativas inteligentes na distribuição de recursos e gestão de consumo.

Sua empresa é líder na distribuição de medidores de água, energia e gás na América Latina, e integra o InverGroup, um condomínio industrial, holding de tecnologia e investimento formado por 51 companhias com atuação no Brasil e no exterior.

Costa, morador de Americana, é incentivador de iniciativas na área de tecnologia e adianta a intenção de promover na cidade o primeiro “Hackathon” – espécie de evento reunindo programadores, designers e outros profissionais ligados ao desenvolvimento de softwares para uma maratona, cujo objetivo é desenvolver um software ou solução tecnológica que atenda a um fim específico. 

Empresário destaca a grande demanda por tecnologias que tornem possíveis as “smart cities” (“cidades inteligentes”, traduzindo ao português), com a intenção de revolucionar a mobilidade e os transportes, a segurança ou a iluminação, por exemplo, através de softwares ou hardwares.

“Pessoas que tiverem ideias, principalmente na área de energia, água, gás e ‘smart cities’, são muito bem-vindas a nos apresentarem os projetos para incubação, ou até mesmo aceleração”, afirma.