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Dia Nacional

Pessoas com deficiência lutam por inclusão no mercado de trabalho

Deficiente visual Elis Cristina Morele Rosa, de 39 anos, conseguiu emprego há sete e relata as dificuldades para quem ainda busca uma vaga no mercado

Por Sabrina Furlan

20 de setembro de 2019, às 18h49 • Última atualização em 20 de setembro de 2019, às 18h52

Neste sábado (21) é celebrado o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, data que reforça a importância da inclusão em todas as camadas da sociedade, dentre elas, o mercado de trabalho.

Um exemplo disso é a história da deficiente visual Elis Cristina Morele Rosa, de 39 anos, que ficou cega aos 19, por ser diabética, e há sete anos conquistou uma oportunidade no mercado de trabalho.

Ela exerce a função de atendente na escola Senac, de Americana e, segundo ela, sua atividade preferida no emprego é atender ao público pessoalmente para efetuar as inscrições, ou ainda pelo telefone, para passar informações.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Elis conseguiu uma oportunidade de trabalho há sete anos

“Consegui essa vaga no mercado de trabalho pelo intermédio da Apae de Americana. Eu me senti feliz e realizada e gosto do que eu faço em poder conversar com o público”, enfatizou a atendente.

Dentre os profissionais com deficiência, segundo pesquisas da empresa Catho, 34% se sentem isolados no ambiente de trabalho, situação essa que reflete a necessidade de investimentos em inclusão.

“Eu mesma, antes de conseguir este emprego, me oferecia para trabalhar sem honorário para eu mostrar o que eu podia e conseguia fazer, que era capaz. Mas o problema é que as empresas não têm aplicativo ou software de voz que é utilizado por deficientes visuais, então precisam investir e dar oportunidades às pessoas com deficiência” esclarece Rosa.

No mercado de trabalho, o pertencimento é observado na forma como os profissionais se relacionam com a empresa, ou seja, o quão aceito e útil eles se sentem em relação às suas funções. Na opinião de Elis, as empresas ainda não estão preparadas para receber um deficiente.

“Eu acho que deveria ter mais vagas para qualquer tipo de deficiência. Houve um avanço na Lei de Cotas, mas conheço muitos deficientes que estão nas busca por inserção no mercado de trabalho”, destacou Elis.

Lei de Cotas

De acordo com dados do IBGE, mais de 24% dos brasileiros, que representam cerca 45 milhões de pessoas, possuem algum tipo de deficiência. Os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais solicitada pelo Ministério do Trabalho e Emprego) de 2016 apontam que apenas 418.521 estão empregados, o que corresponde a menos de 1% do total.

A Lei Federal nº 8.213/1991, que completou 28 anos em 24 de julho deste ano, trata da obrigatoriedade da contratação de pessoas com deficiência ou reabilitadas em empresas com 100 ou mais empregados, sendo: até 200 empregados, cota de 2%; de 201 a 500 empregados, cota de 3%; de 501 a 1000 empregados, cota de 4% e de 1001 em diante empregados, cota de 5%.

Durante o programa Liberal no Ar, exibido pelas emissoras de rádio FM Gold (94,7) e VOCÊ (AM 580) nesta sexta-feira (20), Carolina Ignarra especializada em neuroaprendizagem com inclusão socioeconômica de profissionais com deficiência e sócia fundadora da Talento Incluir, empresa que presta serviço de consultoria para viabilizar empregos e desenvolvimento profissional a pessoas com deficiência, enfatizou sobre a importância de se expandir a Lei de Cotas.

“As pessoas precisam entender que tipo de autodeclaração que elas entendem como deficiência e a Lei de Cota é justamente para seguir as exigências de enquadramento. Porque todas as pessoas que se declaram com deficiência devem ter o direito de se enquadrar na lei”, explicou

“Hoje existem 9 milhões de brasileiros com deficiência que estão aptos para o trabalho. Desse número, 430 mil estão empregados no mercado formal, então certamente ainda existe muita gente com algum tipo de deficiência que não alcançou o espaço no mercado de trabalho”, completou Ignarra.

O descumprimento da lei implica em multas que podem chegar até R$ 241 mil. Apesar da exigência, somente 48% do total das vagas reservadas para pessoas com deficiência estão ocupadas, sendo que São Paulo é o Estado brasileiro que mais tem empregados nesta situação, com 140 mil ao todo.

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