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Saúde

Empresas já miram na compra de canabidiol

Por Agência Estado

04 de setembro de 2019, às 12h00 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h01

Diante da sinalização contrária do governo para a liberação do plantio de maconha no País, empresários começam a investir na importação mais fácil de canabidiol, um dos componentes da planta já usado por pacientes no Brasil, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) programa para outubro a votação de resoluções que tratam sobre o tema. Mas os empresários já estudam opções.

A GreenCare, que vende produtos importados individualmente por pacientes, descarta neste momento o cenário de plantio no País. Martim Mattos, presidente da empresa, concentra agora os preparativos em uma eventual mudança nas regras para importação. Ele diz que a GreenCare não definiu oficialmente se fabricará medicamentos no País ou se manterá a estratégia de apenas trazer o produto já pronto para uso em pacientes brasileiros.

A movimentação do governo também é acompanhada pela Fluent, empresa que iniciou a atividade nos Estados Unidos e agora está em processo de expansão em Peru, Colômbia e Austrália. A companhia já havia iniciado os preparativos para o plantio da maconha no País para a extração de princípios ativos e fabricação de medicamentos. A área do cultivo já havia sido determinada e as parcerias estavam em estágio adiantado.

Diante da sinalização do governo, a recomendação agora é aguardar. “Mas não há dúvida de que o ideal seria plantar aqui. Isso reduziria os custos da produção e, consequentemente, o preço”, diz Mario Grieco, presidente para América Latina da Fluent. Pelos cálculos da empresa, o preço poderia cair 80% em relação ao que é produzido hoje. “Isso traria economia também para o Sistema Único de Saúde, uma vez que alguns pacientes têm o tratamento fornecido pelo governo.”

Grieco avalia que o mercado para exploração de produtos medicinais derivados do canabidiol e outros componentes da maconha é extremamente promissor. “A proibição do cultivo fará com que o Brasil perca oportunidade importante, não apenas para trazer remédios mais baratos, mas também de fazer pesquisas científicas.”

O presidente da Entourage, Caio Santos Abreu, faz a mesma avaliação. A empresa trabalha neste momento no desenvolvimento de medicamentos com material importado. “A decisão da Anvisa não nos afetaria. Mas, ainda assim, acredito que o fato de o Brasil não poder cultivar a planta para fazer pesquisas, seja da genética da planta, seja sobre o uso, seria um desastre.”

A Entourage foi criada em 2015 e somente depois de dois anos conseguiu trazer as plantas para a extração das substâncias que serão usadas em fórmulas pesquisadas pela empresa.

A demora, diz, também seria enfrentada pelos centros de pesquisa. Ele aponta outra perda em potencial. “Temos tradição de pesquisa agrícola. Desenvolvemos a melhor cana, os melhores eucaliptos. Não vamos aproveitar o potencial acadêmico. Isso será muito ruim”, diz Abreu, citando as mais de 900 variedades da planta, o estudo das moléculas e eventual potencial terapêutico, sequenciamento e melhoramento genético.

Ministro

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem afirmado não haver necessidade de se permitir a plantação nem mesmo para pesquisa. Segundo ele, estudos com base em importação de produtos já satisfazem as necessidades do País. Mandetta também tem defendido a permissão apenas do registro de medicamentos à base do canabidiol.

Uma das propostas em análise pela Anvisa permite o cultivo da planta no País somente para fins medicinais e para pesquisa. Outra prevê um processo de registro facilitado de medicamentos feitos com base nos componentes da planta.

Os textos são debatidos há cerca de cinco anos. Em uma primeira análise, chegaram a ser aprovados pela direção da agência. Mas desde julho passaram a ser bombardeados pelo Executivo. Os ministros da Casa Civil, da Cidadania e da Saúde criticaram a proposta da agência. Como no próximo ano três cargos da diretoria serão renovados, há a avaliação de que um novo colegiado revise qualquer liberação.

Cannabis sintética

Defendidos por integrantes do governo Jair Bolsonaro como alternativa ao cultivo da maconha para fins medicinais, medicamentos à base de cannabis sintética não têm nenhuma autorização de pesquisa e venda no País, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ao Estado.

Entre os defensores da maconha sintética estão os ministros da Cidadania, Osmar Terra, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Eles argumentam que o produto sintético eliminaria a necessidade de cultivar a planta. Terra, que chegou a defender o fechamento da Anvisa caso o plantio seja liberado, tem sido chamado nos corredores da agência de “garoto-propaganda” da cannabis sintética. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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