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Política

‘Professor’ de políticos e jornalistas, Mozart Vianna morre aos 69 anos

Por Agência Estado

07 de junho de 2021, às 19h02 • Última atualização em 07 de junho de 2021, às 19h26

No Congresso Nacional havia uma boia sempre pronta para salvar os que começavam a se afundar no mar revolto de regras e códigos do Legislativo. Mozart Vianna de Paiva, servidor aposentado, responsável por assessorar 12 presidentes da Câmara ao longo dos seus 40 anos de Parlamento. Do extenso e confuso regimento interno, Mozart sabia capítulos, artigos e entrelinhas de cor e salteado.

Estava permanentemente disposto a tirar dúvidas e explicar os detalhes com atenção, fosse para jornalistas iniciantes ou presidentes da República. Mozart morreu nesta segunda-feira, 7, aos 69 anos. A causa não foi divulgada.

“O Congresso Nacional e o Brasil perdem uma figura afável e atenciosa, mas também a pessoa que mais conhece o processo legislativo no nosso País. Conhecendo, como conhece, foi extremamente útil a todos os presidentes da Câmara e a mim, especialmente, nas três vezes que presidi aquela Casa. Em todas as dificuldades que tinha, eu sempre chamava o Mozart”, disse ao Estadão/Broadcast, o ex-presidente da República e da Câmara Michel Temer (MDB).

Além de assessorar Temer na Câmara, Mozart também o auxiliou na presidência da República, despachando do Gabinete Adjunto de Informações de Apoio à Decisão (GAIA), no terceiro andar do Palácio do Planalto. Ele cuidava de levantar informações sobre as audiências previstas, sobre os projetos que tramitavam no Congresso, entre outras coisas. Mozart era conhecido também como “pai do Regimento”.

“Perdemos o maior exemplo que conheci de servidor público. Dedicado à Câmara, ao interesse do Brasil, ao interesse público. Perdemos um grande exemplo para todos nós”, afirmou o também ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Apesar de toda dedicação ao serviço público, em entrevista ao Estadão, em 2016, Mozart disse que queria mesmo era ter sido padre, por vocação. Lembrou que guardava o folder do seminário da Serra da Mantiqueira, onde passou interno seis anos de sua juventude, dos 12 aos 18, quando saiu para ajudar a família.

Começou a trabalhar na Câmara como datilógrafo, ao passar em um concurso público em 1975. Em 1984, assumiu o cargo de secretário da Comissão de Redação. A partir da Constituinte, passou a trabalhar na SGM até ocupar, em 1991, o posto de Secretário-geral da Mesa, no qual permaneceu até a aposentadoria como servidor público em 10 de abril de 2000, e continuou sem interrupção como ocupante de cargo de natureza especial até 2015.

“O Brasil perde um servidor público exemplar. Altamente preparado, dedicado e discreto, por onde passou Mozart deixou amigos e admiradores entre os quais me incluo. Me orgulho muito dos vários anos em que trabalhamos juntos. Que Deus possa confortar seus familiares e amigos”, afirmou o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que, como Temer e Maia, também presidiu a Câmara.

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