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Política

Prefeito afastado de Florianópolis pede para voltar

Por Agência Estado

19 de junho de 2019, às 17h50 • Última atualização em 19 de junho de 2019, às 18h09

O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), preso e solto pela Operação “Chabu” nesta terça-feira, 18, pediu ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que revogue a suspensão de suas funções por 30 dias. O relator, desembargador federal Leandro Paulsen, vai analisar o pedido, mas não há prazo.

A suspensão por 30 dias começou a valer desde as 20h30 de terça-feira, quando o mandado informando sobre as medidas foi cumprido por oficial de Justiça de Santa Catarina.

Até recentemente filiado ao MDB, Loureiro foi capturado por ordem de Paulsen por suspeita de ter sido beneficiário, ao lado de outros políticos e empresários, de informações secretas repassadas por uma organização de contrainteligência formada por policiais da própria PF e também da Polícia Rodoviária Federal.

O desembargador impôs, ainda, outra restrição ao prefeito – ele fica proibido de manter contato, “por qualquer forma, presencial, telefônica, telemática, etc, pessoalmente ou mediante interposta pessoa, com os demais envolvidos na investigação”.

Entre os alvos da “Chabu” com os quais Loureiro não poderá se comunicar, citados pelo magistrado, estão o delegado da PF Fernando Caieron e o ex-secretário da Casa Civil Luciano Veloso Lima.

Operação Chabu mira suposta organização que violava sigilo de operações policiais em Santa Catarina. O grupo contava com uma rede de políticos, empresários e agentes da PF e da Polícia Rodoviária Federal.

Segundo a PF, o grupo também contrabandeava equipamentos de contrainteligência.

Além do prefeito, são alvos da investigação o delegado da PF Fernando Amaro de Moraes Caieron, José Augusto Alves, Luciano da Cunha Teixeira, Hélio Sant’Anna e Silva Júnior, Marcelo Rubens Paiva Winter e Luciano Veloso Lima.

Agentes da PF cumpriram ao todo 30 mandados, sendo 23 de busca e apreensão e sete de prisão temporária, expedidos pelo desembargador Leandro Paulsen.

Os crimes foram descobertos a partir da análise dos materiais apreendidos na Operação Eclipse, deflagrada em agosto de 2018.

A PF identificou que a organização criminosa formou uma rede de políticos, empresários e servidores da própria corporação e também da Polícia Rodoviária Federal lotados em órgão de inteligência e investigação.

Segundo a PF, o grupo “embaraçava investigações policiais em curso e protegia o núcleo político em troca de vantagens financeiras e políticas”.

A investigação apurou ainda que a quadrilha vazava sistematicamente informações sobre operações policiais que ainda seriam deflagradas e também contrabandeava equipamentos de contrainteligência para montar “salas seguras”, à prova de monitoramento, em órgãos públicos e empresas.

A PF investiga associação criminosa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, corrupção ativa e tentativa de interferir em investigação penal que envolva organização criminosa.

“Chabu”

A Polícia Federal indicou que o nome da operação, “Chabu”, significa “dar problema, dar errado, falha no sistema”.

“O termo é utilizado em festas juninas quando falham fogos de artifício e era empregado por alguns dos investigados para avisar da existência de operações policiais que viriam a acontecer”, destacou a PF.

Defesa

O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, disse que sua prisão foi uma “injustiça com ele, sua família, amigos e a população de Florianópolis”. Loureiro fez uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook, após deixar a sede da Polícia Federal da capital catarinense.

No vídeo, Gean Loureiro diz que foi conduzido para a Polícia Federal no âmbito da Operação “Chabu”, mas “não tinha conhecimento do que estava acontecendo”.

O prefeito afirma que forneceu os documentos solicitados, disponibilizou seu celular e senha às autoridades, e além disso respondeu a 70 perguntas durante seu depoimento.

Loureiro disse que “tinha certeza de que quando prestasse as informações à polícia a prisão não iria acontecer”.

Afirma que o delegado concluiu que ele não tinha nenhuma relação com processo, confrontando as informações com outros depoimentos. “Ele viu que não tinha motivo para eu ser preso e evitou mais uma injustiça, se eu tivesse sido preso”, disse o prefeito.

Loureiro chega a indicar as situações questionadas durante seu depoimento, entre elas sobre uma “sala secreta dentro da prefeitura”. Ele diz que não tem relação com as pessoas que mencionaram o ambiente e que a Polícia Federal teria constatado que o lugar não existe.

Segundo o prefeito, também foi indicado que ele teria participado do vazamento de informações de uma operação realizada em Santa Catarina.

Loureiro afirmou que não tinha conhecimento da informação e não conhecia as pessoas envolvidas em tal investigação.

Agradeceu o “apoio” de pessoas que lhe enviaram mensagens e afirmou que, como “homem público”, sentia obrigação de prestar esclarecimentos.

Ao fim do vídeo, o prefeito diz que “foi um dia triste para Florianópolis”.

“Vamos demonstrar a cada dia, com muito trabalho, que tudo isso não passou de uma grande injustiça. Felizmente Deus está do lado das pessoas de bem. Obrigado pela confiança. Vamos continuar firmes trabalhando por Florianópolis”, afirmou Loureiro.

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