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Política

PF descarta emboscada de madeireiros no assassinato de índio Guajajara no MA

Por Agência Estado

10 de janeiro de 2020, às 11h40 • Última atualização em 10 de janeiro de 2020, às 13h31

Inquérito da Polícia Federal (PF) afastou as hipóteses de “conflitos étnicos ou mesmo por emboscada de madeireiros” na morte do indígena Paulo Paulino Guajajara, assassinado em 1º de novembro de 2019 na terra indígena de Arariboia, localizada a cerca de 500 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão. O Conselho Indigenista Missionário contesta a conclusão das investigações.

As investigações levaram à conclusão de que “o lamentável episódio se originou da troca de tiros motivada pela posse de uma das motocicletas utilizadas pelos não indígenas”. A Polícia Federal pede o indiciamento de quatro pessoas, cujas identidades não foram divulgadas.

As investigações encerraram-se em 12 de dezembro, e contaram com exames médicos periciais, testemunhos e declarações dos envolvidos sobreviventes. O resultado do inquérito foi encaminhado à Justiça Federal em São Luís, juntamente com todas as provas colhidas.

O resultado final do inquérito contraria versão de Laércio Sousa Silva, índio Guajajara que estava presente no confronto. Ele acabou baleado no braço, mas sobreviveu.

Laércio disse que eles foram vítimas de uma emboscada enquanto caçavam dentro do seu território. Segundo ele, quando pararam para tomar água, ouviram barulho no mato e logo em seguida os tiros.Na ocasião, o não indígena Márcio Gleik Moreira Pereira também morreu.

Indigenistas repudiam inquérito

O Conselho Indigenista Missionário acusa a Polícia Federal de “desconsiderar uma história de mais de 40 anos de conflitos com madeireiros nesse território, ao longo dos quais os indígenas vêm sendo assassinados e tendo seus territórios destruídos sem que nenhum assassino seja punido”.

A nota segue. “Ao desprezar o contexto de violência e de violações aos direitos e territórios indígenas, mesmo quando se trata de terras indígenas já demarcadas, a Polícia Federal demonstra sua opção política pela criminalização dos povos e de seus processos de luta por direito e por território, naturaliza o racismo institucionalizado pelo Estado e acaba por reforçar, com esta posição, as políticas de extermínio dos povos originários.”

O Conselho termina exigindo que as vozes dos próprios povos seja considerada na investigação, e espera que acabe a impunidade “dos que matam e mandam matar”.

A nota conclui: “repudiamos ainda a atuação de parte da mídia que, ao reproduzir os argumentos falaciosos, reforça a criminalização e a posição desse governo e desse Estado etnocida.”

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