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Investigação do Queiroz

MPF vai apurar denúncia contra Flávio Bolsonaro

Por Agência Estado

18 de maio de 2020, às 07h17 • Última atualização em 18 de maio de 2020, às 09h49

O procurador-geral da República, Augusto Aras, vai analisar a suspeita de vazamento de informações de operação da Polícia Federal ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), relatada pelo empresário Paulo Marinho (PSDB-RJ) ao jornal Folha de S.Paulo.

Suplente de Flávio, Marinho disse ter ouvido do senador que ele possuía informações sigilosas acerca de investigações envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz.

Flavio Bolsonaro teria sido avisado sobre a investigação que então envolvia seu assessor Fabrício Queiroz – Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado_9.05.2019

“O procurador-geral da República analisará o relato junto com a equipe de procuradores que atua em seu gabinete em matéria penal”, informou, em nota, a Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão não informou se abrirá um procedimento para investigação.

Após a publicação da entrevista, Marinho também recorreu às redes sociais na manhã de ontem, unindo o slogan eleitoral de Jair Bolsonaro à frase pronunciada por Sérgio Moro ao deixar o Ministério da Justiça: “Verdade acima de tudo. Fazer a coisa certa acima de todos.”

À noite, a Polícia Federal divulgou nota na qual informa que “o suposto vazamento de informações na operação Furna da Onça foi regularmente investigado pela PF através do Inquérito Policial n.º 01/2019, que encontra-se relatado”. A nota acrescenta: “Todas as notícias de eventual desvio de conduta devem ser apuradas e, nesse sentido, foi determinada, na data de hoje, a instauração de novo procedimento específico para a apuração dos fatos apontados”.

Marinho, que é suplente do senador Flávio, afirmou que o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro lhe contou ter recebido informações sigilosas da Polícia Federal (PF) sobre a investigação que então envolvia seu assessor Fabrício Queiroz. Segundo o relato, um delegado da PF avisou das investigações pouco após o primeiro turno das eleições gerais daquele ano. E teria dito, ainda, que membros da Superintendência da PF no Rio adiariam a Operação Furna da Onça para não prejudicar Jair Bolsonaro na disputa contra Fernando Haddad (PT). Em nota, publicada ontem, Flávio Bolsonaro negou a acusação

Ainda de acordo com o relato de Marinho, o delegado da PF teria orientado Flávio a exonerar Fabrício Queiroz de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. No dia 15 de outubro, foram demitidos tanto Queiroz quanto a filha dele, Nathalia Queiroz, lotada no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A Operação Furna da Onça foi deflagrada em 8 de novembro de 2018, pouco mais de uma semana após o segundo turno, do qual Bolsonaro saiu vitorioso.

Toda a história do vazamento, conforme as declarações do empresário, foi relatada pelo próprio Flávio em reunião com advogados na casa de Paulo Marinho. Na campanha presidencial, o empresário era um dos apoiadores de Jair Bolsonaro. Ele ofereceu a casa para reuniões do então candidato com o grupo que o auxiliou na disputa eleitoral.

A Operação Furna da Onça, a cargo da força-tarefa da Lava Jato do Rio, investigou a participação de deputados estaduais fluminenses em esquema de corrupção que pagava propina mensal (mensalinho) durante o mandato 2011-14. De acordo com as investigações, a propina resultava do sobrepreço de contratos estaduais e federais. Dez deputados tiveram a prisão decretada. Flávio, que era deputado estadual, ficou de fora da operação.

Fabrício Queiroz também não estava entre os alvos, mas a investigação acabou por detectar movimentação financeira atípica por parte dele. Um relatório do então Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelado pelo Estadão, colocou Queiroz no noticiário político nacional e gerou desgastes para Flávio Bolsonaro.

Mais tarde, o Ministério Público do Rio continuou a apuração originada na Furna da Onça com base na suspeita de que o dinheiro movimentado por Queiroz fosse, na verdade, resultado da apropriação de salários de funcionários do gabinete de Flávio.

O dinheiro depois teria sido lavado com a compra de imóveis que fazem parte do patrimônio do filho do presidente. Em razão disso, o Ministério Público obteve na Justiça a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador, de Queiroz, da mulher do senador, Fernanda Bolsonaro.

Invenção

O senador classificou a acusação de “invenção” e afirmou que o empresário tem interesse em prejudicá-lo, já que é suplente de Flávio Bolsonaro no Senado. Em nota publicada em suas redes sociais, Flávio Bolsonaro diz que “o desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena” e que o empresário “preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão”, ao trocar a “família Bolsonaro por Doria e Witzel”, e “parece ter sido tomado pela ambição”.

Em 2018, Marinho, que era amigo do ex-ministro da Justiça Gustavo Bebianno, acabou escolhido como suplente de Flávio Bolsonaro. O empresário depois se afastou da família Bolsonaro e acabou nomeado presidente regional do PSDB no Rio, em uma articulação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Quando Bebianno foi exonerado do ministério, em 2019, e rompeu com o presidente, filiou-se ao PSDB, despontando como pré-candidato à Prefeitura do Rio nas eleições deste ano. Com o falecimento de Bebianno, em março, Doria indicou Marinho como candidato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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