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Depoimento

Moro: Bolsonaro não pediu acesso a investigações sigilosas

Mas reiterou que Bolsonaro reconheceu que uma das causas do pedido de troca na PF seria "falta de acesso a relatórios de inteligência"

Por Agência Estado

05 de maio de 2020, às 19h04 • Última atualização em 05 de maio de 2020, às 21h16

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF), cujo teor foi divulgado nesta terça-feira, 5, que o presidente Jair Bolsonaro nunca pediu a ele acesso a investigações sigilosas da corporação, “pois sabe que não seria atendido”, nem solicitou nenhum relatório específico de inteligência.

No entanto, Moro reiterou que Bolsonaro reconheceu que uma das causas do pedido para a troca no comando da PF seria a “falta de acesso a relatórios de inteligência”.

No depoimento, o ex-ministro negou também ter obstruído investigações sobre Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Bolsonaro na campanha eleitoral, e suposta falta de empenho para esclarecer declarações do porteiro do condomínio onde o presidente mora no Rio na investigação do caso Marielle Franco.

De acordo com o ex-ministro, o presidente não esclareceu o motivo pelo qual queria realizar as substituições na PF. “Cabe ao presidente esclarecer motivos das sucessivas trocas pretendidas na PF e que tipo de conteúdo pretendia nos relatórios de inteligência”, declarou Moro, no depoimento.

Moro lembrou que, no dia em que anunciou sua saída, em 24 de abril, Bolsonaro confirmou em pronunciamento posterior as declarações de que poderia substituir o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, cujo “cansaço”, segundo o ex-ministro, era causado por “pressões por substituições”.

Conforme o ex-ministro, o presidente alegou, ao pedir a saída de Valeixo, falta de empenho da PF ao investigar Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada contra ele durante a campanha eleitoral. Mas, segundo Moro, ao ser informado sobre o trabalho de investigação da polícia de Minas Gerais no caso, “não mostrou contrariedade sobre a investigação”.

O ex-ministro declarou também que, nas mensagens de telefone celular trocadas com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e divulgadas por ele, fica clara a posição de rejeitar a troca na PF como condição para ser indicado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). “Se tivesse interessado na indicação ao STF, teria simplesmente aceitado a troca na PF”, disse. O ex-ministro disponibilizou à PF o próprio telefone celular para extração de mensagens trocadas com Bolsonaro e Carla.

“Diante das ofensas do presidente, permaneço fiel aos compromissos de integridade e transparência”, disse ainda, ao depor.

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