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Política

Laranja de ex-executivo da Odebrecht depõe à PF e admite R$ 78 milhões da Braskem

Por Agência Estado

29 de agosto de 2019, às 12h31 • Última atualização em 29 de agosto de 2019, às 14h31

O advogado Nilton Serson, preso na Operação Carbonara Chimica, fase 63 da Lava Jato, admitiu à Polícia Federal (PF) que recebeu R$ 78 milhões da Braskem por meio de 18 contratos de serviços para o braço petroquímico da Odebrecht. Apontado pelos investigadores como laranja do ex-vice-Jurídico da empreiteira Maurício Ferro, o advogado disse: “eu fazia o que o Maurício pedia.”

Serson e Ferro foram presos por ordem do juiz Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, no âmbito da investigação sobre supostos pagamentos de propinas milionárias aos ex-ministros Antônio Palocci e Guido Mantega, dos Governos Lula e Dilma. A delação de Palocci à PF embasou a operação.

A Lava Jato pediu a prisão de Mantega, sob suspeita de ter recebido R$ 50 milhões do esquema, mas o juiz negou e mandou colocar tornozeleira eletrônica no ex-ministro. Essa medida foi derrubada nesta quarta-feira, 28, pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo. Mantega nega recebimento de valores ilícitos.

A Operação Carbonara Chimica foi deflagrada no dia 21. Bernardo Gradin, ex-presidente da Braskem, foi alvo de buscas. Serson reside em São Francisco, nos EUA, e se entregou à PF dias depois.

Questionado pelo delegado Thiago Splettstoser Giavarotti, da PF em Curitiba, nesta quarta, Serson contou que “acredita que tenha figurado como procurador” na abertura de uma conta de Ferro no Banco Kramer, na Suíça. Era a conta “Caju”. “O banco sabia que a conta era de Maurício Ferro e aberta para o recebimento de um bônus.”

A Lava Jato suspeita que Serson participou do esquema de operações simuladas de prestação de serviços jurídicos por meio de seu antigo escritório em São Paulo para lavar dinheiro destinado a viabilizar repasses ilícitos a Palocci e a Mantega.

Ele disse que “pode ter sido” beneficiário ou procurador de outras contas no exterior. Serson afirmou que atuou como “consultor” de Ferro na área jurídica da Braskem. Os contratos sob investigação foram firmados por Serson com a Braskem entre 2005 e 2013, totalizando R$ 78.197.344,98. “Acredito que esse valor seja próximo do real”, declarou o advogado.

A PF indagou de Serson sobre “a que se referiam tais contratos”. “Participei de seis ou sete fusões e incorporações no valor total de R$ 15 bilhões, aproximadamente.”

Confrontado com informações do funcionário do Setor Jurídico da Braskem Maurício Bezerra, segundo o qual “nunca recebeu qualquer parecer elaborado por Nilton Serson”, o advogado disse que “não conhece tal pessoa”.

Perguntado se fez ou mandou fazer transferências de valores para o exterior a pedido de Ferro, o advogado declarou. “Gostaria de deixar claro que devolvia 30% dos valores que recebia da Braskem para Maurício Ferro, em uma prática que no mundo corporativo é chamada de ‘finders fee’.”

Ele afirmou que “repassava esses valores a Maurício”, por meio da conta da offshore Neitech Limited, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, para outras contas de Ferro “por ele indicadas”.

Defesas

Quando a fase 63 da Lava Jato foi deflagrada, a Braskem enviou a seguinte nota: “A Braskem afirma que tem colaborado e fornecido informações às autoridades competentes como parte do acordo global assinado em dezembro de 2016, que engloba todos os temas relacionados à Operação Lava Jato. A empresa vem fortalecendo seu sistema de conformidade e reitera seu compromisso com a atuação ética, íntegra e transparente.”

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