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Política

Fotojornalista Lilo Clareto morre aos 61 anos, vítima da covid

Por Agência Estado

22 de abril de 2021, às 07h07 • Última atualização em 22 de abril de 2021, às 10h34

Poeta, despojado e referência na luta por justiça social, o fotojornalista Lilo Clareto, de 61 anos, teve a morte confirmada nesta quarta, 21, vítima da covid-19. Deixa mulher, quatro filhos e incontáveis amigos, Ex-Estadão e revista Época, foi responsável por fotografias históricas e acumulou prêmios e contribuições para diversos veículos estrangeiros. Atuava como freelancer desde 2008. “Lilo foi uma pessoa muito especial e um dos grandes do fotojornalismo brasileiro. Muito querido por todos que conviveram com ele”, diz David Friedlander, editor-chefe do Estadão.

Em 2017, Lilo saiu de São Paulo e foi morar em Altamira, no Pará, onde trabalhou com ribeirinhos e indígenas. Amigos suspeitam que tenha contraído o coronavírus ao documentar a crise humanitária durante a construção da hidrelétrica de Belo Monte, na Amazônia. Sem plano de saúde, ele chegou a ser atendido em hospital público de Altamira. A gravidade do quadro, no entanto, inspirava mais cuidados do que a rede, superlotada, poderia oferecer. Numa demonstração de como Lilo era querido, no dia 21 de março sua família conseguiu arrecadar dinheiro e fretar uma UTI aérea que o trouxe para o Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.

Para pagar o tratamento, a campanha Respira, Lilo! levantou R$ 215,8 mil até o momento. A meta era R$ 300 mil. Imagens feitas por ele foram postas à venda. Internado, ele foi submetido a traqueostomia e a duas cirurgias de risco. A morte foi informada ontem de manhã. “Lilo Clareto mandou dizer que respira. Mas não precisa mais de ar. Saiu da UTI para habitar um lugar ao qual não temos mais acesso”, diz o texto da página da campanha.

Apelido

Maurilo Clareto nasceu em uma família numerosa em Passos (MG), onde o pai administrava uma fazenda de usina açucareira. Foi a irmã caçula, Inês Costa, que lhe deu o apelido: ele virou Lilo porque ela ainda não sabia falar direito Maurilo. “Acabei captando a sua alma nesse apelido, que ele próprio adotou como sua essência”, escreveu Inês, na semana passada.

A carreira de Lilo foi marcada por denunciar crimes ambientais e violações dos direitos humanos. Nos últimos anos, trabalhou em parceria com a jornalista Eliane Brum. “Nosso Lilo virou árvore, rio, floresta. Virou vaga-lume, borboleta amarela na Terra do Meio”, diz parte do texto que ela publicou em homenagem ao amigo.

Amante da MPB, ele transformava uma passada no boteco em cantorias de varar madrugada. “Ele conseguia enxergar grandes fatos em pequenos detalhes. Essa sensibilidade no olhar abria a visão de todos nós”, diz o fotojornalista JF Diorio, com quem atuou no Estadão. “Não precisava estar na Olimpíada. Uma caminhada na Praça da Sé já virava uma grande foto.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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