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Investigação

Delegado da PF revela investigação contra família Bolsonaro

Segundo o "número 2" do órgão, o inquérito "era de âmbito eleitoral, e já foi relatado sem indiciamento"

Por Agência Estado

14 de maio de 2020, às 10h10 • Última atualização em 14 de maio de 2020, às 10h54

O delegado Carlos Henrique Oliveira, atual diretor executivo da Polícia Federal e novo “número dois” da corporação, afirmou em depoimento nesta quarta-feira que a corporação mirou, sim, familiares do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o inquérito “era de âmbito eleitoral, e já foi relatado sem indiciamento”.

“Perguntado se tem conhecimento de investigações sobre familiares do presidente nos anos de 2019 e 2020 na SR/PF/RJ (Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro) disse que tem conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral cujo inquérito já foi relatado, não tendo havido indiciamento”, aponta o depoimento de Oliveira.

Familiares do presidente Jair Bolsonaro foram investigados pela PF – Foto: Marcos Corrêa / PR_07.05.2020

A investigação citada mirou em supostos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica envolvendo a declaração de bens do senador Flávio Bolsonaro nas eleições de 2014, 2016 e 2018. O caso foi aberto após notícia-crime do advogado Eliezer Gomes da Silva. Ele apontou que o filho do presidente apresentou valores distintos em anos diferentes para o mesmo imóvel, localizado no bairro carioca de Laranjeiras, em declarações à Justiça Eleitoral. O inquérito era sigiloso e já foi remetido à Justiça Eleitoral sem proposta de indiciamento.

A confirmação de Oliveira sobre o inquérito contradiz o presidente Jair Bolsonaro, que declarou na terça-feira, que ninguém de sua família é investigado pela Polícia Federal.

“Não estou e nem estive preocupado com a Polícia Federal. Nunca tive ninguém da minha família investigada pela Polícia Federal”, afirmou o presidente, ao responder perguntas sobre a reunião ministerial do dia 22 de abril. A ocasião é apurada pela PF como o dia em que Bolsonaro supostamente ameaçou demitir Moro se ele não trocasse o comando da corporação. O presidente nega.

Produtividade

O delegado Carlos Henrique Oliveira, ex-superintendente da Polícia Federal do Rio e atual diretor executivo da corporação, negou nesta quarta-feira em depoimento que a saída de seu antecessor na superintendência fluminense, Ricardo Saadi, se deu por “questões de produtividade”.

A acusação foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro em agosto do ano passado, que tentou emplacar um nome de sua escolha para comandar a corporação no Estado.

Oliveira afirmou que a exoneração de Saadi foi antecipada em agosto do ano passado sem justificativa clara. Segundo ele, a produtividade da PF do Rio “vinha evoluindo, tendo alcançado a sua melhor classificação durante a gestão do delegado Saadi”. O delegado assumiu o posto de número dois na PF, em Brasília, e deixou a chefia no Rio para o delegado Tácio Muzzi, a convite do atual diretor-geral Rolando Alexandre de Souza. Ele negou ter recebido pedidos de informações sobre inquéritos relacionados a familiares de Bolsonaro e disse que, enquanto foi superintendente no Rio, só tinha conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral, “que já foi relatado e não houve indiciamento”.

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