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Política

Daniela Reinehr assume governo em SC prometendo realinhamento com Bolsonaro

Por Agência Estado

27 de outubro de 2020, às 17h54 • Última atualização em 27 de outubro de 2020, às 20h00

A governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido), anunciou nesta terça-feira, 27, que deve realinhar a gestão do Estado ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Na sua primeira manifestação no cargo, afirmou que fará revisão dos decretos sobre a pandemia e que vai focar na retomada econômica. “Minha fala sempre foi de prevenção, de cuidado, mas sem prejudicar o setor econômico”, disse. “Nunca fui a favor da generalização do fecha tudo. Eu acredito que precisamos cuidar dos doentes de acordo com o quadro clínico de cada um.”

A primeira mudança no governo foi a nomeação do general da reserva Ricardo Miranda Aversa para comandar a Casa Civil. Aversa foi comandante da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, em Florianópolis, onde ficou até janeiro deste ano.

Daniela assumiu o governo nesta terça após o Tribunal Especial de Julgamento afastar o governador Carlos Moisés (PSL) por até 180 dias enquanto ele responde por crime de responsabilidade no caso do reajuste salarial dos procuradores do Estado. Daniela também estava arrolada no mesmo processo, mas acabou absolvida.

Considerada embaixadora do Aliança Pelo Brasil em Santa Catarina – partido que seria criado para abrigar a dissidência bolsonarista do PSL -, Daniela disse que vai buscar recursos em Brasília e resgatar “a credibilidade” do Estado, prometendo que “mudanças essenciais irão ocorrer”.

Questionada sobre o alinhamento com o governo federal, ela disse que como governadora terá mais acesso. “Essa aproximação com governo federal é extremamente importante, como vice-governadora eu sempre fui muito bem recebida em Brasília, as minhas pautas sempre foram atendidas”, afirmou. “Diante da minha lealdade também ao projeto que nos elegeu, agora, com certeza, na condição de governadora, vou ter ainda mais acesso e eu já pedi para fazer o levantamento de todas as possibilidades que a gente tem de conseguir buscar recursos no governo federal para beneficiar Santa Catarina.”

Ao comentar o julgamento do relatório preliminar do impeachment que a absolveu, e que também evitou seu afastamento temporário, Daniela disse que “foi feita Justiça” e que o processo pretendia julgá-la por “atos de terceiros”.

“A gente passou por uma instabilidade política muito grande que tirou, de certa forma, a estabilidade institucional e econômica”, afirmou.

Daniela foi absolvida pelo voto do deputado Sargento Lima (PSL), que manteve posição pelo afastamento de Moisés, mas não teve o mesmo entendimento no voto para Daniela.

Revisionismo

A vice-governadora também foi questionada a se posicionar se concorda com as teorias pregadas por seu pai, conhecido professor de história revisionista e que nega a existência do holocausto judeu. “Acabei de ser julgada por atos de terceiros e fui absolvida. Eu não posso responder ou ser julgada e condenada por aquilo que esse ou aquele pense”, afirmou Daniela Reinehr.

No início da cerimônia, ela agradeceu à família, que voltou a ser citada na resposta sobre as teorias revisionistas. “Existe uma convicção que move a mim e acredito que a todos os senhores que se chama família. Me cabe como filha manter a relação familiar em harmonia, independente das diferenças de pensamento, indiferente das defesas; eu sou uma pessoa como todos vocês, que tem problemas, que tem diferenças no meio familiar. Eu realmente espero que os atos sejam apartados como foram pela comissão mista (de impeachment). Eu não quero ser arrastada por atos de terceiros, por convicções de terceiros”.

A governadora encerrou falando que suas convicções estão publicadas em suas redes sociais, sem responder de forma objetiva seu posicionamento sobre o tema.

Advogada, ex-policial militar e produtora rural

Daniela Reinehr é advogada, tem 43 anos e mãe de dois filhos. É ex-policial militar e produtora rural. Na campanha de 2018 foi eleita com Carlos Moisés em torno da campanha do presidente Jair Bolsonaro.

Ao longo da gestão manteve sua fidelidade ao presidente e deixou o PSL logo após Bolsonaro sair da legenda, em 2019, para se tornar uma das incentivadoras do novo partido Aliança Pelo Brasil em Santa Catarina.

Com isso, também se distanciou do governador Carlos Moisés, que comprou brigas caras a seu governo com a ala ligada ao presidente, como a tentativa de taxar agrotóxicos e de adotar políticas mais restritivas na pandemia.

Desde o início do ano, Daniela esteve praticamente isolada das decisões da gestão do Estado, sem voz. Em diversos momentos usou as redes sociais para criticar a gestão Moisés, principalmente sobre as decisões relacionadas a pandemia. Durante o processo de impeachment, os dois ensaiaram uma reaproximação, mas o movimento não foi bem visto pela base apoiadora do governo federal na Assembleia Legislativa.

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