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Política

CPI quer ouvir servidora do Planalto que fez requerimentos de governistas

Por Agência Estado

01 de maio de 2021, às 09h30 • Última atualização em 01 de maio de 2021, às 10h43

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL) e o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) querem convocar a servidora do Planalto Thaís Amaral Moura para depor na comissão, instalada no Senado na última terça-feira, 27. A assessora especial da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Presidência foi apontada como autora de requerimentos apresentados na CPI pelos senadores governistas Ciro Nogueira (Progressistas-PI) e Jorginho Mello (PL-SC).

“O pessoal quer convocar. O Randolfe falou em convocar. É provável, mas os requerimentos de convocação só deverão ser votados depois das audiências”, afirmou Renan ao Estadão, numa referência aos depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. Renan também disse que há intenção de aprovar requerimento para convocar Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência.

É possível encontrar o nome da servidora Thaís Amaral Moura ao acessar as propriedades dos arquivos das solicitações dos senadores. A pasta onde Thaís trabalha é vinculada à Secretaria de Governo, comandada por Flávia Arruda. Jorginho e Ciro integram o Centrão e fazem parte da tropa de choque do governo na CPI da Covid.

Na lista dos requerimentos de Ciro com a autoria identificada como tendo origem no Palácio do Planalto estão a convocação da médica Nise Yamaguchi, conhecida por defender o uso da cloroquina contra o coronavírus, prática não recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma vez que pode acarretar efeitos colaterais adversos. Presidente do Progressistas, Ciro também solicitou a convocação do prefeito de Chapecó (SC), João Rodrigues (PSD), como testemunha.

O presidente Jair Bolsonaro já disse que Rodrigues faz um “trabalho excepcional” porque deu “liberdade” a médicos para a prescrição do “tratamento precoce”, com uso de medicamentos sem eficácia comprovada. “Não sei como salvar vidas, não sou médico. Mas não posso tolher a liberdade do médico”, afirmou Bolsonaro em discurso, há duas semanas.

Jorginho Mello apresentou requerimento que propõe convidar Gilberto Valente Martins, procurador-geral de Justiça no Pará, com o objetivo de ouvi-lo sobre recursos públicos federais repassados para uso no combate ao coronavírus. O pai do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-AL), é o senador Jader Barbalho (MDB-PA), que é suplente da CPI e está na oposição a Bolsonaro.

Na quinta-feira, 29, o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) discutiu com Renan e Randolfe na hora de votar requerimentos na CPI. “Não podemos aprovar requerimentos para tirar o foco da investigação”, argumentou Renan, em debate com aliados do presidente. “O foco da CPI não pode ser aquele dado pelo relator”, retrucou Marcos Rogério.

O comentário provocou reação da oposição. “E também não pode ser o que veio do Palácio do Planalto”, devolveu Randolfe Rodrigues. Após o bate-boca, a sessão foi suspensa por meia-hora.

Um dos autores dos requerimentos que tiveram a digital do Planalto, Ciro afirmou que os pedidos eram, sim, de autoria dos senadores e precisavam ser analisados. “Vamos votar os que foram assinados por senadores. O senhor não vai impedir. Vote contrário”, disse Ciro a Renan, naquela ocasião.

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