20 de abril de 2024 Atualizado 11:07

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Política

CNBB pede que Alesp puna deputado bolsonarista que chamou papa e arcebispo de pedófilos

Fala de Frederico D'Avila aconteceu depois do arcebispo fazer um apelo pelo desarmamento na missa solene no Santuário Nacional

Por Agência Estado

18 de outubro de 2021, às 12h39 • Última atualização em 18 de outubro de 2021, às 13h41

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou, neste domingo uma carta destinada à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em que repudia as falas do deputado estadual Frederico D’Avila (PSL) aos membros da igreja Católica e cobra uma resposta “rápida” da Casa em relação ao episódio.

Durante sessão plenária no último dia 14, o parlamentar chamou o arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, e o papa Francisco de “pedófilos” e “vagabundos”.

Frederico D’Avila – Foto: José Teixeira / Alesp

A fala de D’Avila aconteceu depois de o arcebispo fazer um apelo pelo desarmamento durante a homilia na missa solene no Santuário Nacional no dia da santa padroeira do Brasil. “Para ser Pátria amada não pode ser pátria armada”, disse Dom Orlando em sua reflexão. E completou: “Que seja uma Pátria sem ódio, uma República sem mentira e sem fake news”. Ao final, o arcebispo também reafirmou o pedido por vacina e se mostrou favorável à ciência.

O presidente Jair Bolsonaro esteve no dia 12 no Santuário e assistiu a uma outra missa. No dia seguinte, porém, afirmou que respeitava os bispos brasileiros, mas comparou o porte de armas com a liberdade. “O que acontecia no Brasil é que só os marginais e os bandidos tinham arma de fogo. Não pude aprovar a lei como queria, mas alteramos decretos e portarias para que a arma de fogo seja uma realidade”, disse o presidente.

Apoiador do governo federal, o deputado aproveitou cerca de dois minutos de seu tempo na tribuna para insultar o arcebispo e a CNBB. “(Quero) falar para o arcebispo Dom Orlando Brandes, seu vagabundo, safado da CNBB. Dando recadinho para o presidente, para a população brasileira, que ‘Pátria amada não é Pátria armada’. Pátria armada é a pátria que não se submete a essa gentalha”, disse ele.

“Você, sim, se esconde atrás da sua batina para fazer proselitismo político, para converter as pessoas de bem para a sua ideologia”, continuou o deputado, que ainda xingou o arcebispo e o Papa Francisco de “safados” e “pedófilos”.

Na nota endereçada ao presidente da Alesp, o deputado Carlão Pignatari (PSDB), a CNBB rejeita as “abomináveis agressões” e pede “imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”.

“Defensora e comprometida com o Estado Democrático de Direito, a CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia Casa Legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção à sua gravidade – sinal de compromisso inarredável com a construção de uma sociedade democrática e civilizada”, continua o texto da CNBB.

Por fim, a conferência de bispos pede uma resposta rápida do presidente da Casa Legislativa. “A CNBB aguarda uma resposta rápida de vossa excelência – postura exemplar e inspiradora para todas as Casas Legislativas, instâncias judiciárias e demais segmentos para que a sociedade brasileira não seja sacrificada e nem prisioneira de mentes medíocres”, finaliza o texto.

O presidente da conferência, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, também publicou um vídeo em que registra o seu repúdio pela postura “anticristã” do deputado. “Neste momento, a CNBB está dedicada a fazer com que o parlamentar responda judicialmente por suas lastimáveis declarações”, afirma na gravação.

Em nota à reportagem, o deputado Frederico D’Avila disse que a fala do arcebispo de Aparecida é um “flagrante desrespeito aos que pensam o contrário” e que “visou unicamente atacar o presidente da República e seus eleitores”. Em relação às declarações sobre o papa Francisco, o parlamentar reconheceu que se “excedeu nas palavras, pois o mesmo, além de líder religioso, também é Chefe de Estado.”

Publicidade