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Política

Após fala de Bolsonaro na ONU, Mourão admite alta no desmatamento de 2019 a 2020

Fala vem um dia após o presidente apresentar ao mundo, em discurso na ONU, uma visão distorcida sobre a política ambiental brasileira

Por Agência Estado

22 de setembro de 2021, às 12h22 • Última atualização em 22 de setembro de 2021, às 12h45

“Não pode negar, não tem como. Mas tem havido esforço grande do governo no sentido da gente mitigar esses efeitos”, afirmou - Foto: Romério Cunha - VPR

O vice-presidente Hamilton Mourão reconheceu nesta quarta-feira, 22, que houve alta no desmatamento da Amazônia nos primeiros dois anos do atual governo, apesar de uma suposta diminuição nos últimos três meses, citada sem apresentar dados. A fala vem um dia após o presidente Jair Bolsonaro apresentar ao mundo, em discurso na 76ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), visão distorcida sobre a política ambiental brasileira, criticada internacionalmente e elogiada pelo Planalto.

“A realidade é que, nos último três meses, houve essa tendência bem grande de diminuição do desmatamento, independente o que ocorreu nos dois anos anteriores, que a gente não nega que houve aumento. Não pode negar, não tem como. Mas tem havido esforço grande do governo no sentido da gente mitigar esses efeitos”, afirmou Mourão a jornalistas.

Como mostrou ontem o Estadão/Broadcast Político, a Amazônia perdeu 1.606 km² de vegetação em agosto, alta de 7% na comparação anual, uma realidade totalmente diferente da apresentada por Bolsonaro na ONU. Em seu discurso, o presidente afirmou que a floresta registrou redução de 32% em seus níveis de desmatamento no mês passado.

Mourão evitou avaliar o discurso de Bolsonaro nas Nações Unidas – limitou-se a dizer que o chefe do Executivo “não foi a fundo em questões globais”. “Presidente apresentou dentro da nossa visão, do nosso governo, a situação que o País vive. Acho que ele não foi muito a fundo em questões globais”, declarou o vice-presidente, que preferiu não comentar as citações de Bolsonaro a remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19 em seu pronunciamento.

“O discurso da ONU é uma peça só. Vem sendo dado muito destaque a isso por causa da forma com que nosso governo atua, mas na realidade a imagem do Brasil é um processo contínuo”, minimizou o vice-presidente, sobre os impactos do discurso considerado negacionistas de Bolsonaro no encontro bilateral. Além da defesa de medicamentos ineficazes contra o novo coronavírus e a distorção da realidade da Amazônia, o líder do Planalto ganhou as manchetes da imprensa internacional por criticar o chamado “passaporte da vacina” e por ter sido o único chefe do Estado do G20 a se declarar não imunizado.

Queiroga viajou já contaminado

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira acreditar que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já estava com Covid-19 antes mesmo de embarcar para os Estados Unidos, onde acompanhou a comitiva presidencial na 76ª Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Sem dizer se o presidente Jair Bolsonaro deve cumprir a quarentena de 14 dias recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), devido ao contato com Queiroga, Mourão limitou-se a pregar respeito aos protocolos sanitários.

Queiroga testou positivo para o novo coronavírus na noite de ontem, antes de embarcar de volta para o Brasil. Com isso, o ministro cumprirá isolamento em Nova York. “Já deve ter saído daqui com Covid. Pelo que a gente conhece, em termos de contaminação, leva de cinco a sete dias”, afirmou Mourão a jornalistas em sua chegada ao Palácio do Planalto. “Então, acredito que ele já saiu daqui carregando a contaminação”, seguiu.

A Anvisa já pediu que todos os integrantes da comitiva, incluindo o presidente, permaneçam isolados numa quarentena de 14 dias, mas o governo ainda não confirmou se o chefe do Executivo cumprirá a norma. “Tem que testar, verificar.. Vamos aguardar, tem que seguir os protocolos sanitários. Até porque embarcar em avião, se a pessoa estiver contaminada, é um vetor muito grande”, afirmou Mourão.

Um dia antes de seu teste positivo, ou seja, na segunda-feira, Queiroga se encontrou com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Também ficou ao lado, durante boa parte do tempo, do presidente Jair Bolsonaro e de colegas de Esplanada, como o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Tanto Bolsonaro quanto Heleno são avessos ao uso de máscaras de proteção contra a Covid-19.

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