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Política

Após Bolsonaro sinalizar recuo, Eduardo diz que indicação está mantida

Pela manhã, o presidente sinalizou que poderia desistir da indicação: "não quero submeter o meu filho a um fracasso"

Por Agência Estado

20 de agosto de 2019, às 16h06 • Última atualização em 20 de agosto de 2019, às 17h37

Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil
Pela manhã, o presidente sinalizou que poderia desistir da indicação caso o governo não tenha votos suficientes

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou na tarde desta terça-feira, 20, que sua indicação à embaixada do Brasil em Washington está mantida. As declarações foram dadas após o presidente Jair Bolsonaro admitir a possibilidade de desistir da indicação do filho caso sinta que o Senado possa rejeitar o pedido.

“Estão dando o enfoque, tentando dar contorno de que o presidente poderia estar voltando atrás. Não tive nenhuma conversa dessa com ele. (Minha indicação) Está mantida. Estamos seguindo adiante”, afirmou o parlamentar no Plenário da Câmara.

Pela manhã, o presidente sinalizou que poderia desistir da indicação caso o governo não tenha votos suficientes para garantir a aprovação do nome do filho. Na segunda-feira, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que 29 senadores resistem à indicação de Eduardo Bolsonaro.

“Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Eu acho que ele tem competência. Mas tudo pode acontecer”, disse o presidente ao ser questionado sobre as dificuldades que a indicação enfrenta no Senado.

De acordo com levantamento do Estado, dos 81 senadores, 29 responderam que pretendem votar contra o nome do “filho 03” do presidente, ante 15 que disseram ser a favor. Outros não quiseram responder (29) ou se colocaram como indecisos (7).

Indagado sobre levantamentos informais que mostram que Eduardo estaria a sete votos para a aprovação no plenário do Senado, Bolsonaro respondeu que o número representa “voto para caramba”. A indicação do parlamentar criou uma “guerra de pareceres” no Senado. Após a divulgação de um documento elaborado pela consultoria legislativa da Casa que aponta nepotismo na possível nomeação, outro parecer, também de consultores, afirma o contrário.

Sobre o parecer contrário, Bolsonaro disse que as consultorias agem de acordo com o interesse do parlamentar. “Tem um viés político dessa questão. O que vale para mim é a súmula do Supremo (Tribunal Federal) que diz que não é nepotismo”, afirmou o presidente. Ele ponderou que, “se o Senado quiser rejeitar o nome de Eduardo, é direito dele”.

Vice-líder defende que governo encaminhe logo a indicação

O vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR), provável relator da indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada brasileira em Washington, defendeu que o presidente Jair Bolsonaro encaminhe logo o nome do filho aos senadores.

“Não vejo (chance de não ser aprovado), por isso que eu insisto na tese de que, quanto mais rápido chegar o nome ao Senado, mais fácil para nós conversarmos com os senadores e mostrarmos na verdade que essa indicação é aquela apropriada para o momento atual”, disse Rodrigues após uma reunião com as bancadas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste na residência oficial do Senado.

Senado manda recado, avalia cientista político

A declaração dada nesta terça-feira, 20, pelo presidente Jair Bolsonaro, de que não pretende submeter seu filho Eduardo ao fracasso, numa referência ao processo de indicação de seu nome para ocupar a embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, é um reflexo da resistência de parte do Senado Federal à vontade pessoal do mandatário em alçar seu filho a um dos postos mais cobiçados do Itamaraty. “Ao resistir ao nome de Eduardo, o Senado manda um recado a Bolsonaro de que não será um mero carimbador das vontades do presidente da República”, avalia o cientista político, professor e pesquisador da FGV Marco Antônio Carvalho Teixeira.

Em entrevista ao Broadcast Político, Carvalho Teixeira destaca que além da questão “um tanto folclórica e inusitada” de Bolsonaro indicar o próprio filho para a embaixada nos Estados Unidos, que pode ter pesado na atual resistência de parte dos senadores, as recentes declarações grosseiras e verborrágicas do mandatário com a questão externa – críticas à possibilidade do kirchnerismo voltar ao poder na Argentina e à suspensão de repasses da Alemanha e Noruega ao Fundo Amazônia – também acenderam o sinal amarelo. “Não se pode lidar com esse padrão beligerante nas questões externas, tanto que a palavra chave para isso é diplomacia, que se fia na arte da negociação”, emenda.

Carvalho Teixeira acredita que a soma desses fatores, aliado ao fato da divulgação pela imprensa do suposto acerto feito entre Bolsonaro e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a indicação de dois nomes para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), também contribuíram para aumentar as resistências ao nome de Eduardo Bolsonaro.

Segundo o professor da FGV, caso a resistência se confirme e o nome de Eduardo não passe pela Casa, ou nem seja indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, isso evidenciará a postura frágil do mandatário, que não conseguirá jogar a favor de seus próprios interesses. “Será um nocaute para o próprio governo e para Bolsonaro. E se confirmar, creio que ele não terá forças para cumprir o que havia prometido (e depois voltou atrás) de indicar Eduardo para ser o novo chanceler, no lugar de Ernesto Araújo no Itamaraty.”

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