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Política

A herança de Carlos Lacerda sob o olhar da ‘Nova Direita’

Por Agência Estado

31 de agosto de 2019, às 08h12 • Última atualização em 31 de agosto de 2019, às 08h29

“A história é contada pelos vencedores”, disse o escritor George Orwell, num artigo publicado em 1944 na revista britânica Tribune. Embora contestada por muitos historiadores, a frase de Orwell ajuda a entender, em boa medida, o papel reservado ao político, jornalista e escritor Carlos Lacerda, na narrativa histórica predominante no País.

Anticomunista inflamado e opositor implacável do populismo autoritário de Getúlio Vargas, bem como de seus herdeiros e aliados políticos, que dominavam a cena entre 1945 e 1964, Lacerda costuma ser mostrado como o vilão da história.

Chamado de “corvo”, “reacionário” e “fascista” por seus inimigos, que colecionou em profusão, e considerado por boa parte dos historiadores como pivô da crise que acabaria levando Getúlio ao suicídio, em 1954, ele ainda carrega o estigma de “golpista”, por ter apoiado o movimento de 1964, do qual logo se afastou e que acabou por bani-lo da vida pública.

Líder aguerrido da extinta UDN (União Democrática Nacional), que estava à frente da oposição ao varguismo, e jornalista ferino, autor de artigos corrosivos na Tribuna da Imprensa, que ele criou em 1949, Lacerda é visto até hoje pelas esquerdas como um personagem maldito. Mesmo após a sua morte, em 1977, aos 63 anos, seu legado foi praticamente ignorado não só pelas mais altas patentes do regime militar como também pelas forças que prevaleceram na Nova República.

Agora, um novo livro, intitulado Lacerda, a Virtude da Polêmica e lançado nesta semana, pretende mostrar o outro lado da história. Escrito pelo jovem jornalista Lucas Berlanza, de 27 anos, presidente do Instituto Liberal e também autor do Guia Bibliográfico da Nova Direita (Ed. Resistência Cultural, 256 págs.), o livro se propõe a ser uma introdução ao pensamento político de Lacerda, considerado por ele “injustiçado” pela narrativa dominante no meio político e acadêmico.

Social-liberalismo

 

Segundo Berlanza, o pragmatismo de Lacerda o levava a fugir de generalizações teóricas e a rejeitar os rótulos “direita”, “liberal” e “conservador”, hoje alvo de discórdia permanente entre militantes nas redes sociais. Ele dizia, de acordo com o autor, que o mundo não se podia dividir entre as ideias de Adam Smith, no século XVIII, e Karl Marx, no século XIX.

Mesmo com sua rejeição às esquerdas e ao comunismo, defendia um liberalismo com preocupação social, que parecia mais próximo do social-liberalismo do filósofo José Guilherme Merquior (1941-1991) que do liberalismo radical abraçado pelo economista Roberto Campos (1917-2001) nas últimas décadas de vida.

Expoente maior da oposição ao varguismo e às esquerdas, Lacerda se foi há 42 anos sem realizar o sonho de se tornar presidente do Brasil – cargo que pretendia disputar nas eleições de 1965, canceladas pelos militares. Também não conseguiu ver seu pensamento político ganhar força para moldar o destino do País. Talvez sua redescoberta agora possa ser um passo nesta direção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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