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Brasil e Mundo

Israel planeja resposta ‘surpresa’ e ‘precisa’ contra Irã; CS da ONU se reúne

Por Agência Estado

02 de outubro de 2024, às 10h47

Israel está planejando uma resposta ao ataque lançado pelo Irã contra o território israelense. Segundo as autoridades israelenses, a resposta irá comprovar as capacidades de “surpresa” e “precisão” de Israel.

Na terça-feira, 1º, o Irã disparou 181 mísseis balísticos contra Israel. Projéteis cruzaram os céus de cidades importantes, como Tel Aviv e Jerusalém. Boa parte do ataque foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel.
Após o ataque, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, classificou a ação iraniana como um “grande erro” e afirmou que o Irã irá “pagar” pelo ataque.

No dia seguinte ao lançamento dos mísseis, o Irã afirmou que o ataque era uma retaliação pelas mortes do líder político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado por uma bomba plantada possivelmente pela inteligência de Israel no quarto de hóspedes de uma base militar em Teerã, e de Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah, a milícia xiita radical do Líbano apoiada e financiada pelos iranianos.

Teerã disse que considera sua resposta “encerrada”, mas prometeu “atacar novamente se Israel promover qualquer ação de resposta”.

O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Tenente-General Herzi Halevi, disse na terça-feira que as Forças de Defesa de Israel (FDI) responderiam com “capacidades ofensivas precisas e surpreendentes” o ataque iraniano.

“Demonstramos nossa capacidade de impedir que o inimigo alcance sucesso, através da combinação de um comportamento civil exemplar e um sistema de defesa aérea muito forte”, disse Halevi ao concluir uma avaliação da situação.

“Escolheremos quando cobrar o preço e exibir nossas capacidades ofensivas precisas e surpreendentes, de acordo com a orientação do gabinete político”, continuou.

O porta-voz das FDI, Contra-Almirante Daniel Hagari, afirmou em um briefing com a mídia estrangeira que, “decidiremos a maneira da resposta – quando, onde e como.”

Netanyahu advertiu Teerã após o ataque de que “cometeu um grande erro e pagará por isso”. O premiê também disse no início de uma reunião do Gabinete de Segurança realizada em um bunker seguro em Jerusalém que o ataque a Israel “fracassou” e foi “impedido graças ao sistema de defesa aérea de Israel, que é o mais avançado do mundo”.

“O regime no Irã não compreende nossa determinação de nos defendermos e nossa determinação de retaliar contra nossos inimigos. Eles entenderão. Manteremos a regra que estabelecemos: quem nos ataca, nós o atacaremos”, continuou Netanyahu.

Netanyahu também agradeceu aos Estados Unidos por ajudarem a interceptar os mísseis disparados do solo iraniano. A Kan News relatou que a França, Jordânia e outros países também trabalharam para derrubar os mísseis como parte de uma coalizão de defesa regional.

Em contrapartida, o governo do Irã garantiu que qualquer contra-ataque de Israel resultaria em uma resposta “subsequente e esmagadora”, além de uma “grande destruição” para infraestruturas israelenses.

Ataques do Irã

Irã atacou diretamente Israel pela primeira vez em abril deste ano. À época, o país lançou mísseis e drones contra o território israelense em resposta a um bombardeio que atingiu a embaixada do Irã em Damasco, na Síria, e matou oficiais sêniores da Guarda Revolucionária do Irã, braço das Forças Armadas iranianas que atua em países aliados para formar combatentes e apoiar grupos terroristas.

Dias depois, como resposta, bombardeios atingiram uma região do Irã com instalações nucleares. Embora Israel não tenha assumido a autoria, autoridades americanas confirmaram que a ação era uma resposta israelense.

Uma operação do tipo contra o território israelense era aguardada desde o fim de julho, quando Ismail Haniyeh, então chefe do Hamas, foi assassinado na capital do Irã, Teerã.

O Irã responsabilizou Israel pela morte de Haniyeh e disse que a operação representava uma violação da soberania do país.

Nos últimos dias, o Irã voltou a prometer uma resposta à Israel pelas mortes de Hassan Nasrallah, chefe da milícia xiita radical libanesa Hezbollah, e Abbas Nilforoushan, membro da cúpula da Guarda Revolucionária do Irã. Ambos foram mortos em bombardeios israelenses em Beirute, no Líbano.

Depois de semanas de promessas, a ação militar do Irã veio. A maior parte foi direcionada a Tel Aviv e foi interceptada pela defesa israelense.

Na noite de terça em Israel (13h30 no Brasil), 1º, Teerã disparou 181 mísseis balísticos contra alvos em Israel. A ação foi menor do que o ataque de abril, o primeiro direto do Irã contra Israel, quando 330 projéteis foram lançados contra Israel, em um total de 120 mísseis balísticos, 30 mísseis de cruzeiro, além de 180 drones.

Diante do ataque, os militares israelenses emitiram uma ordem para que a população procurasse por abrigos e bunkers. Sirenes de aviso tocaram por todo o país. O espaço aéreo também foi fechado.

Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva foi lançada. A agência de notícias estatal iraniana afirmou que alguns artefatos atingiram locais controlados por Israel no território palestino da Cisjordânia.

Segundo as Forças Armadas de Israel, apenas mísseis balísticos foram usados pelos iranianos desta vez. Mísseis balísticos como o Shahab-3, o principal do arsenal de Teerã, fazem uma parábola rumo ao alvo: ele saem da atmosfera da Terra, e entram novamente. Nesta reentrada, podem atingir velocidades hipersônicas, próxima dos 18 mil km/h.

Considerando o modelo básico usado pelos iranianos, que leva uma ogiva com 1 tonelada em média de explosivos, o ataque teve grande potencial destrutivo. Numa conta feita pelos militares israelenses, 100 kg de TNT são necessários para pôr abaixo um prédio de 16 andares.

Israel não dá números, mas disse ter abatido a maior parte dos mísseis, que também foram interceptados por três navios de guerra americanos no Mar Vermelho e pela defesa antiaérea da Jordânia. A França disse ter participado da ação, sem detalhar como.

Vídeos divulgados nas redes sociais levantam dúvidas sobre a capacidade de defesa de Israel contra estes mísseis balísticos. Um desses vídeos mostra dezenas de mísseis lançados contra uma das principais bases aéreas de Israel, em Nevatim, no deserto de Negev.

No local está a frota de 39 caças americanos F-35 operados por Israel. A mídia iraniana diz que até 20 dos caças teria sido atingidos, o que não pode ser verificado.

Conselho de Segurança da ONU

O Conselho de Segurança (CS) da ONU se reúne nesta quarta-feira, 2, para discutir a crise no Oriente Médio. O Conselho de Segurança é composto por 15 membros: 5 permanentes, que tem poder de veto, e 10 não-permanentes. Os membros permanentes são Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China. O Conselho pode decidir por sanções e intervenções internacionais.

Vários países, como Estados Unidos, Reino Unido e França, condenaram o ataque do Irã contra Israel. A comunidade internacional voltou a pedir por uma desescalada no conflito no Oriente Médio.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã apelou ao Conselho de Segurança da ONU para que tome “ações significativas” para evitar ameaças contra a paz e a segurança regionais. A reunião do órgão está marcada para as 11h, pelo horário de Brasília.

A Rússia, que se aproximou do Irã na última década e é um dos principais compradores de armas do país, não endossou publicamente o ataque a Israel, apesar da parceria estreita entre Moscou e Teerã. “Pedimos a todas as partes que exerçam moderação”, disse Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, aos repórteres na quarta-feira. “E, claro, condenamos quaisquer ações que levem à perda de vidas civis”.

Peskov foi ambíguo quando perguntado se a Rússia apoiaria o Irã em uma guerra em grande escala. Embora o Irã tenha sido uma fonte chave de armas e comércio para a Rússia durante sua invasão da Ucrânia, a Rússia também mantém laços com Israel, lar de mais de um milhão de falantes de russo. “Temos nossos contatos com todos os lados neste conflito”, disse Peskov. “Continuamos a realizar esses contatos e pedimos moderação por todas as partes”.

A França “mobilizou seus recursos militares” no Oriente Médio para ajudar Israel a contrapor o ataque de mísseis do Irã, disse a presidência francesa em um comunicado, sem fornecer detalhes sobre a natureza dessa assistência. (Com agências internacionais).

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