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Argentina

Fernández escolhe jovem heterodoxo para chefiar economia

Presidente eleito apresentou seu gabinete que traz Martín Guzmán, um jovem acadêmico heterodoxo, como ministro da Economia

Por Agência Estado

07 de dezembro de 2019, às 07h14 • Última atualização em 07 de dezembro de 2019, às 08h18

O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, apresentou ontem seu gabinete, que inclui Martín Guzmán, um jovem acadêmico heterodoxo, como ministro da Economia. Guzmán, de 37 anos, propõe a reestruturação da dívida de cerca de US$ 100 bilhões com credores internacionais e com o FMI.

Colaborador nos EUA do prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, Guzmán defende uma abordagem econômica heterodoxa – em contraposição à ortodoxia, ligada às políticas liberais e de austeridade. Uma das ideias do novo ministro é adiar por dois anos o pagamento de juros da dívida soberana, mediante acordo com credores. Diretor de um programa de reestruturação de dívida e pesquisador da Universidade Columbia, o jovem é também professor da Universidade de Buenos Aires.

A escolha pode definir o rumo da terceira maior economia da América Latina nos próximos quatro anos, com impacto na vida de produtores de grãos, investidores e credores envolvidos em conversas com a Argentina sobre a dívida soberana – em meio a temores de calote.

A Argentina é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. O mercado financeiro e o peso argentino estão sob pressão desde que Fernández obteve uma expressiva vitória nas eleições primárias, em agosto, um resultado surpreendente que indicou que os dias de Mauricio Macri à frente da Casa Rosada estavam contados.

Guzmán, que tem doutorado pela Brown University e graduação na Universidade Nacional de La Plata, é membro da Força-Tarefa do Novo Pensamento Econômico sobre Eficiência e Estabilidade Macroeconômica, presidido por Stiglitz. Ambos foram críticos das medidas de austeridade fiscal contidas no acordo de financiamento de US$ 57 bilhões acertado por Macri com o FMI.

O novo ministro também era crítico da política econômica de Macri e acredita na necessidade de “corrigir os desequilíbrios macroeconômicos” da Argentina – visão parecida com a de Fernández, que defende ser fundamental “crescer antes para pagar a dívida depois”. Guzmán até mesmo já usou a mesma frase do ex-presidente Néstor Kirchner, que dizia que “os mortos não pagam”.

Gabinete

A equipe de Fernández, que assumirá a presidência na terça-feira, terá como chefe de gabinete Santiago Cafiero, seu braço direito. Ele é licenciado em ciências políticas, tem 40 anos e é neto do histórico dirigente Antonio Cafiero e filho de Juan Pablo, ex-embaixador de Cristina Kirchner no Vaticano.

Para o Ministério da Produção, o presidente escolheu Matías Kulfas, professor universitário de 47 anos e uma das referências em economia para Fernández. Com experiência em gestão, seu trabalho tem como base programas de apoio financeiro para as pequenas e médias empresas.

O deputado peronista Felipe Solá, engenheiro agrônomo de longa trajetória política, será o chanceler. Fernández se referiu a ele como “meu amigo de quase toda a vida”. O presidente eleito disse que o escolheu para expressar a posição de seu governo com “lógica política”, em vez de “lógica diplomática”, e com a missão de ser o responsável pelo comércio exterior.

O nome de Solá já havia sido anunciado na quinta-feira por Fernández durante uma reunião com deputados brasileiros em Buenos Aires. Na ocasião, ele também anunciou que o ex-vice-presidente argentino Daniel Scioli será o novo embaixador do país em Brasília. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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