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Covid-19

Emigrantes da região que moram no Reino Unido se frustram com novo lockdown

Primeiro país a começar vacinação contra a doença no mundo registrou nova cepa do vírus e entra no 3º lockdown desde o início da pandemia

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07 de janeiro de 2021, às 08h03 • Última atualização em 08 de janeiro de 2021, às 15h26

Muitas pessoas que emigraram da RPT (Região do Polo Têxtil) para o Reino Unido enfrentam dificuldades impostas pelo novo lockdown anunciado pelo governo britânico no início dessa semana, por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Ouvidos pelo LIBERAL, brasileiros que moram em Londres relatam frustração com a terceira quarentena desde o início da pandemia, ainda mais rígida que as anteriores e no meio do inverno europeu, já que tinham expectativas altas com o início da campanha de vacinação em massa no início de dezembro, que foi pioneira em todo o mundo.

O surgimento de uma nova cepa do vírus, no entanto, mudou o cenário de otimismo. O aumento do número de contágios, e de mortes, fez com que as pessoas voltassem a ser proibidas de sair de casa, a não ser por motivos especiais, como ir ao mercado, por exemplo. Além disso, escolas e comércio não essencial ficarão fechados até metade de fevereiro, no mínimo.

Segundo dados do Itamaraty, cerca de 200 mil brasileiros vivem no Reino Unido, sendo essa a maior comunidade latino-americana residente no país europeu.

Frustração
Fábio da Silva Carvalho, 38 anos, é originário do Parque da Liberdade, em Americana, e hoje mora no distrito de Brent, em Londres, com a esposa Maristella Miranda dos Santos Carvalho, 36 anos, que é natural de Natal, no Rio Grande do Norte.

Maristella e Fábio com os dois filhos na Inglaterra – Foto: Arquivo pessoal

Ele trabalha na área da construção civil e mora no Reino Unido desde 2004. A pandemia trouxe novos desafios para a família, que é composta também por duas crianças, sendo que uma delas tem necessidades especiais.

“Nós não paramos no meu trabalho, mas o pior é a incerteza econômica. Está tudo fechado, algumas lojas faliram e as crianças estão em casa sem poder viajar. Ano passado tivemos três viagens canceladas, que já estavam pagas. Eu não consegui um ressarcimento completo”, reclama.

Maristella, esposa de Fábio, está desempregada no momento e estuda artes em educação na Universidade Metropolitana de Londres. Ela conta que o principal obstáculo tem sido um lockdown ainda mais restrito e no meio do inverno.

“Eu sou mãe de dois, tenho um filho com necessidades especiais. Acredite, é um desafio, especialmente por estarmos no inverno. Durante o lockdown de março nós pelo menos podíamos ter uma piscina no quintal e tínhamos sol. Agora isso se torna menos viável”, explica.

O barbarense Nelson Rodrigues Junior, de 38 anos, trabalha como entregador e mora no distrito de Lewisham, também localizado na capital britânica. Ele morava no Jardim Gerivá e resolveu sair do Brasil há cerca de um ano e meio.

Para ele, a pandemia teve poucos efeitos práticos na rotina. No entanto, mesmo assim, ele percebeu o receio que seus clientes têm ao recebê-lo em suas residências.

“Para mim, que trabalho com delivery de comida, não tem mudado muito. Mas percebo o medo das pessoas ao me receber em suas casas. Algumas nem abrem a porta e pedem para eu colocar no chão o pacote de entrega. A cada lockdown as pessoas ficam com mais medo”, lamenta.

Mesmo com os desafios impostos pelo lockdown anunciado no início desse mês no país, todos os entrevistados são enfáticos em dizer que não pretendem voltar ao Brasil, exceto para visitar amigos e familiares ou como turistas.

Nova cepa
Apesar da animação com o começo da vacinação no território britânico, que teve início no dia 8 de dezembro, a nova variante do vírus, chamada B.1.1.7, deixou a população e o governo apreensivos. Ela não é a primeira mutação da doença que foi detectada, mas é mais contagiosa que as anteriores.

A descoberta da nova cepa foi anunciada em 14 de dezembro de 2020 pelo secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, combinando dados genéticos com o fato de que as taxas de infecção no condado de Kent não estavam caindo, apesar das restrições nacionais.

Os dois primeiros genomas que pertencem à linhagem B.1.1.7 foram coletados em 20 de setembro em Kent e outro em 21 de setembro de 2020 na Grande Londres, mas a mutação passou ser aparente na população em geral em dezembro, quando taxas de contágio mais altas foram confirmadas.

Desde então, o governo do Reino Unido decretou novas medidas de quarentena e vários países fecharam suas fronteiras aéreas e marítimas com o território britânico para evitar que a mutação se espalhasse também para outros regiões do planeta. No início de 2021, no entanto, a mutação já havia se espalhado para mais de 20 países, incluindo o Brasil.

Segundo a OMS, a nova cepa já representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados no país, além de ser entre 50% e 74% mais contagiosa que a versão “original” do vírus, de acordo com um estudo da Escola de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres.

Essa mutação pode ser um dos responsáveis pelo aumento do números de casos e mortes por Covid-19 no país europeu, que parecia controlada até poucos meses atrás, dispararam para muito além das previsões.

De acordo com dados divulgados pelo governo britânico, nas últimas 24 horas, o Reino Unido registrou 62.322 casos novos e 1.041 mortes relacionadas à doença. O número para cada 100 mil habitantes foi de 550,5 casos novos por dia no país.

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